Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 8 de março de 2015

De volta ao passado; Invasão de blog passou despercebida

Sábado, 7 de março de 2015 

Do blog baiano Por Escrito
Por Luís Augusto Gomes
O Brasil é um país que consagra na sua Constituição a liberdade de expressão, mas nós, jornalistas que militamos na imprensa desde muito antes de sua promulgação, sabemos que o que havia, mesmo depois de abolida a censura do regime militar, era a liberdade de expressão dos donos dos meios de comunicação. Nós, empregados de jornais e emissoras de rádio e televisão, podíamos dizer o que quiséssemos, até o momento em que nossas opiniões e informações colidissem com os interesses dos patrões – interesses políticos, que os têm em demasia, e interesses comerciais, para preservar o livre aporte de verbas públicas e privadas. Por exemplo, este editor iniciou sua carreira em 1º de setembro de 1973, na Tribuna da Bahia, e ao longo dos anos, nesse e em outros jornais onde trabalhou, acostumou-se a ouvir de superiores, quando eventualmente tinha a publicação de um texto vetada em razão de seu conteúdo: “Quer dar sua opinião? Compre um jornal e escreva”. A internet veio dar aos jornalistas – e às pessoas de modo geral – o direito de dizer sem restrição o que pensam e levar sua mensagem praticamente a custo zero a qualquer parte do mundo. E Por Escrito nasceu, com essa intenção, em 25 de abril de 2009, cumprindo com retidão incontestável um ideal profissional de vida. Entretanto, o ataque de hackers que sofremos duas vezes desde 19 de fevereiro, e que nos deixou sem condições de fazer postagens nos últimos nove dias, é um atentado contra a liberdade de expressão, um crime político que simboliza o risco que correm todos os veículos de comunicação do meio digital. Daí o título do presente artigo, mas com duplo sentido. “De volta ao passado” define a tristeza que nos atinge ao ver que, no Brasil, não estamos livres dos que têm ojeriza ao debate e à livre circulação de ideias. Mas reflete também nossa obstinação de continuar o trabalho brutalmente interrompido, inclusive publicando textos que já estavam prontos e fazendo referências a assuntos transcorridos no período de ausência. Pouca importância teria um blog ou site se fosse apenas uma ação entre amigos, de alcance limitado, seja em quantidade ou em qualidade da audiência. Por isso, de algum modo, é também motivo de orgulho essa sabotagem, apesar da perda de leitores que a interrupção necessariamente acarreta: estamos incomodando, e pretendemos descobrir a quem.
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Leia também a postagem "Invasão de blog passou despercebida", clicando no link abaixo.

Do Blog Por Escrito
Data: 07/03/2015
Por Escrito estará à disposição de toda a imprensa baiana e brasileira para, modestamente, defendê-la em momentos de risco à sua autonomia informativa e opinativa. Neste longo calvário que atravessamos, com a página principal congelada e a impossibilidade de emissão de matérias, carecemos de mero registro dos órgãos de comunicação sediados em Salvador, apesar de sermos um veículo reconhecido, quando nada, pelo fato de termos vencido cinco vezes o prêmio de cobertura da Assembleia Legislativa. A pedido, tivemos nota publicada na coluna Tempo Presente, de A Tarde, escrita pelo jornalista Levi Vasconcelos, a quem invocamos também por sua condição de presidente do Comitê de Imprensa da Assembleia, e no site Bahia Já, por deferência do jornalista Tasso Franco. Apelamos ao jornalista Luís Guilherme Pontes Tavares, diretor de Cultura da Associação Bahiana de Imprensa, que transmitiu o fato ao presidente da entidade, Antonio Walter Pinheiro, e ao vice-presidente, Ernesto Marques, e o abordará na reunião da diretoria da ABI quarta-feira próxima. A notícia da invasão do blog foi levada também à presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia, Marjorie Moura, no dia 4, através do e-mail secretaria@sinjorba.org.br, embora até agora não tenhamos tido resposta, assim como infrutíferos foram contatos telefônicos tentados com a dirigente sindical. Informamos ainda que no dia 27, sexta-feira, às 10h30, procuramos a unidade da Polícia Civil chamada Grupo Especializado de Repressão aos Crimes por Meio Eletrônico, no Vale dos Barris, que encontramos fechada. Na oportunidade, telefonamos ao líder do governo, deputado Zé Neto, para dar-lhe ciência do fato e pedir que o comunicasse ao secretário da Segurança Pública e ao governador do Estado. É nossa pretensão voltar a uma unidade policial para prestar queixa da invasão cibernética e assim dar seguimento ao processo investigatório.