Quarta, 18 de julho de 2012
Por Ivan de Carvalho

Um dos alvos exploratórios
do PMDB seria o Democratas, segundo se especula no meio político, ressalvando
que os resultados das eleições deste ano para prefeitos e vereadores deverão
influir muito numa decisão do DEM a respeito. É óbvio que um bom resultado para
os democratas tenderá a estimular a persistência da legenda, enquanto um
resultado expressivamente abaixo do esperado mostraria, supostamente, uma
inviabilidade de a legenda permanecer autônoma e estimularia, portanto, a
fusão.
No entanto, ainda que venha
a prevalecer a hipótese de uma fusão, o PMDB não seria o único candidato a
absorver o DEM. Este teria no PSDB uma opção, de certo modo mais coerente ou
menos incoerente, pois o DEM é um partido na oposição ao projeto de poder do PT
e o PSDB também se coloca nessa linha, enquanto com o PMDB acontece algo muito
diferente: durante o primeiro governo Lula esteve dividido, com o “PMDB do
Senado” apoiando o governo e o “PMDB da Câmara, então majoritário no partido,
fazendo oposição, ainda que reticente, vacilante, como reticente e vacilante
tem sido a oposição do PSDB desde que o PT chegou ao poder.
Mas já para a reeleição de
Lula o PMDB apresentou-se inteiro como apoiador do candidato e aliado do PT,
tendo na eleição da petista Dilma Rousseff participado da chapa, indicando seu
então presidente, deputado Michel Temer, para candidato a vice-presidente da
República. Após a eleição de Dilma, o PMDB já foi alvo de muita pancadaria
desferida pelo governo e pelo PT, mas continua sem largar o osso. A carne ainda
existe para o PMDB, mas diminuiu a olhos vistos. Se continuar com eles
fechados, quando os abrir verá que, além do osso, restam-lhe apenas pelancas.
Talvez, intuindo isto, o PMDB, tentando recauchutar a musculatura, esteja tão
interessado em fusões com outras legendas.
Uma fusão do DEM com o PSDB
é ruim, pois as ideias desses dois principais partidos de oposição não são
iguais, nem iguais são seus eleitorados. Com o PMDB também seria ruim, já aí
por dois motivos: enquanto o DEM, apesar dos pesares, tem um ideário, o PMDB já
não tem. Além disto, o DEM é oposição ao projeto de poder do PT e o PMDB tem
auxiliado o PT a executar seu projeto. Isso tira qualquer sentido a uma
eventual fusão PMDB-DEM.
Ex-vice-presidente nacional
do Democratas e presidente da seção baiana da legenda, José Carlos Aleluia
descartou, ontem, a possibilidade de fusão de seu partido com o PMDB. Alegou
exatamente a posição de participante do governo Dilma deste partido. “Somos
independentes e não faremos fusão com partidos governistas”, disse. Para
Aleluia, o DEM precisa se firmar como alternativa ao atual governo,
representando “o centro-democrático, a democracia cristã”.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quarta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.