Sábado, 23 de julho de 2011
Da Agência BrasilCarolina Pimentel -Repórter
O Ministério da Saúde decidiu limitar os exames de carga
viral em pessoas com aids por causa da falta de reagentes usados no
teste que checa a quantidade do vírus HIV no sangue e acompanha a
eficácia do tratamento.
O baixo estoque de reagentes é resultado da paralisação de uma
licitação feita pelo ministério para comprar testes mais modernos e
rápidos. O processo foi contestado várias vezes por empresas
participantes.
Em nota técnica, o ministério orienta as secretarias estaduais de Saúde
a dar prioridade aos testes em gestantes e crianças de até 4 anos
infectadas. De acordo com o diretor do Departamento de Doenças
Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais, o infectologista
Dirceu Greco, os dois grupos são considerados prioritários porque a
carga viral interfere no parto e no tratamento precoce das crianças..
No caso dos pacientes em tratamento, com carga viral estável ou com
exame marcado, a recomendação é colher e congelar as amostras de sangue
para que sejam testadas quando o fornecimento estiver normalizado.
A
previsão de Greco é que os exames atrasem em um ou dois meses. Segundo
ele, isso não deve atrapalhar o tratamento, mas é um transtorno para os
pacientes.
“Tecnicamente, o tratamento não deve ter prejuízo”, assinalou o
infectologista. “Do ponto de vista individual, é realmente um transtorno
[para o paciente].” Alguns laboratórios públicos já estão armazenando
as amostras, acrescentou, sem informar em quais estado isso já está
ocorrendo. No país, 80 instituições fazem o exame da carga viral do HIV.
Para regularizar o fornecimento, o governo federal fez uma compra
emergencial dos reagentes usados para abastecer os laboratórios por seis
meses. A expectativa, segundo Greco, é que os kits importados
cheguem na primeira semana de agosto. Anualmente são feitos 70 mil
exames de carga viral – em média dois por paciente – no país.