Segunda, 17 de março de 2014
*Da Agência Brasil
— Edição: Graça Adjuto
Um total de 96,6% dos eleitores da Crimeia votou a
favor da reunificação com a Rússia no referendo desse domingo (16),
informou hoje (17) o presidente da Comissão Eleitoral da Crimeia,
Mikhailo Malychev. "Esses dados já não variam", disse Mikhailo Malychev,
que estimou em 82,71% a participação na consulta feita na península
banhada pelo Mar Negro.
"Resultados definitivos do referendo em 96,6 a favor!”, escreveu, por
sua vez, o primeiro-ministro pró-Rússia da Crimeia, Serguii Axionov, em
sua conta no Twitter. Em sessão extraordinária, o Parlamento da Crimeia
vai aprovar hoje os resultados do referendo e, em seguida, pedir ao
presidente russo, Vladimir Putin, que aceite a República Ucraniana na
Federação Russa.
O
referendo, que incluiu duas perguntas - “Aprova a reunificação da
Crimeia com a Rússia como membro da Federação Russa?” e “Aprova a
restauração da Constituição da Crimeia de 1992 e o Estatuto da Crimeia
como parte da Ucrânia?” - é considerado ilegal pelas novas autoridades
de Kiev e pela maioria da comunidade internacional. Só Moscou defende
que se trata de uma consulta “legítima”.
As autoridades autônomas da Crimeia convocaram o referendo de domingo
na sequência da deposição do presidente ucraniano pró-Rússia, Viktor
Ianukóvitch, em fevereiro, após três meses de violentos protestos em
Kiev, liderados pelas forças da oposição.
Depois da queda de Ianukóvitch, forças apoiadas pela Rússia assumiram
o controle da península do Sul da Ucrânia, transformada no foco do mais
grave conflito entre Leste e Ocidente desde o fim da Guerra Fria.
Seis décadas após a decisão unilateral do então dirigente soviético
Nikita Khrushchev, de anexar essa região tradicionalmente russa à
Ucrânia, as respostas às duas questões colocadas aos eleitores da
Crimeia no referendo poderão definir por muito tempo as relações entre a
Rússia e o Ocidente.
Em um território habitado majoritariamente por 58,32% de russos,
24,32% de ucranianos (ambos de religião ortodoxa) e 12,1% de tártaros da
Crimeia (muçulmanos), previa-se que o desfecho da consulta não fosse
surpreendente, depois de uma sondagem recente ter previsto um “sim”
esmagador à união com a Rússia.
*Com informações da Agência Lusa