Mário Augusto Jakobskind
'Descomemoração' dos 50 anos da Globo / Reprodução. |
A
velha e surrada cantilena antibrizolista, que teve seu auge em artigo
nos anos 90 do hoje homem forte da Rede Globo, Ali Kamel, em O Globo,
volta à tona através de colunistas, desta vez em um jornalão da família
Mesquita, ao comentar os recentes acontecimentos na comunidade da
Rocinha. Kamel, autor também de uma análise afirmando que no Brasil não
há racismo, culpava o ex-governador Leonel Brizola pela então onda de
violência que tomava conta do Rio de Janeiro naquele período.
O
objetivo principal desse tipo de análise é claramente criminalizar
grandes lideranças da história contemporânea brasileira, a começar de
Getúlio Vargas, João Goulart, Leonel Brizola e mais recentemente Luís
Inácio Lula da Silva. Mas só que na prática o povo trabalhador,
independente da mídia comercial conservadora, jamais esquece quem sempre
esteve e está ao seu lado.
Agora
aparece outro articulista senso comum, que nem vale a pena citar o
nome, afirmando sem pudor que “a violência de hoje teve início há mais
de três décadas, precisamente a partir de 1983, quando Leonel Brizola
foi eleito pela primeira vez governador. E com mais rancor contra um
governador que obrigava seus comandados da Polícia Militar a respeitar
os direitos humanos, o articulista do Estado de S. Paulo complementou
afirmando que “populista como poucos e crítico da forma de atuação da
polícia nas áreas mais pobres da cidade, Brizola foi o responsável por
afrouxar o combate ao crime organizado justamente quando este começava a
recrudescer nas favelas, graças à entrada de drogas e armamento mais
sofisticado”.
Uma
mentira deslavada que vem sendo repetida exaustivamente pelos que na
prática apoiam a violência do Estado, que afeta os mais pobres. O
próprio senso comum, que na verdade se origina em tempos remotos,
defendido pelos ancestrais dos golpistas de hoje com grande espaço
garantido na mídia comercial conservadora.
Vale
lembrar que antes de Brizola, na época da ditadura, em pleno governo
fisiológico de Chagas Freitas, a PM ingressava nas favelas arrombando
portas em total desrespeito aos moradores, a maioria constituída de
trabalhadores. Tal prática, agora defendida pelo articulista do jornal
da família Mesquita, foi proibida logo que o então governador tomou
posse.
A
covardia do articulista é notória, pois ele não lembra a violência da
PM e genericamente acusa, absolutamente sem fundamento, o Governador
Brizola, que juntamente com Darci Ribeiro começava a preparar os CIEPs -
Centro Integrado de Educação Pública, um verdadeiro antídoto contra a
violência, experiência que acabou sendo boicotada pelo então governador
Moreira Franco, o mesmo que prometeu acabar com a violência no Rio de
Janeiro em seis meses.
O
tal articulista repete tão somente lugares comuns defendidos por O
Globo e demais jornalões que nunca aceitaram o fato de Brizola ter sido
eleito duas vezes governador do Estado do Rio de Janeiro, mas sempre
defendiam figuras como Moreira Franco e mesmo o meliante Sergio Cabral, o
tal que quando era presidente da Assembleia Legislativa do Estado dó
Rio de Janeiro (ALERJ), e diga-se de passagem, segundo as denúncias
tornadas públicas hoje, já enriquecia às custas do Erário Público,
tentou de todas as formas que as contas do governo Brizola não fossem
aprovadas. E contava com o apoio irrestrito dos jornalões que hoje
noticiam as picaretagens que não eram divulgadas antes, embora as
acusações circulassem então.
Os
mesmos jornalões que colocavam Sergio Cabral e Moreira Franco nas
alturas e linchavam Brizola voltam a culpar o político, falecido em
2004, pelo que acontece hoje no Rio, produto, aí sim, de uma política
econômica de responsabilidade dos golpistas edição-2016 com o apoio
irrestrito de espaços midiáticos como O Estado de S. Paulo, O Globo e
tantos outros jornalões.
Toda
essa retrospectiva é fundamental, inclusive para entender melhor os
nefastos dias atuais que atravessa o Brasil, produto,vale sempre
repetir, de um golpe parlamentar, midiático e judicial que levou ao
governo nada mais nada menos que Michel Temer, que enfrenta acusações
que possivelmente serão rejeitadas pelos integrantes da Câmara dos
Deputados com custos para as contas públicas. E até porque os golpistas
atuais contam com a falta de memória de segmentos da população, os tais
incautos, anestesiados pela mídia comercial conservadora.
* Via blog
Jornal da ABI/Mário Augusto Jakobskind, é Professor, Jornalista,
Escritor e Coordenador de História do IDEA, Programa de TV., transmitido
pela Unitevê, Canal Universitário de Niterói, Universidade Federal
Fluminense (UFF).
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