Sábado, 2 de julho de 2011
Por
Ivan de Carvalho
Ontem, na véspera do 2 de Julho, data magna da Bahia
como nos foi ensinado nas escolas – sem considerar a data concorrente do
Descobrimento do Brasil, também aqui ocorrido – o deputado Rui Costa, do PT e
relator de projeto de lei de outro petista e também baiano, Luiz Alberto, fala
ao repórter Cláudio Leal, do Terra Magazine, sobre a mudança do nome do Aeroporto
Internacional de Salvador Deputado Luís Eduardo Magalhães.
A novidade na entrevista é a revelação,
absolutamente explícita, do apoio do governador Jaques Wagner à proposta de se retornar
à denominação anterior de Aeroporto Internacional de Salvador 2 de Julho. Sendo
o deputado Rui Costa um dos parlamentares mais ligados ao governador, de quem
foi o secretário de Relações Institucionais (responsável pela maioria das
articulações políticas) durante o primeiro mandato, não há que duvidar da
exatidão dessa revelação.
Antes dela, a posição do
governador era, pelo menos, extremamente discreta ou mesmo desconhecida, mas havia
uma tendência para considerar que ele não tinha qualquer interesse em
envolver-se com o assunto. Ante seu duradouro silêncio, era legítimo pensar
assim.
Primeiro, porque quando o
deputado Luís Eduardo Magalhães, do PFL, ex-presidente da Câmara federal e na
ocasião líder do governo Fernando Henrique, morreu de surpresa – a expressão
adequada é esta mesma –, fulminado por um ataque cardíaco, o então deputado
Jaques Wagner (que pessoalmente o tinha entre seus amigos apesar das
divergências políticas) não ficou alheio à comoção que atingiu o Congresso
Nacional e votou a favor da proposta de troca de nome do aeroporto de Salvador,
como homenagem ao líder político morto em 21 de abril de 1998.
Segundo, porque ante a
insistência de políticos, principalmente do PSB (Lídice da Mata e Domingos
Leonelli à frente), para criar um movimento amplo com o objetivo de desfazer a
troca de nome do aeroporto ocorrida em 1998, Wagner deu a entender, sutilmente,
que já providenciara certa compensação, ao denominar de 2 de Julho o complexo
viário que construiu para o aeroporto. É possível (apenas uma impressão minha)
que o governador Wagner já não agüentasse mais o zumbido dos que pressionam
pela mudança.
Mas é evidente que há
argumentos válidos, tanto contra uma mudança do atual nome do aeroporto quanto
a favor do retorno ao antigo nome. Claro que o 2 de Julho é uma marca forte na
história da Bahia e tem significado na Independência do Brasil como um todo. Mas
já tem um hino, um desfile, um Largo 2 de Julho, a mais importante praça da
capital, a Praça 2 de Julho (Campo Grande), um complexo viário importante. E
mil coisas mais, tipo filarmônicas, escolas, espalhadas pelo território baiano.
Residi durante anos numa
pequena cidade do interior baiano, Itiúba. A rua central da cidade chamava-se
Avenida Getúlio Vargas. Getúlio determinara a construção de um grande açude no
município, o Açude de Jacurici. É ele que abastece a cidade, entre outras
utilidades. Tempos depois veio Lomanto Júnior e construiu, por delegação da
União, a Rodovia Lomanto Júnior, um estirão de Capim Grosso a Juazeiro.
Passa a 29 quilômetros da
cidade de Itiúba. A Avenida Getúlio Vargas passou a chamar-se Avenida Lomanto
Júnior. Mas hoje ela tem outra vez o nome de Getúlio Vargas. Ante esse tipo de
coisa, há que perguntar se o ex-governador Octávio Mangabeira terá seu nome
apagado da Fonte Nova ou quando o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro Tom
Jobim voltará a ser, oficialmente, chamado de Galeão.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.
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Comentário do Gama Livre: Bem que aqui para as bandas do Distrito Federal
poderia surgir um movimento para garantir que o grande Mané Garrincha continue a
dar o nome ao estádio de futebol. Estão derrubando o Mané para dar lugar à
milionária “Arena Nacional de Brasília”. Por enquanto milionária, mas com essa
história de RDC, Regime Diferenciado de Corrupção, ops! Contratação, acabará
sendo “bilionária”.