Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Todos os "presidentes" torturaram e assassinaram covardemente. Mas Médici o mais fanático, Geisel o de mais intimidade com a tortura, como chefe da Casa Militar

Segunda, 14 de novembro de 2018


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Por
Helio Fernandes*


Apesar de nada disso ser surpreendente no Brasil, a repercussão foi impressionante. Por vir de um documento oficial da CIA, do país que patrocinou, coordenou e comandou tudo, no Brasil, Argentina e Chile. A repressão violenta começou no primeiro dia do golpe, em Pernambuco. Prisão do governador Arraes (mandado para Fernando de Noronha, o que salvou sua vida) e  a violência explícita, praticada nas ruas, por oficiais fardados. Que carregavam presos, amarrados com cordas pelo pescoço, e se divertindo. O povo, estarrecido.
Mas a denúncia, feita diretamente ao "presidente" Castelo tem que ser contada. Na sua posse, recebeu uma carta de congratulações de Sobral Pinto. Amigos do grande advogado alertaram, "o país está dominado pela tortura, você não pode compactuar com isso". Sobral apurou, mandou outra carta a Castelo, chamando-o de torturador, e dizendo textual: "Você não é presidente, volta para o Estado Maior".

Aí entra em cena Ernesto Geisel, general de brigada, mandado por Castelo a Pernambuco. Viu tudo, visitou prisões onde praticavam a tortura e o vandalismo diário. Se confessou  estarrecido, voltou, fez um relatório corporativista e carreirista, afirmando, "Pernambuco está na maior tranquilidade". Começou a se destacar, apesar de ser general recente.

Foi logo promovido a general de Divisão, (e  com Golbery) trabalhou para Costa e Silva não ser "presidente". Ele ia ser o primeiro "presidente", foi o maior líder e coordenador da conspiração. Comandante do Segundo Exército, quando chegou ao Rio, Castelo já estava empossado, sofreu o golpe dentro do golpe. Quase não conseguia ser Ministro da Guerra. Isso alterou tudo.

Todos os projetos, pretensões, ilusões, ambições, sofreram alteração de pelo menos 3 anos, pois Costa e Silva foi "presidente" em 1974, quando acabou  a "prorrogação" de Castelo. Consumada e constatada a futura posse de Costa e Silva, Geisel  e Golbery, apavorados com uma possível vingança de Costa e Silva, se defenderam. Geisel foi promovido a general de Exército  e nomeado ministro do STM, vitalício. Golbery, já na reserva, foi feito ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).Também vitalício.

Aí, o destino ajudou Costa e Silva  teve o AVC, foi considerado impedido, foi a vez de Médici, o assassino maior, que tinha prazer em assassinar e até AUTORIZAR os assassinatos em massa.  Médici era Chefe do SNI, estava na vez.

O documento da CIA sobre ele é tão terrível, identificado por todos como ESTARRECEDOR.

Depois do terrorismo  assassino de Médici, os 5 anos de Geisel. Assessorado pelo grande amigo  e parceiro, Golbery. Autorizou mais assassinatos, pediu  apenas cautela, queria saber de tudo.

Diante da revelação da CIA, todos reagiram com a mesma palavra: ESTARRECEDOR. Depois de 4 anos de terrorismo covarde, desumano, brutal, massacrante, Geisel aparece como pacificador coordenando  a farsa da "anistia, ampla, geral e irrestrita", morrendo em casa, como herói. Ele e os outros generais assassinos.

Ainda falta muita coisa, ninguém esperava esse documento, rigorosamente verdadeiro. E oficial.

PS- Mais grave e que precisa de providências, nada prescreve.

PS2- O Exército, numa nota oficial, afirma e informa: "Não podemos comentar nada, todos os documentos foram destruídos".

PS3- Em 80  anos de jornalismo jamais vi isso. Destruir documentos oficiais e confessar para se livrar de responsabilidade.

CHICO CARUSO, ESPETACULAR

Depois de dezenas de anos de sucesso, consegue superar a si mesmo. No traço, na lembrança, e no conjunto. Tendo como objetivo o "presidente" assassino Ernesto  Geisel, junta Kissinger com Golbery, usando  a frase comprometida do usurpador Temer.

A charge, assim como  a caricatura, mais eterna, imortal e duradoura, do que a palavra escrita ou vibrada. No Brasil vem desde o Império.

DOIS ANOS DA USURPAÇÃO

Temer queria fazer uma grande comemoração. Foi convencido que a repercussão seria desfavorável. Como quase todos os íntimos estão presos, tomou café da manhã com os que sobraram, mas estão ameaçados. Ainda não sabe se haverá gente para o almoço.

Sua grande obsessão e preocupação, se concentra toda no primeiro dia de 2019. Deixa a presidência, qual será o seu destino?

*Blog Oficial do Jornal da Tribuna da Imprensa.
Matéria pode ser republicada com citação do autor.