Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Fattorelli propõe revisão do modelo de exploração do nióbio

Segunda, 20 de junho de 2016
Da Auditoria Cidadã da Dívida
O Centro Comunitário da Universidade de Brasília ficou repleto de professores e estudantes durante a palestra da coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli. O evento foi parte do “II Encontro Nacional de Educação – Por um projeto Classista e democrático de Educação”.

Fattorelli falou sobre a origem da dívida tanto da União quanto dos estados, que hoje se encontram numa situação de penúria para custear seus serviços básicos.

“A dívida pública é um crime, pois ela impede que se destinem recursos para a saúde, educação, segurança pública. Isso tem matado as pessoas nas filas dos hospitais e comprometido gerações há anos com a falta de investimentos em educação”, afirmou.
Ela criticou a conivência do Estado com aqueles que exploram nossas riquezas, ao contar a história do nióbio, um mineral estratégico, super valorizado, mas que está indo embora do Brasil sem que o país receba quase nada por isso. “O Canadá possui 2% do nióbio do mundo e vende por quilo. Nós possuímos 98% das reservas mundiais e vendemos a R$ 2 a tonelada. Vão esgotar nossas reservas, como fizeram em alguns países da África, e deixar apenas os prejuízos dessa exploração”.

Estados S/A
O surgimento das empresas de sociedade anônimas nos estados, também foi denunciado por Fattorelli. Segundo ela, essas entidades seriam uma nova forma de gerar dívida pública para os estados. Essas S/As, do tipo Sociedade de Propósito Específico (SPE), emitem papéis que contam com garantias dos entes federados, e assim, a obrigação nasce como uma dívida pública disfarçada de debêntures dessas sociedades anônimas.

“Eu estou escrevendo um artigo e vou intitulá-lo “Como roubar o Estado, lesar o trabalhador e transferir a conta para o estado”, para ver se dessa forma fica claro e as pessoas despertem para o problema”, criticou.

A coordenadora também alertou para os perigos da PEC 241, que congela por 20 anos os gastos do governo, incluindo educação, saúde. Tudo isso para que sobrem mais recursos para o pagamento da dívida pública. “Eles vão constitucionalizar o limite de gastos para pagar uma dívida pautada na fraude, em esquemas ilegais, e nós não poderemos fazer nada, pois estão legalizando essa barbárie”, denunciou.

Sugestões

Mais de 40 pessoas participaram com perguntas e intervenções sobre o tema, relatando a realidade sofrida nos estados, com o sucateamento do serviço público.

Fattorelli reforçou que a batalha pelos nossos direitos e contra o desmonte do Estado é dura e precisa da participação maciça de toda a população, mas de forma consciente e organizada.

“Temos que transcender apenas o repúdio, precisamos de ações, de bandeiras comuns para avançarmos nesses debates, e eu acho que a auditoria da dívida cumpre esse papel”.

Ela sugeriu uma campanha pela revisão do modelo de exploração do Nióbio, com a venda a quilo e com sua receita vinculada à educação. “Essa riqueza extraída da nossa terra precisa ser destinada ao benefício coletivo”, defendeu.

Ao final da palestra, Fattorelli foi bastante ovacionada e aplaudida de pé pelo participantes.