Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Condecorado com o Mérito Alvorada devolve em instantes a medalha a Arruda

Sexta, 18 de dezembro de 2009

Dentro de poucos instantes o governador Arruda vai receber de volta uma Medalha do Mérito Alvorada, uma das mais altas comendas do governo do Distrito Federal. No ano passado, dentre os condecorados estava Georges Michel Sobrinho.
Michel combateu a ditadura, inclusive pegando em armas. Foi preso e depois, exilado, viveu no Chile, Alemanha Oriental, Portugal. Foi um dos signatários, juntamente com Brizola, da Carta de Lisboa, documento que deu origem mais tarde ao Partido Democrático Trabalhista (PDT). Anistiado político, ajudou Brizola a construir o PDT. Integrante do Diretório Nacional do partido, foi por muitos anos presidente da legenda em Brasília. Quem teve a oportunidade de conviver com Michel, sabe que essa seria a sua postura diante do descalabro ético que ocorre em Brasília. A medalha será devolvida no Buritinga.
A seguir a carta de Michel ao ainda governador Arruda.
“Tomo a iniciativa de devolver a Medalha do MÉRITO ALVORADA que me foi concedida o ano passado. Vivo em Brasília desde 1964. Daqui só saí para a prisão e o exílio, justamente por lutar pelo Brasil, por independência e justiça para seu povo. Conheci a Brasília dos sonhos generosos de progresso de JK, Lúcio Costa e Oscar  Niemeyer. Não posso, portanto, carregar como símbolo do amor que dedico a esta cidade e a seu povo algo que está manchado pela mais ignominiosa vergonha, que é se servir da confiança popular para praticar aquilo que todo o Brasil assiste nos vídeos em que o senhor e seus auxiliares entregam-se a cenas deprimentes. Meu partido, o PDT, afastou-se do senhor, enojado. Eu, pessoalmente, tomo a mesma atitude. Meu amor por Brasília não depende de uma medalha conspurcada por quem a concedeu. Este amor prosseguirá em cada dia vivido de rosto erguido em que ainda andarei por suas avenidas. O senhor, no meu entender, não pode fazer o mesmo."