Segunda, 25 de julho de 2011
De http://blogs.estadao.com.br
Por Tatiana de Mello Dias
É o que defendem ativistas para formar uma rede Wi-Fi pública; a prática, porém, pode render até prisão
No telhado da casa de Dana Sniezko, em São Francisco, fica um
roteador. Dali sai um sinal de Wi-Fi de 4 Mbps que pode ser usado por
qualquer um. Não há senha. “Eu deixo a conexão aberta como um serviço
público”, explicou a americana de 27 anos ao Link. “Embora São
Francisco seja uma capital tecnológica, há muitas pessoas que não têm
acesso à internet e, cada vez mais, ela é necessária para fazer a maior
parte das coisas: encontrar uma casa, conseguir um emprego, trabalhar em
serviços sociais e ficar em contato com os amigos”, diz.
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Dana é desenvolvedora web e trabalha para ONGs. Garantir a inclusão
digital em sua cidade é uma de suas bandeiras. Há alguns pontos de Wi-Fi
livre em São Francisco – principalmente em espaços públicos, como
parques, e também operam ali algumas empresas que distribuem pontos de
internet livre pela cidade. Mas a conexão está longe de cobrir toda a
cidade. “A maioria dos cafés hoje restringem as suas conexões”, reclama
Dana.
A bandeira de abrir o Wi-Fi para colaborar para a inclusão digital
não é só dela. A Eletronic Frontier Foundation (EFF), entidade que luta
há mais de 20 anos por liberdade na rede, se prepara para lançar o Open
Wireless Movement (Movimento pelo Wireless Aberto).
“O desaparecimento gradual das redes Wi-Fi abertas é uma ‘tragédia
dos bens comuns’”, escreveu Peter Eckersley, chefe do setor de
tecnologia da EFF, no texto que lança a campanha. (Tragédia dos bens
comuns é uma teoria que diz que, diante de um bem comum, tendemos a
tirar o máximo dele ao mesmo tempo em que contribuímos o mínimo para sua
manutenção.) “Precisamos de um movimento político e tecnológico para
reverter a degradação desse componente indispensável da infraestrutura
da internet.”
Para Eckersley, parte do trabalho é apenas lembrar as pessoas que
abrir as suas redes é a “coisa mais socialmente responsável a fazer”.
Ficar sem internet em uma situação de necessidade, para ele, é como se
ver molhado e sentir frio sob uma tempestade porque ninguém ofereceu
abrigo em um guarda-chuva.