Terça, 23 de junho de 2015
Sergio Caldieri
No dia 21 de junho completaram 11 anos da
morte de Leonel Brizola. Um dos poucos políticos brasileiros que
sempre defendeu, lutou e sofreu as maiores perseguições por estar ao lado dos
fracos e oprimidos deste país.
Brizola foi um grande nacionalista dando muitos
exemplos, mas poucos assimilaram as suas intenções, pois a mídia conservadora
brasileira procurou diuturnamente destruir a imagem de um político
honesto que teve a maior boa vontade em melhorar a situação do povo
miserável.
Basta lembrar que em 2003, o jornal O Globo publicou
uma matéria sobre as seis mil crianças trabalhando de aviãozinho para os
traficantes nos morros da cidade do Rio de Janeiro. Mas na reportagem ninguém
lembrou que estas crianças deveriam estar estudando nos
510 CIEPs construídos na cidade e vários municípios fluminenses. Se
mil crianças tivessem estudados nos 510 Cieps construídos no
governo Brizola desde maio de 1985 até hoje, em 30 anos teriam
estudados mais de 30 milhões crianças pobres nos famosos Brizolões idealizados
por Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro e a bela arquitetura de Oscar
Niemeyer.
Ninguém lembrou em responsabilizar os
culpados da tragédia ocorrida com as crianças, que foram os ex-governadores
Moreira Franco e Marcelo Alencar, que de forma mesquinha inviabilizaram a
proposta original dos Cieps. Do Moreira não poderia se esperar nada, pois
sempre foi um lambe botas da ditadura, mas Marcelo Alencar como advogado chegou
a defender alguns presos políticos. Este senhor, vale também lembrar,
participou com o irmão empreiteiro da destruição do jornal Correio da Manhã,
isso depois de uma empreitada política mal sucedida de apoiar o então
pleiteante à indicação pelos militares para ser Presidente, o coronel Mario
Andreazza. A sua candidatura não vingou, o Correio da Manhã submergiu, dele
restando apenas o esqueleto de suas instalações na Rua Gomes Freire, no bairro
carioca da Lapa.
Quando Brizola era governador do Estado do
Rio a imprensa foi implacável em todos os sentidos. Como se a violência do
capitalismo selvagem e o tráfico de drogas fossem culpa de Brizola. Na
ditadura, os agentes da repressão (SNI, Cenimar, Ciex e os
gorilas do DOI-Codi) achavam rapidinho os subversivos, os inimigos da
pátria, que prendiam, torturavam e matavam. Só tinham competência para prender
e torturar, mas atualmente, para achar um grande traficante de drogas ou armas,
apesar de seus treinamentos na CIA ou no Mossad só prendem ladrões
de galinhas e traficantes pés de chinelos. Só fazem escutas telefônicas para
vender matérias para as revistas.
Mesmo depois de morto, O Globo no ano passado continuou
destruindo a imagem de Leonel Brizola. Um araponga desocupado do SNI achou
um relatório de um “competentíssimo” agente contando
que Brizola teria recebido dinheiro nas empresas de ônibus do Rio,
mas na matéria de uma página com manchete de primeira página não tinha uma
comprovação real, apenas o agente relatou insinuações.
Uma semana antes da morte de Brizola, o jornalista
Ali Kamel, diretor executivo de jornalismo da Rede Globo escreveu artigo
em que culpava o ex-governador pela violência no Rio de Janeiro. Há poucas
semanas, portanto em 2010, o poeta Ferreira Gullar, um crítico ferrenho do
trabalhismo, escrevendo na Folha de S. Paulo, repetiu o que tinha dito Kamel há
seis anos, ou seja, de que a culpa da violência no Rio de Janeiro é
do Brizola. Não procedeu como um poeta, que poupa os mortos, mesmo sendo
eles seus inimigos. Ferreira Gullar com isso demonstrou
que é um intelectual com falta de grandeza e que guarda rancor contra pessoas
erradas, mas poupa até políticos reconhecidamente de direita, como demonstrou
ao apoiar em 2006 o candidato a Presidente Geraldo Alckmin, do PSDB.
Recentemente, durante uma reunião do
Conselho Deliberativo da Associação Brasileiro de Imprensa (ABI), o
ex-editor do caderno cidade de O Globo, Pinheiro Junior, lembrou que
diariamente o diretor de redação Evandro Carlos de Andrade cobrava uma matéria
contra Brizola: “Geralmente o chefe de reportagem já sabia da política do
jornal e tomava providências para sempre haver notícias ou reportagens
contra Brizola, principalmente matérias sobre os CIEPs”.
Segundo Pinheiro Junior, quando nada havia de novo, o
editor geral cobrava:
“Te vira, arranja alguma coisa
contra Brizola porque o doutor Roberto Marinho quer”.
Os exemplos de manipulações midiáticas
contra Brizola não caberiam neste espaço. Mas vale assinalar que as
mentiras e meias verdades das Organizações Globo contra o
Governador Leonel Brizola foram uma continuidade histórica
dos linchamentos midiáticos contra os Presidentes Getúlio Vargas e João
Goulart. Não se trata de uma simples conjectura, mas uma constatação. E quem
tiver dúvidas, por favor, consulte na Biblioteca Nacional o jornal O Globo
daqueles anos.