Sábado, 14 de março de 2015
Da Tribuna da Internet
Roberto Nascimento
Discordo frontalmente das afirmações de alguns comentaristas, que
manifestaram opinião de que a Petrobras nunca deveria ter sido criada.
Sabe-se que a Petrobras, desde sua criação, foi duramente combatida por
agentes internos e externos, pois significava uma expectativa de
autossuficiência em petróleo, importantíssima para a entrada do país na
era industrial.
Na época, em 1953, o empresariado privado brasileiro não tinha – e
até hoje não tem – condições de investimento para prospectar, extrair,
refinar e distribuir, atividades que exigem elevadíssimos investimentos e
demandam muito tempo muito tempo para o retorno do capital aplicado.
CORRUPÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO
Corrupção sempre teve no Brasil e no mundo, e não foi menor do que
está sendo agora, meus caros. Um ex-presidente da Petrobrás na década de
70, Shigeaki Ueki, é hoje um dos maiores empresários do petróleo do
Texas, à frente da família Bush.
As empresas de petróleo da Europa e dos EUA (as sete irmãs) já foram
envolvidas em escândalos de corrupção. O ex-presidente Nicolas Sarkozi,
da França, está envolvido em escândalo vergonhoso envolvendo um grande
multinacional francesa. E aí, é só aqui, cara-pálidas? No resto do mundo
é o paraíso e aqui é o inferno?
PUNIÇÃO SEVERA
O que precisamos é de punição severa, quando os fatos corruptores são
constatados e provados. Só assim poderemos reduzir a demanda por mais
corrupção. A impunidade é que gera as distorções.
Uma coisa boa, no atual momento, foi a prisão dos empreiteiros.
Antes, somente alguns corruptos do serviço públicos pagavam pelos seus
erros. Agora, graças à coragem do juiz Sérgio Moro, executivos amargam
as grades. Se forem julgados e condenados, depois da ampla defesa e do
contraditório, terão que cumprir as penas e devolver o produto da
corrupção.
EXEMPLO DO HSBC
Veja-se, agora mesmo, o megaescândalo do HSBC na Suíça. O banco não
vai falir nem ser banido da Suíça, lógico que não. Apura-se a
roubalheira e a corrupção do banco, os envolvidos serão punidos, e vida
que segue.
A Petrobras é maior do que tudo que estamos vendo diariamente na
mídia, um orgulho nacional que todo brasileiro sente na pele, sabendo
que é uma das 10 melhores empresas do mundo e comprovando que somos
competentes no que fazemos, quando deixam, é claro. Um grupo pequeno
manchou de óleo podre a empresa, mas logo eles passarão e novos
dirigentes compromissados com a ética assumirão os cargos vagos.
Agora, pedir para privatizá-la e entregar na mão de quem? Das
construtoras envolvidas na Lava Jato? Ou daquele empresário que queria
ser o primeiro brasileiro mais rico do mundo e que hoje está falido? A
Petrobras é nossa, do país, da sociedade brasileira e pode ser
administrada com competência por agentes públicos. Não esqueçam que a
empresa é de economia mista, caros cidadãos.
Privatizar uma empresa, ao menor sinal de dificuldades pontuais,
significa tirar o sofá da sala, quando o marido vê sua amada deitada
nele com outra pessoa.