Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O Roriz do Século XXI

Quinta, 28 de julho de 2011
Por Francisco Carneiro De Filippo (Chico)
- Vídeo: Leonardo Ortegal - O MIRACULOSO 
O MIRACULOSO apresenta vídeo exclusivo com integrantes do MTST na ocupação que está se encerrando hoje dia 28 no Minstério das Cidades e o texto:
O Roriz do Século XXI
Estes últimos 10 dias têm sido bastante intensos na mobilização política e social no. Não venho aqui falar da ausência de estratégia e compromisso do GDF com a mudança social. Isto já é fato, pois não se enfrenta a maior desigualdade social do país sem medidas ousadas e que contrariem a ordem vigente. 

Mas isto não quer dizer que o Governo Agnelo seja um todo organizado, sem conflito interno e possibilidade de conquistas ou deslocamentos, seja à esquerda ou a direita. Pelo contrário. A tensão parece ser a constante, ainda mais num momento onde o próprio Governador tem os bens bloqueados pelo roubo descarado que promoveu no Pan de 2007.

Por um lado o GDF, que nunca conseguiu consolidar sua “base” de apoio, tamanho o grau de oportunistas que se agregaram ao longo do caminho, enfrentou sua primeira grande crise nesta seara com a exoneração de Luis Pittman. Pittman é o empreiteiro, aliado histórico de Arruda, recebido de braços abertos na campanha de Agnelo, mas que achou que poderia seguir os passos de seu mestre ao fazer das obras públicas superfaturadas um patrimônio individual vendido ao povo como benesse.

Por outro lado, a ocupação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST no Km 16 da BR 070 marcou o ponto de conflito da política habitacional criada pelo Secretário de Habitação Geraldo Magela com as necessidades reais do povo pobre e trabalhador deste DF e entorno.

Cabe antes resgatar um pouco da história recente. A primeira ocupação do MTST no DF remonta a um ano, quando da ocupação de mais de 500 famílias em Brazlândia, questionando a política habitacional e de especulação imobiliária no DF. Após este grande ato, o Governo Federal, por meio do Ministério das Cidades, o GDF e a Terracap iniciaram um processo de negociação com o Movimento no reconhecimento de sua legitimidade social e de princípios pautados pelo respeito e compromisso com as famílias envolvidas. Tal a surpresa que, na virada de Governo, a nova gestão de Magela não só cancela toda a negociação anterior como não mais se dispõe e a dialogar com o MTST.

Passados 6 meses sem negociação, Magela anuncia seu programa habitacional: construção de 10 mil casas populares, recadastramento da lista da CODHAB e manutenção do percentual de 40% destinados às fatídicas cooperativas. Era a constatação de que não existia mais negociação.

Restou uma única saída ao MTST: promover nova ocupação e pressionar com aquilo que o movimento social deve fazer: povo organizado, consciente de seu papel na história e firme na sua luta. A área escolhida: um terreno particular, de onde o GDF não poderia retirar sem mandato de reintegração.

A semana que se seguiu á ação da madrugada do dia 16 de julho foi repleta de surpresas: ameaça de despejo por conta de interesses mesquinhos do Administrador de Ceilândia no primeiro dia. Início de despejo, sem mandato reintegração de posse no terceiro dia. Tal fato foi contornado pela pressão externa. Despejo violento e ilegal no quinto dia. Ameaça criminosa de não cadastramento das famílias. Total desrespeito com as famílias ocupadas em frente ao Buriti. Ida de Agnelo à imprensa para criminalizar o movimento, associá-lo a política de ocupações rorizistas, nova ocupação no Ministério das Cidades, bloqueio da mídia ás ações. Acorrentamento dos(as) militantes até a conquista.