Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

A tão desejada e ansiosa primeira viagem de Bolsonaro

Quinta, 6 de dezembro de 2018
Por
Hélio Fernandes

Para os EUA, onde está seu ídolo vivo, o outro já está morto. Este tinha Brilhante no sobrenome,  Trump, o máximo que  consegue é ser identificado no mundo todo como irresponsável. Nada disso apaga ou diminui a idolatria do brasileiro. Gostaria de ir agora, não dá, tem que esperar ser presidente empossado e "governando". E podendo oferecer ao americano, razões positivas da sua subserviência.

A primeira: a transferência da embaixada do Brasil em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém. O chanceler de extrema direita, deve sancionar logo, a promessa-compromisso do presidente eleito. (A não ser que Bolsonaro recue, o Primeiro Ministro Natanaihu, está sendo processado pela terceira vez por corrupção ativa e passiva pela justiça do seu próprio país).

A segunda oferenda a Trump: apoio na guerra comercial com a China. Bolsonaro não deve saber o que é BRICS, um acordo de 5 países, incluindo  Brasil e China, um dos nossos maiores compradores.
Bolsonaro não era nascido nem conhece História, poderia repetir o gesto do ex-chanceler Otavio Mangabeira, na constituinte de 1946. Eu estava lá, vi tudo e escrevi. No plenário, Mangabeira se abaixou e beijou a mão do general Eisenhower, ganhador da ultima grande batalha que acabou com a Segunda Guerra Mundial. (Depois, presidente dos EUA, de 1952 a 1960).

Bolsonaro já marcou a viagem para fevereiro,  lógico, de 2019.  Anunciou, "vou aos EUA, antes darei um giro pela America do Sul".

PS- Durante a campanha vivia às "caneladas" com o general candidato a vice. Que agora é vice-eleito.

PS2- Terá que passar o cargo principal a ele.

PS3- Provavelmente pelo excesso de falta de confiança, encheu o Planalto de generais.

O MORO É TÃO EXIBICIONISTA, NÃO SAI DAS TELEVISÕES E DAS MANCHETES, SEMPRE FALANDO SOBRE ELE MESMO

Já repetiu várias vezes sobre as acusações oficiais ao futuro Ministro Chefe da Casa Civil, Onix Lorenzoni: "Eu confio nele". E quem confia num magistrado,  que afirmou repetidamente, "não deixarei de  ser juiz para fazer carreira política".

Pois agora, menos de 1 ano depois, abandonou o cargo de juiz, trocou pela carreira  política, patrocinado pelo candidato que ele apoiou desabridamente, e  que sem a sua colaboração criminosa, não teria sido candidato, e logicamente, presidente da República.

Bolsonaro cumpriu integralmente o acordo-compromisso, transformou-o no segundo personagem da República. E todos sabem que é o inicio de sua carreira política. Numa eventualidade, Bolsonaro e Moro poderão estar juntos, eleitoralmente.

Quem se sentiu em situação desconfortável foi o Corregedor do CNJ. (Conselho Nacional de Justiça). Abriu investigação, considerando que Moro devia explicação. Tentaram  salvá-lo, alegando, "ele não  é mais magistrado". Pediram o arquivamento.

Primarismo e parcialidade. A investigação é sobre atos praticados, quando era juiz.

PS- Colocada a votos, a imensa maioria decidiu pela continuação da investigação.  E ainda colaborou com sugestões.

PS2- Na próxima terça-feira, dia 11, o CNJ estará examinando 12 quesitos.

PS3-O CNJ tem poderes para convocar Moro a depor.

PS4- Para não ir, tem que entrar com recurso no STF. O presidente do Supremo, preside o CNJ.

PS5- Preocupado, Moro tem se movimentado.

RENAN CALHEIROS, PELA PRIMEIRA VEZ, PREOCUPADO

Poderia dizer, assustado, seria mais apropriado. Desde 2007, responde a 11 indiciamentos no STF. Nesse ano, era presidente do senado, teve um filho fora de casa, foi flagrado em negociações espúrias com uma empreiteira. Esta financiou tudo, o senado não concordou, tentou cassar seu mandato. Depois de meses fizeram um "acordo", assim entre aspas. Renunciaria à presidência, continuaria com o mandato. Maravilha.

Em 2010 foi reeleito, nos 8 anos, clamorosamente duas vezes novamente presidente, enfrentando até o Supremo. Agora foi candidato à reeleição e já candidato a presidir a Casa. Encontra dificuldades, não propriamente veto. Quando vai conversar com alguns dos novos  senadores, perguntam logo: "O senhor tem apoio do presidente Bolsonaro?". Como não pode responder, a conversa acaba, o episódio se alastra.

BOLSONARO PRECISA FALAR PARA A COMUNIDADE, O POVO

Está se dirigindo para os cúmplices, apaniguados, e militantes dos partidos e parlamentares corruptos, com os quais vem ensaiando o mesmo troca-troca de sempre.

Duas declarações ontem e anteontem, impenetráveis.

A primeira: "Vou aprofundar a reforma trabalhista". O trabalhador fica logo convencido de que  perderá direitos conquistados pelo mundo, pelo menos há 100 anos. (Até Mussolini, fascista e depois sócio do nazista Hitler, desceu em Roma em 1922, proclamando e garantindo mais direitos para o povo. Já existia a "semana inglesa", adotada pelo mundo).

A segunda: "Vou fatiar a reforma da Previdência". Confissão de incapacidade numérica. E fatiando, escolhe o que deseja negociar e aprovar.

O JULGAMENTO DO INDULTO DE NATAL, JOGADO PARA O ANO QUE VEM

Só tolos ou desinformados esperavam a reunião decisão de ontem. Os ministros Fux e Toffoli, pediram vista, não têm prazo para devolver, não devolverão este ano.

Fica valendo o indulto de 2017, com restrições. Que não abalam ou eliminam a generosidade do presidente corrupto e usurpador. Que ainda tem 26 dias do mandato usurpado. Incluindo o Natal.

Fonte: Blog Oficial do Jornal da Tribuna da Imprensa
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