Quarta, 11 de julho de 2012
Por Ivan de Carvalho

Nesse momento de partida da
campanha eleitoral oficial – a informal e supostamente dissimulada está aí faz
algum tempo, com maior ou menor ênfase a depender dos candidatos e das forças
que os apoiam – avaliações técnicas são importantes, não para se prever o
vencedor, mas para conhecer as inclinações do eleitorado no momento em que,
após todas as definições dos partidos, as campanhas dão seus primeiros passos e
são planejados os seguintes, bem como a estratégia geral de cada postulante.
Não é segredo para ninguém
que, até aqui e neste momento, o deputado ACM Neto, candidato da coligação
liderada pelo Democratas e composta ainda pelo PSDB, PV, PPS e PTN, está muito
à frente dos demais concorrentes.
Há uma escadaria que dá acesso ao Palácio Thomé
de Souza, sede do governo municipal construída por Mário Kertész no seu segundo
mandato de prefeito. Se usássemos essa imagem da escada, poderíamos dizer que
ACM Neto está 26 degraus acima do 15º degrau onde se encontra o deputado Nelson
Pelegrino, candidato de uma coligação liderada pelo PT e que reúne 15 partidos,
alguns freneticamente atraídos para a aliança nos últimos dias anteriores à
convenção petista, o que passou a impressão de uma certa aflição ou, no mínimo,
preocupação.
Mas até aí não há propriamente surpresa, apenas
uma confirmação de outras avaliações que já vinham sendo feitas – pelo
“olhômetro” dos políticos e por meios mais sofisticados do que esse –, mas com
um sabor de mais atualidade. A verdadeira surpresa, se houver, é que o
radialista e ex-prefeito Mário Kertész está, com a sua modesta coligação de
dois partidos – PMDB e PSC – apenas um degrau abaixo de Pelegrino na escada do
Palácio Thomé de Souza. Isso costuma ser considerado como pau a pau.
É cedo para conclusões, mas é evidente que, para
começo de campanha, Kertész, que entrou nela por último, após um período de
indefinições, deve estar feliz. Já quanto ao PT e sua coligação, o sentimento
talvez continue sendo de preocupação.
Por falar neste sentimento, ontem o magistério
estadual decidiu perseverar na greve que já atinge seus 93 dias. Quando se
acrescentam a isso os dias sem aulas por causa da greve na Polícia Militar,
fica difícil não pensar em um ano letivo perdido. Talvez não seja um fato
consumado, mas pode vir a ser e, mesmo que não, essa crise terá causado
prejuízos e perturbações grandes para muita gente. É um foco de insatisfação –
coisa que não interessa, eleitoralmente falando, ao governo e tende a empurrar
eleitores para candidatos das oposições.
No momento, um fantasma se insinua na sucessão
municipal. O que era antes impensável – um segundo turno sem candidato
governista – está posto como hipótese de trabalho. Ela, agora, não pode ser
descartada.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quarta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.