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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Juíza da Vara de Execução de Medidas Socioeducativas do DF visita Caje e recomenda mudanças

Quarta, 19 de setembro de 2012
Fonte: TJDF - 19/9/2012
Nesta terça-feira, dia 18/9, as juízas Lavínia Tupy, titular da Vara de Execução de Medidas Socioeducativas do DF (VEMSE/TJDFT), Joelci Diniz e Cristiana Cordeiro, ambas representando o Programa Justiça ao Jovem, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), inspecionaram a Unidade de Internação do Plano Piloto (UIPP), conhecida como Caje. A comitiva foi acompanhada pelo diretor da unidade, Renato Vilela de Souza, e pela subsecretária do Sistema Socioeducativo, Ludmila de Ávila Pacheco.

Mesmo depois da transferência da ala feminina e de 25 jovens com 18 anos ou mais para outros centros de internação, o Caje ainda padece de superlotação. A maior parte dos alojamentos abriga mais de dois adolescentes, o que contraria o Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo). Os jovens também se queixam do ambiente abafado e da ociosidade.

Alívio ao excesso

Uma minuta de termo de compromisso foi entregue ao Governador do DF na segunda-feira (17/9) pelo CNJ e pela juíza da VEMSE, representando o TJDFT. Entre as propostas para aliviar o excesso de internos no Caje até que o GDF entregue as obras de pelo menos três novas instituições até 2013 estão a transferência de adolescentes que já usufruem algum benefício autorizado judicialmente, como as saídas nos finais de semana, o deslocamento de jovens adultos que cumprem medida socioeducativa para estabelecimento adequado à faixa etária, além de local apropriado para adolescentes que atualmente pernoitam no Caje.

A juíza Lavínia informou que a VEMSE está fazendo revisão dos processos dos adolescentes com idade de 18 anos ou mais vinculados aos estabelecimentos de internação do DF e que estão no final do cumprimento da medida, a fim de ouvir o Ministério Público e a defesa para depois decidir se é caso de liberação ou de progressão para uma medida socioeducativa mais branda, como a semiliberdade. No Caje, o quantitativo nessa faixa etária chega a 87 jovens. “São medidas processuais que contribuirão para amenizar a superlotação de adolescentes nas instituições”, asseverou a magistrada.

Prestes a abrir suas portas, o Núcleo de Atendimento Integrado (NAI) deverá receber os jovens para pernoite, o que evitará que sejam encaminhados ao Caje como acontece atualmente. O NAI fará o atendimento inicial dos adolescentes em conflito com a lei por equipes do TJDFT, Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, Defensoria Pública, Secretarias da Criança, do Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, de Segurança Pública e de Saúde, bem como da Polícia Militar.

Outras condições

Além do problema da superlotação, as juízas analisaram as condições nas quais vivem os socioeducandos e cobraram do Caje uma relação dos adolescentes que estão estudando. A escolarização, o lazer, a profissionalização e o esporte são atividades exigidas em lei que o Poder Judiciário enfatiza nas inspeções e que constam do termo de compromisso a ser firmado.

Ao visitar a enfermaria do Caje, as juízas ouviram dos profissionais de saúde que muitos adolescentes recebem maços de cigarro dos familiares. As juízas recomendaram uma campanha de combate ao tabaco, para a descontinuidade do uso e a conscientização das famílias. Em relação à drogadição, problema frequente entre os jovens, Lavínia lembrou ao Governador Agnelo Queiroz, na reunião do dia 17/9, a necessidade da instalação de unidade específica para tratamento de adolescente dependente químico.

A adequação quantitativa e qualitativa da equipe de agentes, pedagogos, psicólogos, assistentes sociais e demais profissionais também preocupa o Judiciário. Nesse aspecto, o governo anunciou a contratação de 122 servidores aprovados em concurso público para serem lotados na UIPP. Porém, também é preciso capacitá-los e criar mais cargos visando prover as unidades de Brazlândia, São Sebastião e Santa Maria, em construção, e as de Sobradinho e Gama, em fase de licitação.

VEMSE

Há pouco tempo inaugurada, em 15/8, e contando com a redistribuição de 10 mil processos em trâmite, a VEMSE é conduzida com disposição pela juíza Lavínia, que diz visualizar boas alternativas para enfrentar as dificuldades, aspectos destacados pela Subsecretaria do Sistema Socioeducativo e pela juíza do CNJ Cristiana Cordeiro. “Estamos vivendo um momento favorável com a criação de uma vara exclusiva para cuidar da execução das medidas socioeducativas no Distrito Federal”, afirmou Cristiana.

Desde que assumiu, a juíza da VEMSE se reúne com as chefias das unidades executoras de medidas socioeducativas para ouvi-las, prestar esclarecimentos e acertar procedimentos mais céleres para os processos, tais como a utilização de comunicações virtuais entre os órgãos. Segundo a direção do Caje, os relatórios informativos e avaliativos dos adolescentes internos estão chegando à VEMSE com mais celeridade, após a intervenção da juíza.