Quarta, 20 de julho de 2011
Por Ivan de Carvalho
Mário Kertész é a peça a
ser posta hoje sob foco. Até porque uma eventual candidatura dele a prefeito da
capital não é somente consenso no PMDB baiano e alvo de reiterados convites do
ex-ministro Geddel Vieira Lima e do deputado Lúcio Vieira Lima, presidente estadual
do partido.
Na semana passada esteve na
Bahia para um evento o presidente nacional do PMDB, Waldir Raup e no discurso
que pronunciou manifestou integral concordância e apoio aos convites que Geddel
e Lúcio haviam feito a Kertész para se filiar oportunamente ao partido e
representá-lo na disputa pela prefeitura da capital.
Mas o PMDB está
verdadeiramente empenhado a fundo em obter a aquiescência (que ainda não houve)
de Kertész para ser candidato à sucessão de João Henrique. Antes que termine o
mês deverá vir a Salvador o vice-presidente da República, Michel Temer, que foi
presidente nacional do PMDB por muitos anos até deixar o antigo cargo (como o
de presidente da Câmara dos Deputados) pelo novo. Temer vem para duas coisas:
ser padrinho em um casamento, coincidentemente de uma filha de um amigo de
Kertész, é uma delas. A outra é convidar pessoalmente Kertész para ingressar no
PMDB e ser candidato a prefeito. O convite tende a ser tanto em privado quanto
público. Coisa séria, portanto.
Kertész anda feliz com o
que tem feito nos últimos muitos anos no rádio baiano. Terá que tomar uma
decisão sobre sua opção de vida, sua qualidade de vida, porque governar
Salvador é dureza. Mas ele já fez isso em duas ocasiões e gostou. Portanto não
se apressem a resolver por ele os simplistas. Nem se impressionem os crédulos
por suas evasivas.
Quanto a não admitir logo a candidatura, é uma
coisa lógica. Primeiro, porque precisa decidir se quer. Segundo, porque ainda
que queira, precisa verificar se pode, isto é, se há uma boa chance de ser
eleito. E para isto precisa esperar por mais configurações do cenário
sucessório. Terceiro, porque está ainda muito cedo e se uma candidatura forte é
admitida, ela passa a ser alvejada por todos os possíveis adversários. Por
enquanto, o ideal parece mesmo manter a discussão pública sobre o assunto, com
o que mantém presença na mídia e vai entrando nas cabeças dos eleitores.
Kertész precisa ainda conhecer pesquisas
eleitorais quantitativas e qualitativas. Ver, por elas, como está junto ao
eleitorado, os setores mais e menos simpáticos, como estão os outros principais
concorrentes e como influem os concorrentes secundários. E medir uma coisa
muito importante: quanto vale para sua candidatura o recall de sua atuação
política anterior, especialmente suas duas passagens (uma vez nomeado e
demitido por ACM, outra vez eleito) pelo cargo de prefeito.
De algumas coisas não há que duvidar. Sua
candidatura em potencial é competitiva, charmosa, tem uma experiência de
prefeito a apresentar e faria uma campanha fácil, comunicativa – ele é, afinal,
um comunicador. Dos bons.
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Este artigo foi publicado originalmente na
Tribuna da Bahia desta quarta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.