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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O golpe militar no Egipto. Uma revolução abortada ou a génese de uma revolução genuína?

Terça, 15 de fevereiro de 2011
 Publicado em resistir.info
por Behzad Majdian
Polícia de choque egípcia. Milhões de pessoas no Egipto e por todo o Médio Oriente irromperam em alegria quando Omar Suleiman anunciou na sexta-feira que Hosni Mubarak havia renunciado.


Os militares egípcio decidiram expelir um ditador muito mal quisto pois isto dava azo à ameaça crescente do nascimento de uma revolução potencial nas ruas do Egipto. Se tivesse sido permitido que continuasse por mais uns poucos dias, o levantamento podia ter redundado numa revolução completa a qual potencialmente poderia destruir o estado egípcio. Para salvar o estado, os militares assumiram o comando e derrubaram o ditador teimoso. O ditador foi lançado borda a fora a fim de salvar a ditadura.


Mas como se pode explicar o júbilo do povo egípcio se aquilo que se verificou no Egipto foi na sua essência um golpe de estado militar? Uma resposta directa parece ser que a maioria dos egípcios pensa do exército como uma instituição nacional e uma força para o bem. Talvez ainda o vejam como o exército de Gamal Abdel Nasser. Contudo, há uma outra explicação possível para considerar um golpe militar como uma revolução. Os egípcios reduziram as expectativas do que uma revolução genuína poderia alcançar ao mero acto de expulsar Mubarak. Isto por sua vez poderia ser explicado por trinta anos de domínio brutal que destruíram estruturas organizacionais de grupos de oposição, encarcerando e eliminado líderes potenciais. O levantamento de dezoito dias no Egipto sofreu com a ausência de uma liderança forte e carismática. Também deixou de produzir uma no decorrer dos acontecimentos. O levantamento também foi carente de formas organizacionais vastas e efectivas.

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