Segunda, 3 de setembro de 2012
Danilo Macedo e Heloisa CristaldoRepórteres da Agência Brasil
Assim como o relator do caso, o ministro-revisor da Ação
Penal 470, o chamado processo do mensalão, considerou hoje (3) culpados
do crime de gestão fraudulenta de instituição financeira os réus Kátia
Rabello e José Roberto Salgado. “Os dirigentes do Banco Rural, usando
expedientes fraudulentos, simularam uma situação contábil que, de fato,
não existia", disse Ricardo Lewandowski.
Pelo crime de gestão fraudulenta, ainda serão julgados pelo revisor os
também ex-diretores do Banco Rural Vinícius Samarane e Ayanna Tenório.
Lewandowski disse que os administradores do Banco Rural fizeram crer
que a situação financeira da instituição era melhor que a realidade e
que as empresas SMP&B e da Grafitti, de Marcos Valério, não
demonstraram capacidade de pagar os empréstimos adquiridos. “Me parece
que houve aqui não um empréstimo, mas um negócio de pai para filho. Os
valores emprestados eram incompatíveis com a capacidade financeira do
tomador dos empréstimos".
O ministro ressaltou que, apesar da classificação de riscos ser
subjetiva, o laudo dos peritos do Banco Central revela que “o Banco
Rural ultrapassou, em muito, os limites considerados comuns para esse
tipo de análise” em relação aos empréstimos para as empresas de
publicidade. Segundo o revisor, algumas ações de Marcos Valério mostram
que ele atuava como relações públicas da instituição financeira na
relação com diversos órgãos e o governo federal.
Como as empresas não demonstraram garantias suficientes para honrar os
empréstimos e, ainda assim, eles foram concedidos e renovados, o revisor
considerou o empréstimo “fictício”. Não por não terem sido concedidos,
mas porque foram simulados por meio de prorrogações nos prazos de
pagamentos.
O ministro pediu para que a sessão fosse interrompida, retornando na
quarta-feira (5), para continuar seu voto. Com a finalização do voto de
Ricardo Lewandowski, o julgamento segue para votação dos ministros da
Corte, por ordem decrescente de antiguidade. A próxima a se manifestar
será a ministra Rosa Weber.