Quinta, 5 de março de 2015
Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil
A
decisão do presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da
Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB), de criar quatro sub-relatorias e
indicar o comando de cada uma gerou reclamações e bate-boca entre os
integrantes do colegiado.
Motta começou a reunião – destinada à
eleição dos vice-presidentes da comissão, votação de requerimentos e
apresentação do roteiro de trabalho pelo relator – anunciando a medida e
uma chapa com os nomes de candidatos às três vice-presidências.
Partidos
de oposição e da base aliada reclamaram por não terem sido consultados
sobre a decisaõ. Eles já haviam questionado a condução da eleição de
vice-presentes e acusaram Motta de não ter escutado todos os partidos
integrantes da comissão. “Todos os partidos deveriam ter sido
consultados. Eu entendo que esse processo não pode ser feito a partir de
acordos de coxia. Não podemos aceitar isso, não é regimental, não foi
feito o acordo [com todos os partidos] e não conheço a posição do
relator,” ponderou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).
Ivan
Valente teve o apoio dos deputados Júlio Delgado (PSB-MG), Rubens Bueno
(PPS-PR), Afonso Florence (PT-BA), Maria do Rosário (PT-RS) e do
deputado José Rocha (PR-BA).
“Eu gostaria de ouvir o relator
sobre o debate e a oportunidade ou não de se criar sub-relatorias. Pela
tradição quem indica a criação de sub-relatorias e o coordenador [de
cada uma delas] é o próprio relator”, argumentou Maria do Rosário. A
deputada reclamou que o presidente não havia divulgado quais seriam as
sub-relatorias e pediu que Motta deixasse que o relator apresentasse
primeiro o plano de trabalho e, posteriormente, expusesse sua decisão.
“Informo
que se não há previsão no Regimento [Interno] de criação de
sub-relatorias por parte do presidente [da comissão], também não há nada
que diga o contrário”, rebateu Motta.
O vice-líder do PT, Afonso
Florence, chegou a pedir ao presidente da CPI que seja feito um acordo
entre os partidos, com base na proporcionalidade partidária, para a
ocupação das quatro sub-relatorias. Na avaliação dele, primeiro deveria
haver a apresentação do plano de trabalho pelo relator da CPI, Luiz
Sérgio (PT-RJ). “O relator deve apresentar primeiro o plano de trabalho e
ele deve ser consultado, e que os partidos compartilhem do esforço pela
definição dos nomes que serão apresentados como sub-relatores”
contra-argumentou.
Motta e o deputado Edmilson Rodrigues
(PSOL-PA) chegaram a trocar ofensas. Ao anunciar a decisão de manter a
criação das sub-relatorias, Rodrigues chamou o presidente de "coronel"
e, com o dedo em riste, chegou a chamar Motta de "moleque" algumas
vezes. Também exaltado, o presidente da CPI rebateu: "Não serei fantoche
para me submeter. Não tenho medo de grito”.
Mesmo com a
ponderação dos outros partidos, Motta disse que vai manter a decisão e
indicar por conta própria os sub-relatores. O anúncio causou tumulto e
bate-boca entre os parlamentares e o presidente que se levantaram para
cobrar coerência da decisão, chegando a paralisar os trabalhos da CPI.
"Não vou abrir mão das minhas prerrogativas como presidente", retrucou
Motta.
Antes do bate-boca, a CPI elegeu Antonio Imbassahy
(PSDB-BA) primeiro vice-presidente. Félix Mendonça (PDT-BA) foi
escolhido segundo vice-presidente e o deputado Kaio Maniçoba (PHS-PE),
terceiro vice-presidente.