Sábado, 17 de março de 2012
Da Agência Brasil
A implantação de faixas exclusivas para ônibus em grandes
cidades, como vem ocorrendo recentemente no Distrito Federal (DF), não é
a única solução para atrair mais pessoas para o transporte público e
assim diminuir o número de carros nas vias públicas. Na avaliação do
professor do Programa de Pós-Graduação em Transportes da Universidade de
Brasília (UnB) Paulo César Marques da Silva, o mecanismo melhora a
qualidade do transporte público, porque diminui o tempo da viagem, mas
ainda é preciso investir na qualidade e no aumento da frota. “Para
atrair o usuário do carro para o ônibus, não basta diminuir o tempo de
viagem, tem que ter um maior conforto, uma frequência maior, com mais
oferta de veículos.”
O especialista lembra que as faixas exclusivas são utilizadas em
grandes cidades como o Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, e até mesmo
em municípios pequenos, como Juiz de Fora (MG). O objetivo da medida é
distribuir melhor o espaço de circulação entre ônibus e carros. Segundo
ele, nas vias do Distrito Federal onde a medida foi implantada, cerca de
70% das pessoas que transitam no horário de pico viajam de ônibus e 30%
estão nos carros. “No entanto, a quantidade de carros é tão grande que
satura a via e prende todo mundo na via, inclusive os passageiros de
ônibus, que são em número muito maior.”
Para o professor, o transporte público coletivo é a melhor maneira de garantir a universalização do direito à mobilidade. “Não é sustentável a gente imaginar que todo mundo vai andar de carro, e que a cidade pode viver bem assim”. Ele lembra que em várias cidades do mundo, como Londres, existem espaços restritos à circulação de automóveis, inclusive com a cobrança para que os carros possam trafegar.
Em Brasília, onde três grandes vias receberam faixas exclusivas de
ônibus recentemente, a medida divide opiniões.
O estudante Rodrigo dos Santos Monteiro, de 17 anos, acredita que a faixa de circulação exclusiva dos coletivos é uma boa solução para quem precisa utilizar o serviço. "A faixa para os ônibus vai trazer benefícios [para os usuários] nas cidades satélites do Distrito Federal. O tempo de viagem melhorou um pouco, apesar das más condições dos ônibus e pelo fato de muitos motoristas ainda não respeitarem a faixa que é para a circulação dos ônibus e não para os carros", disse.
O estudante Rodrigo dos Santos Monteiro, de 17 anos, acredita que a faixa de circulação exclusiva dos coletivos é uma boa solução para quem precisa utilizar o serviço. "A faixa para os ônibus vai trazer benefícios [para os usuários] nas cidades satélites do Distrito Federal. O tempo de viagem melhorou um pouco, apesar das más condições dos ônibus e pelo fato de muitos motoristas ainda não respeitarem a faixa que é para a circulação dos ônibus e não para os carros", disse.
Já a vendedora Juliana Teixeira dos Santos, 27 anos, avalia que a
faixa exclusiva não melhorou as condições do transporte público
coletivo. "Eu pego oito ônibus por dia e o transporte público ainda está
péssimo e a cada dia fica pior. Demora muito para você pegar um ônibus,
quando você consegue sempre está lotado de passageiros. O governo
deveria colocar mais ônibus, com qualidade, para que reduzisse o número
de carros na rua."
Segundo o governo do Distrito Federal, a criação das faixas
exclusivas faz parte do novo modelo de transporte público que está sendo
implantado, que também prevê a licitação para renovar a frota e as
linhas de ônibus da capital, aberta em 2 de março. Em breve, mais cinco
vias do Distrito Federal ganharão corredores exclusivos.