Quinta, 4 de junho de 2015
Os gregos disseram nas urnas
que a receita de austeridade falhou, mas os credores querem impor uma
dose reforçada da receita dos anteriores memorandos da troika. Tsipras
vai esta sexta-feira ao Parlamento fazer o ponto da situação e o
pagamento ao FMI fica adiado.
4 de Junho, 2015
Schäuble, Lagarde e Dijsselbloem, na foto com o ministro irlandês das Finanças. Foto União Europeia ©
Depois
de reunir com Jean Claude Juncker na quarta-feira, Tsipras falou com
Merkel e Hollande durante mais de uma hora por teleconferência na
quinta-feira à noite. De acordo com fontes oficiais do governo citadas
por jornalistas gregos, Alexis Tsipras disse que a proposta é
inaceitável para o governo e não leva em conta o trabalho de meses de
negociações técnicas desde o acordo de 20 de fevereiro.
Segundo a agência de notícias grega ANA-MPA, a proposta dos credores,
alinhavada durante o encontro a cinco que Angela Merkel teve esta
semana em Berlim com a líder do FMI e os presidentes de França, Comissão
Europeia e Banco Central Europeu, inclui novo aumento dos impostos e
reforço da dose de austeridade para a sociedade grega.
Mais impostos para as empresas, trabalhadores e reformados, com uma
nova contribuição “extraordinária” de solidariedade, o fim dos apoios ao
combustível para aquecimento e ao gasóleo agrícola, cortes nos apoios
fiscais aos agricultores e o aumento do IVA com o fim da taxa reduzida e
do regime especial em vigor nas ilhas. Estas são algumas das propostas
com que Alexis Tsipras foi confrontado no encontro com Juncker.
O primeiro-ministro grego fará o ponto da situação das negociações no parlamento grego esta sexta-feira, dia em que a Grécia devia pagar mais um reembolso de 300 milhões de euros ao FMI. O FMI foi informado do desejo do governo em juntar as várias tranches que vencem este mês, no total de 1500 milhões de euros, adiando-as para o fim do mês, altura em que estará mais claro o cenário de acordo ou de rutura com os credores.
O primeiro-ministro grego fará o ponto da situação das negociações no
parlamento grego esta sexta-feira, dia em que a Grécia devia pagar mais
um reembolso de 300 milhões de euros ao FMI. O FMI foi informado do
desejo do governo em juntar as várias tranches que vencem este mês, no
total de 1500 milhões de euros, adiando-as para o fim do mês, altura em
que estará mais claro o cenário de acordo ou de rutura com os credores.
Na quarta à noite, à saída do encontro com Juncker, Alexis Tsipras
disse que “as propostas gregas continuam a ser a base realista para as
discussões”. O diário alemão Der Tagelsspiegel divulgou esta
quarta-feira as 47 páginas com as propostas gregas enviadas à reunião dos credores em Berlim.
Neste documento, o governo grego apresenta as reformas a que se
propõe, incluindo mudanças do IVA e do sistema fiscal, combate à fraude e
evasão fiscal, privatizações, reformas antecipadas, aumento do salário
mínimo, reforma judicial, desbloqueio das carreiras da função pública e
tabela salarial única, entre muitos outros aspetos.
A líder parlamentar do GUE/NGL, o grupo que integra o Bloco de
Esquerda e o PCP no Parlamento Europeu, afirmou que “o governo grego
apresentou uma proposta realista que as instituições devem aceitar. É
uma solução sustentável que promove a democracia, solidariedade e
desenvolvimento com justiça”.
Para Gabi Zimmer, que se encontra em Atenas numas jornadas promovidas
pelo GUE/NGL, “chegou a hora de encontrar um acordo a longo prazo e
mutuamente aceitável, que permita ao povo grego olhar para o futuro e
terminar com a atual asfixia. A sociedade grega não pode suportar mais
austeridade e desemprego”.