Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

"Auditoria da Dívida": Dilma estuda Reforma da Previdência, enquanto Banco Central dá prejuízo de R$33 bilhões em 2010

 Sábado, 26 de fevereiro de 2011
Artigo publicado originalmente no site "Auditoria Cidadã da Dívida"
O jornal Folha de São Paulo confirma o alerta dado por este boletim dois dias após a eleição da Presidente Dilma (2/11/2010) e mostra que o governo já estuda instituir a idade mínima para a aposentadoria dos futuros trabalhadores do setor privado: 65 anos para homens e 60 para mulheres. Ou seja: uma reforma ainda mais dura que a reforma do Regime Próprio dos Servidores Públicos, feita pelo governo Lula em 2003, quando foi instituída a idade mínima de 60 anos para homens e 55 para mulheres.

O eterno argumento oficial é a suposta falta de recursos, porém a Previdência se insere na Seguridade Social, que é amplamente superavitária. O verdadeiro problema é a destinação de grande parte dos recursos da Seguridade para o “superávit primário”, ou seja, a reserva de recursos para o pagamento da dívida.

Também é interessante relembrar que o recente balanço oficial do governo Lula afirmou que a Reforma da Previdência de 2003 gerou uma “economia” de R$ 26 bilhões em 8 anos, valor este equivalente ao custo de apenas um ano de manutenção das reservas internacionais em dólares pelo Banco Central. Conforme mostra o jornal O Globo, ontem foi aprovado o balanço do Banco Central de 2010, mostrando que este custo foi de R$ 26,6 bilhões no ano passado. Isto ocorre pois as reservas são compradas pelo Banco Central às custas de mais dívida interna (que paga os juros mais altos do mundo) e são aplicadas  principalmente em títulos do Tesouro dos EUA, tendo rendido apenas 1,88% no ano passado.

Além disso, como o dólar se desvalorizou frente ao real no ano passado, o Banco Central perde de novo, dado que fica com o “mico” (o dólar, que se desvaloriza) enquanto deve em reais, na dívida interna, ao mercado financeiro. Em suma: é como se o governo brasileiro resolvesse fazer um investimento supostamente “lucrativo”: usar o cheque especial – que paga juros altíssimos – para comprar um carro, que se desvaloriza com o tempo.

O resultado de tudo isso foi um prejuízo do Banco Central de R$ 32,8 bilhões no ano passado, valor este que é pago pelo Tesouro (ou seja, pelo povo), e poderia garantir um salário mínimo de R$ 660 neste ano.
Membros do Banco Central justificam a opção de acumular uma montanha de reservas em dólares sob o argumento de que isto teria salvo o Brasil da “fuga dos capitais” durante a crise financeira global. Porém, na realidade, houve sim uma grande fuga de capitais na crise, que não teria ocorrido caso fossem instituídos controles sobre o fluxo de capitais.
- - - - - - - - - - - - - - -