Domingo, 1 de julho de 2012
Na Câmara, Juruna entregava os recortes à sua
assessoria, como se fosse ele que tivesse lido, dizia o discurso que ia fazer,
como queria fazer, escreviam o discurso para ele, liam, reliam, ele ia para a
tribuna e enganava 500 políticos que se consideravam muito mais sábios e
espertos do que ele.
Como se estivesse lendo, Juruna ia falando e pondo
as folhas ao lado, uma a uma. Não lia nenhuma. Mas ia falando mais ou menos o
que estava em cada uma. É só conferir nas notas taquigráficas da Câmara. O que
ele falava era mais ou menos o que estava escrito, mas não era o que estava
escrito, porque Juruna não sabia ler, só escrevia o nome. Era um genial
analfabeto.
Um dia, em Roma, muito tempo depois, à beira de um
Brunello di Montalcino, contei essa história a Ulysses Guimarães. Ele ficou
besta:
- Que índio filho da puta. Me enganou quatro anos.
(Do artigo de Sebastião Nery, publicado hoje na Tribuna da
Internet)