Segunda, 2 de maio de 2016
1- Nos
próximos dias o impeachment será votado no senado. Independente do
resultado, teremos um governo mais fraco e um congresso desacreditado.
Por isso existem lideranças do PT, PMDB e PSDB que falam em “conciliação
nacional” e setores burgueses e imperialistas defendem “novas
eleições”. A crise geral do país vai se manter pois sua causa
é econômica, política e social. Deve ser localizada nos ataques ao nível
de vidas das massas e a ruptura dos trabalhadores com o PT. Por isso o
governo Dilma desaba e as instituições da falsa democracia desintegram,
eventos conectados a Revolta de Junho de 2013, que tonificou uma onda de
greves em 2014, explosões nas favelas e periferias, greves de
professores e ocupações de escolas em SP no ano passado e várias
mobilizações que estão em curso. Estamos vivendo a falência do Lulismo,
que perdeu a hegemonia no movimento de massas e já não dirige ou
controla as lutas dos explorados e oprimidos. Não por acaso Dilma é
rechaçada pela amplíssima maioria dos trabalhadores e setores populares
da nação. Por isso devemos construir uma alternativa radical, de
esquerda, sem ceder às pressões dos governistas ao mesmo tempo em que
combatemos o PSDB e PMDB, duas siglas igualmente desgastadas perante a
maioria do povo.
2- Agora
ocorrem importantes conflitos, como a greve dos professores e as
ocupações de escola do RJ, a luta dos servidores federais contra o PL
257, campanhas salariais, e outros processos, que poderiam ajudar na
construção dessa alternativa. No entanto, não há um polo de oposição de
esquerda porque as maiores lideranças decidiram compor o campo Lulista. O
setor majoritário do PSOL e as lideranças do MTST são linha auxiliar do
PT e defendem o mandato de Dilma. Um processo que oxigena a “frente
ampla” para a candidatura de Lula. Ao mesmo tempo abre espaço para
projetos burgueses como o da REDE. Um posicionamento catastrófico. Por
isso exigimos que o PSOL e o MTST rompam com os governistas e com o PT.
3- Nesse
contexto, várias organizações, posicionam-se contra essa frente
orgânica com os governistas, ao mesmo tempo em que continuam contra o
PSDB e o PMDB. A primeira expressão desse campo foi a manifestação do
dia 1 de abril contra Dilma, Temer, Cunha, Renan e Aécio. É necessário
dar coesão e unidade aos que não são linha auxiliar do PT. Uma unidade
que passa pelo combate e oposição intransigente contra a nova direita
representada pelo PT e a velha direita liderada por Temer e o PSDB. Um
bloco que se posicione pelo fim do governo Dilma, contra o impeachment
do congresso corrupto e também contra os tucanos e Temer.
Não ceder às pressões dos governistas e seus aliados!
4- Um bloco que
evite a dispersão, paralisia e confusão que prima em várias outras
articulações. Um bloco que supere as insuficiências do Espaço da
Unidade e Ação, que apesar de ter realizado ações importantes no ano
passado e no dia 1º de abril, não está à altura dos acontecimentos, pois
já não existe a mesma unidade política anterior. Não por acaso,
organizações como o PCB e o MRT agora defendem a continuidade do mandato
de Dilma. O fato é que sem unidade política, ao utilizar o método do
consenso, prima a paralisa e dispersão, atrapalhando esse espaço a se
converter num efetivo polo alternativo que dispute de verdade na base da
categorias, na juventude e setores populares. Um exemplo do que falamos
pode ser visto na construção do primeiro de maio em São Paulo. Na Praça
da Sé, vários setores da esquerda, realizam um ato com eixo em “defesa
dos direitos”, “contra o ajuste”, sem nomear claramente quem aplica os
cortes de direitos e o ajuste fiscal em nível nacional: o Governo Dilma e
seu Vice Temer. Ou seja, um ato que blinda o atual governo do PT. Não
por acaso é uma manifestação conjunta com a direção do MTST e o campo
majoritário do PSOL, as duas correntes mais Lulistas da esquerda
brasileira. E várias organizações do Espaço de Unidade e Ação assinaram a
convocatória dessa manifestação cujo único objetivo era atrapalhar o
ato classista da Avenida Paulista.
Nosso centro deve ser a atuação na base,
onde há um espaço gigantesco para construir uma alternativa de
esquerda, diferente da capitulação, centrismo e confusão que prima nas
correntes políticas organizadas.
Por isso propomos:
a) Construir um bloco dos que não são linha auxiliar do PT,
um polo da oposição de esquerda, que tenha como eixo a mobilização, o
combate aos ataques de Dilma, Temer, Cunha, Renan Aécio, governadores,
patrões e prefeitos, a ação direta e coordenação das lutas. O que se
concretiza numa campanha em solidariedade à greve dos professores do Rio
de Janeiro, as campanhas salariais em curso, a luta contra o PL
257 e outras lutas. Buscar construir um novo bloco social e político com
as organizações que não estão no campo do PT, PMDB e PSDB.
b) Realizar uma plenária sindical, popular e estudantil no mês de maio para
discutir uma saída para o país, sem governistas, sem tucanos e sem
patrões. Uma plenária sindical, popular e estudantil convocada por
sindicatos, grêmios estudantis, DCE’s, agrupamentos sindicais, a
CSP-CONLUTAS, figuras públicas como Luciana Genro, Zé Maria,
Babá e todos que desejarem construir essa iniciativa com a máxima
amplitude.
c) Dar continuidade as manifestações de rua
com um eixo político contra Dilma, Temer, Cunha, Renan, Aécio, contra
PT, PMDB e PSDB. Uma manifestação efetivamente nacional, centralizada em
São Paulo, com caravanas dos estados.
5- Nós da CST
apostamos no desenvolvimento das lutas e das greves, ou seja, a unidade
da esquerda para batalhar por uma nova superior jornada de junho no
país. Defendemos o Fora todos, para colocar pra fora Dilma, Temer,
Cunha, Renan e Aécio. Além disso, propomos que o programa desse bloco
comece pela imediata suspensão do pagamento da dívida para destinar mais
recursos para saúde, educação e transporte estatal, em recuperação dos
serviços públicos e valorização dos servidores, um plano de obras
públicas visando moradia popular; contra as demissões e o arrocho
salarial, por estabilidade no emprego e reposição das perdas salariais;
pela punição dos corruptos e estatização das empreiteiras envolvidas na
Lava Jato; por uma Petrobras 100% estatal e sob controle dos
trabalhadores, por uma assembleia nacional constituinte livre e soberana
para reorganizar o país a serviço dos trabalhadores e do povo. Na
estratégia de construir uma saída operária e popular para a crise. Ou
seja, lutar por mobilizações de massa, por organismos de
autodeterminação dos explorados, a batalha por um Governo da Esquerda,
dos Trabalhadores e do Povo.
Corrente Socialista dos Trabalhadores – PSOL