Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
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segunda-feira, 24 de junho de 2024

A luta de classes na comida e nos corpos

Segunda, 24 de junho de 2024

Estudo sobre a desigualdade alimentar contemporânea. A comida saudável é reservada aos ricos. Aos pobres, fome ou ultraprocessados. Viagem pela história da nutrição – do Paleolítico à pós-modernidade – ajuda a explicar os porquês


OUTRASPALAVRAS
por Patrícia Aguirre       Publicado nos OUTRASPALAVRAS em 20/06/2024

Imagem: Giuseppe Arcimboldo (1526-1593)

Por Patrícia Aguirre, no Nuso | Tradução: Rôney Rodrigues

Nos últimos anos, a discussão sobre o que comemos voltou no contexto da expansão de diferentes subculturas alimentares (veganas, ketos, ayurvédicas, etc.), do crescimento dos movimentos ambientalistas e do aumento de doenças associadas à alimentação.

Neste artigo analisaremos o sistema alimentar sob uma perspectiva sócio-histórica, como um sistema aberto, ou seja, com trocas infinitas com seu entorno — como os organismos vivos. Pela sua complexidade, para abordá-la precisaremos recorrer às contribuições de múltiplas ciências — ecologia, nutrição, antropologia, medicina, economia, etc. — que nos autorizem a relacionar as partes analiticamente separadas, apontando as suas transformações no tempo e no espaço. Delinearemos em linhas gerais a sinergia entre o meio ambiente, a tecnologia extrativista e a organização social (principalmente o sistema econômico-político), que afeta a alimentação e a culinária (com sua construção social de gostos e corpos) e, embora a alimentação seja um fator pré-patogênico por excelência, condiciona fortemente a forma como a população adoece e morre1 .

O corpo da espécie

Se procurarmos no passado exemplos da referida relação, não podemos deixar de mencionar as glaciações do Holoceno e o desenvolvimento de culturas de caça e coleta com tecnologias de extração extremamente eficazes, principalmente usando ferramentas de pedra – que dão o nome a essa época. Cestos, bolsas, varas, recipientes de cabaças, fibras e folhas, juntamente com fogões (verdadeiros sistemas de cocção, porque não só assavam, mas grelhavam, ferviam e picaneavam) dão conta da variedade de preparações destinadas a transformar uma grande diversidade de plantas e produtos de origem animal em comida, o que ajudou diversas populações em ambientes muito diferentes a terem uma vida boa.

Poderíamos voltar ainda mais atrás e ver a importância da alimentação no próprio processo de nos tornarmos humanos; então veríamos que as paleoespécies que antecederam o nosso gênero, utilizando ferramentas como outros primatas2, conseguiram ter uma dieta baseada em vegetais, acessando a carne de forma irregular. Há 2,5 milhões de anos, observamos em ossos fósseis um traço crescente de zinco (o que significa aumento na ingestão de carne) e também modificações anatômicas (cérebro maior, intestino mais rápidos, etc.) que falam de uma mudança na alimentação (onívora) que vai além modificações genéticas e epigenéticas que impulsionam e são impulsionadas por grandes mudanças metabólicas e comportamentais. Somos uma espécie que passou de presa a predador através de nossas próprias criações. Sem garras ou caninos poderosos, tivemos que nos unir, melhorar nossa comunicação e aperfeiçoar ferramentas para obtermos carne em conjunto. Mais do que um necrófago, um caçador ou um coletor, a espécie humana era uma espécie oportunista que usava o que podia para aumentar sua ingestão, e a primeira estratégia era a diversificação e a flexibilidade. Ferramentas de pau, chifre e pedra com especialização crescente indicam a modificação do comportamento comensal. Com anatomia de presa deve ter sido muito difícil atuar como predador, por isso era necessária organização social para obter carne. A dinâmica com aquele ambiente e as relações com aquelas espécies naqueles tempos distantes ainda marcam nossos corpos. Ainda hoje, quando o ritmo rápido da mudança cultural deixou para trás a lenta evolução biológica e o nosso ambiente não é mais uma savana mas a cultura da cidade, estamos mais preparados para a escassez do que para a abundância de alimentos. Resistência à insulina, metabolismo da gordura, estresse prolongado, intolerância ao glúten ou à lactose etc. São características evolutivas que respondem ao nosso passado como espécie onívora que se adaptou a diferentes ambientes (da savana africana às pastagens americanas ou às selvas asiáticas). A tecnologia extrativa necessária para atender às demandas metabólicas nos posicionou como apenas mais um predador, mas para isso foi necessário substituir as pequenas presas e unhas planas da espécie homo3 .

Há cerca de 50 mil anos, o homo sapiens anatomicamente moderno, que vivia em bandos de caçadores-coletores, já havia colonizado todos os ecossistemas do planeta, com exceção da Antártida. Seus corpos, sua alimentação e um pouco de sua vida social podem ser reconstruídos a partir de evidências arqueológicas, com algumas referências etnográficas dos poucos grupos que ainda não foram exterminados pelas sociedades atuais, uma vez que toda a expansão desde as primeiras sociedades agrícolas até as atuais sociedades industrializadas foi realizadas à custa dos seus territórios, da sua cultura e das suas vidas.

Nos bandos de caçadores-coletores, atuais e passados, a chave para a sobrevivência é a organização social e a obtenção de alimentos proporciona um eixo poderoso para a ação coletiva. Comer está em primeiro lugar e extrair o alimento não é fácil em nenhum ambiente, por isso todos (com suas diferentes possibilidades e habilidades) colaboraram para provê-la com seu trabalho diário. Os bandos — embora formadas por vários grupos familiares — compartilhavam um único fogão, o que demonstra reciprocidade no consumo. Embora a coleta de hortaliças fosse a base da alimentação, a carne tornou-se um bem social, pois a caça, por ser difícil e perigosa, era coletiva e promovia a reciprocidade como forma de distribuição, reduzindo o risco de dependência de recursos móveis e atividades penosas. Quando há, há para todos. Quando não há, não há para ninguém.

A dieta média dos nossos antepassados paleolíticos era nutricionalmente adequada. Mas é preciso falar de dietas — no plural —, pois os diferentes bandos, em ambientes diferentes e com tecnologia e organização diferentes, comiam alimentos diferentes que organizavam em diferentes tipos de preparações, em que a criatividade humana transformaria em diferentes refeições. Viver nos trópicos não é o mesmo que viver num glaciar, por isso esta síntese compacta generaliza-se num mundo de particularidades. No entanto, existe uma característica comum a todos estes regimes: as refeições são sazonais, diversificadas e frugais. Também magras (animais selvagens correm para salvar suas vidas, então sua carne tinha 30% menos gordura do que a de seus descendentes domesticados). Exceto em ambientes marítimos, consumia-se pouco sal e, em geral, pouco álcool (proveniente da fermentação de frutas e grãos nativos), poucos carboidratos (tubérculos e grãos silvestres são sazonais), muitas fibras (de vegetais e frutas naturais), poucos açúcares (mel e frutas da estação) e nada de leite, nem açúcares ou óleos refinados. Acrescentavam-se ovos, frutas secas e insetos, quando o ambiente permitia. Uma grande variedade de espécies caiu nas cozinhas dos caçadores-coletores, resultando num regime caracterizado pela diversidade. Os efeitos desse tipo de dieta ficaram marcados nos ossos fósseis, dos quais se inferem corpos altos, magros, com boa saúde nas curtas vidas (30 anos para os homens e 27 para as mulheres, o que comprova uma vez mais os riscos da maternidade).

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Guerras caladas

Outubro
17

Guerras caladas

Hoje é o Dia contra a Pobreza.
A pobreza não explode como  as bombas, nem ecoa como os tiros.
 Dos pobres, sabemos tudo: em que não trabalham, o que não comem, quanto não pesam, quanto não medem, o que não têm, o que não pensam, em quem não votam, em que não creem.
  Só nos falta saber por que os pobres são pobres.
     Será porque sua nudez nos veste e sua fome nos dá de comer?

Eduardo Galeano, no livro Os filhos dos dias(Um calendário histórico sobre a humanidade), 2ª Edição, L&PM Editores, 2012, página 329.

sábado, 21 de outubro de 2017

'The Guardian': "É uma situação de constrangimento coletivo", diz Saúde Pública sobre farinata

Sábado, 21 de outubro de 2017
Especialistas em saúde e nutrição criticam "ração humana" do prefeito de São Paulo

Do Jornal do Brasil
O jornal britânico The Guardian desta sexta-feira (20) publicou uma matéria repercutindo o controverso caso da farinata, suplemento alimentar que o prefeito de São Paulo João Doria lançou mão para para alimentar os pobres e estudantes do sistema público. 

Guardian destaca que a questão é a qualidade deste alimento, que será feito a partir de alimentos processados perto de seu prazo de validade. Os críticos descreveram o composto de como "ração humana".

domingo, 30 de julho de 2017

A fome no Brasil é uma das facetas das desigualdades. Entrevista especial com Francisco Menezes

Domingo, 30 de julho de 2017

Do IHU
Instituto Humanitas Unisinos
Para compreender as razões que podem fazer o Brasil retornar ao Mapa da Fome, é preciso olhar a situação do país “do ponto de vista da política”, diz o economista Francisco Menezes à IHU On-Line, ao comentar o relatório de entidades da sociedade civil que alerta para esse risco. “O desemprego atinge um enorme contingente da população em condições de trabalhar e isto é fruto dos equívocos de políticas que não enfrentam os verdadeiros motivos de nossas dificuldades. Portanto, o risco é real”, afirma.
Menezes informa que em 2013, quando foi realizada a última pesquisa da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar - Ebia, o índice de insegurança alimentar era grave e indicava uma vulnerabilidade à fome de 3,2% da população. Entretanto, esclarece, “no caso brasileiro, o problema está na desigualdade. Não é um problema de insuficiência de oferta dos alimentos, mas de uma camada importante da população que não tem acesso à terra ou o apoio para produzir, e outra, que está nas cidades, e que não tem renda para ter o acesso garantido aos alimentos. Havia uma rede de proteção social que está sendo pouco a pouco destruída”.

domingo, 16 de outubro de 2016

Produção global de alimentos precisaria aumentar 60% para garantir equilíbrio

Domingo, 16 de outubro de 2016
Aline Leal – da Agência Brasil
lavoura agricultura familiar
Aumento da produção é necessário para garantir segurança alimentar à população do planeta, que chegará a 9 bilhões em 2050 —Elza Fiúza/Agência Brasil 
Na data em que se comemora o Dia Mundial da Alimentação (16), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) destaca que, com as mudanças climáticas, o desafio de alimentar uma crescente população mundial aumenta. Segundo o representante da entidade no Brasil, Alan Bojanic, a seca fez com que o Nordeste do Brasil perdesse 50% de sua produção nos últimos cinco anos, se comparado com os cinco anteriores.

sábado, 14 de maio de 2016

Papa critica os que sentem compaixão por animais e indiferença pelo vizinho

Sábado, 14 de maio de 2016
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Da Agência Lusa e Agência Brasil
O papa Francisco lamentou que algumas pessoas sintam compaixão pelos animais, mas depois mostrem indiferença perante as dificuldades de um vizinho, em uma reflexão sobre o conceito de piedade, durante audiência na Praça de São Pedro.

Francisco falava perante dezenas de milhares de pessoas, debaixo de chuva, naquilo a que se chama uma audiência jubilar, cerimônia que se realiza um sábado por mês, e alertou que não se deve confundir a piedade com a comiseração hipócrita.

O papa disse que é preciso “não confundir a piedade com a comiseração, que consiste apenas em uma emoção superficial, que não se preocupa com o outro”, afirmou.

E perguntou: “Quantas vezes vemos pessoas que cuidam de gatos e cães e depois deixam sem ajuda o vizinho que passa fome?”

“Não se pode confundir com a compaixão pelos animais, que exagera no interesse para com eles, enquanto fica indiferente perante o sofrimento do próximo”, acrescentou.

O papa explicou aos fiéis que, para Jesus, sentir piedade é “compartilhar a tristeza de quem se encontra, mas, ao mesmo tempo, agir na primeira pessoa para transformá-la em alegria”.

Francisco apelou ao cultivo da piedade, “sacudindo de cima [de si próprios] a indiferença” que impede cada um de reconhecer o sofrimento dos outros e libertando-se da “escravatura do bem-estar material”.

sábado, 26 de março de 2016

Duas vias para o desenvolvimento agrícola numa perspetiva de segurança alimentar

Sábado, 26 de março de 2016
Do Esquerda.Net
Este artigo aborda duas posições bastante distintas para o desenvolvimento agrícola e o seu relacionamento com o mercado, numa perspectiva de segurança alimentar: integração no mercado global vs. soberania alimentar.
Etiópia, 2008 - Foto de Lorena Pajares/flickr
A assimetria da fome e a centralidade da agricultura

Segundo estimativas da FAO, para o período 2012-2014, existiam 805 milhões de pessoas cronicamente subnutridas, 14,1% da população mundial, tendo este número global reduzido cerca de 100 milhões no período de uma década. No entanto, a observação mais detalhada desta realidade permite constatar que a resolução do problema avança a velocidades diferentes e até, situação mais preocupante, apresenta tendências opostas em diversas regiões do globo. Enquanto as regiões desenvolvidas apresentavam proporções inferiores ou muito inferiores a 5% da população com problemas de subnutrição – um total de 15 milhões de pessoas num quadro marcado pela tendencial redução do problema (em 1990-92 eram 20,4 milhões) e pela diminuta importância face à população total – a ásia meridional vivia com 15,8% da sua população subalimentada (276,4 milhões de pessoas), embora também num quadro de tendência decrescente (em 1990-92 eram 291,7 milhões). Numa situação distinta das anteriores encontram-se a África subsaariana, onde o número de pessoas subnutridas subiu de 176 milhões para 214,1 milhões, apesar de proporcionalmente ter reduzido de 33,3% para 23,8% – neste caso a taxa de crescimento da população superou a expansão do número de subnutridos – e a Ásia ocidental, com uma mais do que duplicação do número de subnutridos, de 8 milhões para 18,5 milhões, e uma subida da proporção de subnutridos face à população total de 8% para 8,7% – a expansão do número de subnutridos superou o crescimento populacional (FAO 2014).
A agricultura é garantia dos meios de subsistência de 40% da população mundial atual e é a maior fonte de rendimento e de emprego em meios rurais a nível global. Aproximadamente 80% das necessidades alimentares dos meios rurais dos países mais pobres a nível mundial são garantidas por cerca de 500 milhões de pequenas explorações agrícolas, na maioria de sequeiro, distribuídas nesses territórios.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

“65% a 75% do volume global de alimentos que nós consumimos têm origem na agricultura familiar”. Entrevista especial com Newton Narciso Gomes Junior

Quarta, 28 de maio de 2014
Do IHU
Instituto Humanitas Unisinos
“Eu, francamente, sou um sujeito bípede e racional, e não como milho cru no cocho e tampouco mastigo soja”, diz o economista.
Os incentivos para o desenvolvimento da agricultura familiar brasileira não passam de um “estímulo de intenções”. A ponderação é de Newton Narciso Gomes Junior, professor da Universidade de Brasília – UnB, em entrevista concedida à IHU On-Line, pessoalmente.

Políticas de estímulo ao desenvolvimento da agricultura familiar, como o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA e a Lei Federal que determina que 30% dos alimentos servidos nas escolas devem provir da agricultura familiar, são reféns do sistema nacional de abastecimento de alimentos, já que o processo de comercialização é oligopolizado. “O que adianta dar um estímulo brutal para a produção de comida da agricultura familiar, se o agricultor não tiver onde colocar esses produtos? (...) As cadeias de supermercado dominam hoje 85% do volume global de alimentos comercializados, as grandes redes controlam mais de 50% e para entrar no supermercado é preciso ter uma escala que a agricultura familiar não tem”, argumenta.

Segundo ele “a agricultura familiar tem uma característica de diversificação da produção, e o supermercado não aceita a diversificação da produção; ele tem um conjunto de produtos que integra os elementos de interesse dele. (...) Você olha para o setor de frutas, legumes e verduras no supermercado e chega a provocar indignação. Por exemplo, em pleno período de inverno tem manga disponível, mas não é período de manga, aliás, você tem todos os produtos que quiser, no dia que quiser, e isso quebra a possibilidade do agricultor familiar, que trabalha com práticas tradicionais e sustentáveis”.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Se não tem pão, comam insetos?

Quarta, 22 de maio de 2013
Por Fernanda Melchionna
un-says-eating-insects-could-fight-world-hunger 
 A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um programa, no dia 13 de maio deste ano, para estimular o consumo de insetos para combater a fome no mundo. Interessante é que a mesma organização em recente estudo, traz que pela primeira vez na história, não existe escassez da produção de alimentos em âmbito mundial e que a produção existente hoje, seria suficiente para alimentar 12 bilhões de pessoas. Ora, como então 18 milhões de pessoas morrem por ano pela falta de alimentos? Ou seja, mais pessoas do que as que moram numa cidade como São Paulo perdem a vida por fome anualmente.

No mesmo dia em que a ONU lançou seu programa, o sociólogo suíço Jean Ziegler, em debate na própria cidade de São Paulo apontou as raízes do problema: as sociedades extremamente desiguais como expressão do modo de produção capitalista e sua concentração. Ele afirmou que 10 empresas controlam a produção de 85% dos alimentos de base comercializados no mundo. Diz ele “O poder político dessas empresas foge ao controle social. 85% dos alimentos de base negociados no mundo são controlados por 10 empresas. Elas decidem cada dia quem vai morrer de fome e quem vai comer”. Sem contar a concentração da terra na mão de grandes latifúndios e a utilização da mesma para a produção de combustíveis, mesmo quando temos 1 bilhão de pessoas que passam fome no mundo.

sábado, 11 de maio de 2013

Como os bancos lucram com a fome do mundo

Sábado, 11 maio de 2013

Por Mauro Santayana 

 

 




  (JB)-Em 1973, quando o muro de Berlim ainda dividia o mundo em dois blocos econômicos e políticos, o então presidente do Banco Mundial, Robert McNamara, disse que todas as nações deviam esforçar-se para acabar com a pobreza absoluta – que só existia nos países subdesenvolvidos – antes do novo milênio. Naquele momento os países ocidentais ainda davam alguma importância à política de bem-estar social, não só como um alento à esperança de paz dos povos, mas também como uma espécie de dique de contenção contra o avanço do socialismo nos países do Terceiro Mundo. A Guerra do Vietnã  com seu resultado desastroso para os Estados Unidos, levou Washington a simular sua boa vontade para com os povos pobres. Daí o pronunciamento de McNamara.
 
           O novo milênio não trouxe o fim  da miséria absoluta, embora tivesse havido sensível redução - mais em conseqüência do desenvolvimento tecnológico - com o aumento da produtividade de alimentos e bens de consumo primário, do que pela vontade política dos governos.
 
           Na passagem do século, marcada pelo desabamento das Torres Gêmeas, o FMI, o Banco Mundial – e a própria ONU - reduziram suas expectativas, prevendo, para 2015, a redução da pobreza absoluta à metade dos índices registrados em  1990. Em termos gerais, essa meta foi atingida cinco anos antes, em 2010. A extrema pobreza, que atingia 41.7% da população mundial em 90, caiu para 22% em 2008 – graças à fantástica contribuição da China e da Índia, conforme adverte Francine Mestrum, socióloga belga, em recente estudo sobre o tema.
 
           Por outro lado, o número absoluto de pobres na África Negra dobrou no mesmo período. A China que, pelo número dos beneficiados, puxou o trem contra a desigualdade, já chegou a um ponto de saturação. Com o seu crescimento reduzido, como se espera, a China levará muitos decênios para baixar o número de seus pobres absolutos à metade.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Pelo menos cinco crianças morrem de fome a cada minuto, diz ONG

Quinta, 16 de fevereiro de 2012
Da "Agência Brasil"

Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A organização não governamental (ONG) Salvem as Crianças divulgou hoje (16) relatório informando que a cada minuto morrem cinco crianças no mundo em decorrência da desnutrição crônica. O documento adverte que cerca de 500 milhões de crianças correm risco de sequelas permanentes no organismo nos próximos 15 anos.

De acordo com a ONG, a morte de 2 milhões de crianças por ano poderia ser prevenida se a desnutrição fosse combatida. O documento informa ainda que embora a fome tenha sido reduzida nas últimas duas décadas, pelo menos seis países são mais afetados – cinco estão na África e o sexto é a Coreia do Norte.

Pelos dados da organização, os países africanos - Congo, Burundi, Comores, Suazilândia e  Costa do Marfim - têm os piores dados referentes à fome no mundo desde 1990. Situação oposta ocorre no Kwait, na Turquia, Malásia e no México, que conseguiram avançar e registrar melhorias.
 
*Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

ONU: 8 milhões de colombianos sofrem com a fome

Segunda, 28 de fevereiro de 2011
A Agencia Pulsar Brasil
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) informou que 8 milhões de pessoas sofrem com a fome na Colômbia. A quantidade é equivalente a 18% da população.


A cada ano, a FAO informou ainda que 15 mil crianças menores de 5 anos morrem por causas relacionadas à desnutrição no país. O órgão considera que a fome é um problema estrutural associado à desigualdade, à corrupção e aos conflitos armados na Colômbia.
O representante da FAO na Colômbia, Carlos Augusto Del Valle, disse que a violência em algumas regiões afeta a disponibilidade de alimentos. Ele afirma que as pessoas afetadas pela fome são principalmente os desempregados e camponeses que estão em áreas marginalizadas.


Em meados de fevereiro, a FAO apoiou a criação de um observatório sobre o direito à alimentação na América Latina. Del Valle explica que o principal objetivo é promover o debate entre universidades, o Executivo, o Judiciário e o Legislativo sobre as políticas a serem implementadas para combater a fome. (pulsar)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Safra nacional de grãos será menor em 2011

Sexta, 7 de janeiro de 2011
Da Radioagência NP
A produção nacional de grãos em 2011 é estimada em 145,8 milhões de toneladas. Uma redução de 2,5% em relação a 2010. O levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou que foram produzidas 149,5 milhões de toneladas de grãos na safra 2010. Na comparação com 2009, a última safra cresceu 11,6%.

A área total colhida em 2010 foi de 46,6 milhões de hectares. Isso representa uma redução de quase 1,5%, quando comparado ao ano anterior. Entre os principais grãos, o arroz teve o pior desempenho. A produção encolheu 10,1% no período avaliado, em função das chuvas excessivas. O Rio Grande do Sul, maior produtor nacional de arroz, foi o principal prejudicado.

O arroz, o milho e soja são as três principais culturas de grãos do país. Segundo o IBGE, somadas, elas representam 91% da produção e respondem por 83,5% da área colhida. A produção da soja cresceu 20,2% no intervalo de um ano.

O Paraná liderou a produção nacional de grãos em 2010, com uma participação de 21,6%, seguido pelo Mato Grosso, com 19,3%, e Rio Grande do Sul, que respondeu por 17% da produção nacional.

De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Mais fome em 2011

Quinta, 6 de janeiro de 2011
Da Agência Pulsar*
Anúncio da FAO aponta para falta de cereais e mais fome em 2011

Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, divulgou relatório estimando que a necessidade de cereais em 2011 deve ser maior que a produção. O desequilíbrio pode gerar aumento da fome entre pobres.

A FAO destacou que no ano passado o preço já deu sinal de alta nos últimos meses. Em dezembro, o trigo ficou 47% mais caro em comparação com o mesmo período de 2009. No último mês de 2010, os preços dos alimentos atingiram o nível mais elevado em 28 meses.

Os dados geram preocupação, mas a FAO ainda não espera para este ano uma crise alimentar. Desde 2008 a agência indica que os países devem estimular a produção de alimentos porque eles poderiam faltar na década seguinte. Contudo, há muitos anos o mesmo órgão das Nações Unidas já admitia que a fome no mundo não é resultado da falta de alimentos, mas da má distribuição.

Entre os fatores que geraram a diminuição da produção e o aumento dos preços está o desequilíbrio climático, apontou o relatório. As chuvas escassas ou em excesso já desestabilizam a agricultura mundial.

O documento também garante que o açúcar e o milho puxaram os preços para cima. Coicidência ou não, os dois alimentos são usados em larga escala para a fabricação de agrocombustíveis, como o etanol do Brasil.
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* Agência Pulsar.