Do blog baiano Por Escrito
Por Luís Augusto Gomes
O Brasil é um país
que consagra na sua Constituição a liberdade de expressão, mas nós, jornalistas
que militamos na imprensa desde muito antes de sua promulgação, sabemos que o
que havia, mesmo depois de abolida a censura do regime militar, era a liberdade
de expressão dos donos dos meios de comunicação. Nós, empregados de jornais e
emissoras de rádio e televisão, podíamos dizer o que quiséssemos, até o momento
em que nossas opiniões e informações colidissem com os interesses dos patrões –
interesses políticos, que os têm em demasia, e interesses comerciais, para
preservar o livre aporte de verbas públicas e privadas. Por exemplo, este
editor iniciou sua carreira em 1º de setembro de 1973, na Tribuna da Bahia, e
ao longo dos anos, nesse e em outros jornais onde trabalhou, acostumou-se a
ouvir de superiores, quando eventualmente tinha a publicação de um texto vetada
em razão de seu conteúdo: “Quer dar sua opinião? Compre um jornal e escreva”. A
internet veio dar aos jornalistas – e às pessoas de modo geral – o direito de
dizer sem restrição o que pensam e levar sua mensagem praticamente a custo zero
a qualquer parte do mundo. E Por Escrito nasceu, com essa intenção, em 25 de
abril de 2009, cumprindo com retidão incontestável um ideal profissional de
vida. Entretanto, o ataque de hackers que sofremos duas vezes desde 19 de
fevereiro, e que nos deixou sem condições de fazer postagens nos últimos nove
dias, é um atentado contra a liberdade de expressão, um crime político que
simboliza o risco que correm todos os veículos de comunicação do meio digital.
Daí o título do presente artigo, mas com duplo sentido. “De volta ao passado”
define a tristeza que nos atinge ao ver que, no Brasil, não estamos livres dos
que têm ojeriza ao debate e à livre circulação de ideias. Mas reflete também
nossa obstinação de continuar o trabalho brutalmente interrompido, inclusive
publicando textos que já estavam prontos e fazendo referências a assuntos
transcorridos no período de ausência. Pouca importância teria um blog ou site
se fosse apenas uma ação entre amigos, de alcance limitado, seja em quantidade
ou em qualidade da audiência. Por isso, de algum modo, é também motivo de
orgulho essa sabotagem, apesar da perda de leitores que a interrupção
necessariamente acarreta: estamos incomodando, e pretendemos descobrir a quem.
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Leia também a postagem "Invasão de blog passou despercebida", clicando no link abaixo.
Do Blog Por Escrito
Data:
07/03/2015
Por Escrito
estará à disposição de toda a imprensa baiana e
brasileira para, modestamente, defendê-la em momentos de risco à sua
autonomia informativa e opinativa.
Neste longo calvário que atravessamos, com a página principal congelada e
a impossibilidade de emissão de matérias, carecemos de mero registro
dos órgãos de comunicação sediados em Salvador, apesar de sermos um
veículo reconhecido, quando nada, pelo fato de termos vencido cinco
vezes o prêmio de cobertura da Assembleia Legislativa.
A pedido, tivemos nota publicada na coluna Tempo Presente, de A Tarde,
escrita pelo jornalista Levi Vasconcelos, a quem invocamos também por
sua condição de presidente do Comitê de Imprensa da Assembleia, e no
site Bahia Já, por deferência do jornalista Tasso Franco.
Apelamos ao jornalista Luís Guilherme Pontes Tavares, diretor de Cultura
da Associação Bahiana de Imprensa, que transmitiu o fato ao presidente
da entidade, Antonio Walter Pinheiro, e ao vice-presidente, Ernesto
Marques, e o abordará na reunião da diretoria da ABI quarta-feira
próxima.
A notícia da invasão do blog foi levada também à presidente do Sindicato
dos Jornalistas Profissionais da Bahia, Marjorie Moura, no dia 4,
através do e-mail secretaria@sinjorba.org.br, embora até agora não
tenhamos tido resposta, assim como infrutíferos foram contatos
telefônicos tentados com a dirigente sindical.
Informamos ainda que no dia 27, sexta-feira, às 10h30, procuramos a
unidade da Polícia Civil chamada Grupo Especializado de Repressão aos
Crimes por Meio Eletrônico, no Vale dos Barris, que encontramos fechada.
Na oportunidade, telefonamos ao líder do governo, deputado Zé Neto, para
dar-lhe ciência do fato e pedir que o comunicasse ao secretário da
Segurança Pública e ao governador do Estado. É nossa pretensão voltar a
uma unidade policial para prestar queixa da invasão cibernética e assim
dar seguimento ao processo investigatório.