Sexta, 16 de maio de 201
Como afilhados políticos de Edison Lobão e Renan Calheiros quase levaram o Postalis, fundo de pensão dos Correios, à ruína
Da Revista Época que circula neste final de semana
DIEGO ESCOSTEGUY, COM MARCELO ROCHA E LEANDRO LOYOLA
Da Revista Época que circula neste final de semana
DIEGO ESCOSTEGUY, COM MARCELO ROCHA E LEANDRO LOYOLA
16/05/2014 22h20
- Atualizado em
16/05/2014 23h06
No final do governo Lula, um jovem e brilhante operador do mercado financeiro ascendia no rarefeito mundo da elite política de Brasília.
Era Fabrizio Neves, dono da Atlântica Asset, empresa que montara fundos
no mercado financiados sobretudo pelo Postalis, fundo de pensão dos
Correios. O Postalis era comandado por afilhados do ministro de Minas e
Energia, Edison Lobão, e do senador Renan Calheiros,
ambos do PMDB. Fabrizio dava festas e promovia jantares em Brasília e
São Paulo. Num deles, contratou o cantor Emílio Santiago e um dos
pianistas que tocavam com Roberto Carlos. Colecionador de armas, dono de
bom papo, Fabrizio fez amizades com políticos, diretores do Postalis e
lobistas – a maioria deles ligada ao PMDB. Segundo seis desses altos
quadros do PMDB, Fabrizio participava também das reuniões em que se
discutia o financiamento das campanhas em 2010. Com pouco tempo de
Brasília, Fabrizio já se tornara um homem poderoso na capital.
Sobre Fabrizio, sabia-se apenas que ele morara em Miami, onde fizera
fortuna no mercado financeiro. No Brasil, ele estava em alta; nos Estados Unidos,
era caçado por credores e pelos investigadores da Securities and
Exchange Comission, a SEC, órgão que regula o mercado financeiro
americano. Acusavam-no de ser o arquiteto de uma fraude que envolvia o
dinheiro arrecadado no Postalis. A caçada judicial terminou recentemente
nos Estados Unidos, e suas consequências ainda não se fizeram sentir no
Brasil. A ascensão de Fabrizio por lá se deu com dinheiro daqui –
dinheiro dos carteiros e funcionários dos Correios, que financiam suas
aposentadorias contribuindo para o Postalis. A queda de Fabrizio
terminou por lá. Mas ainda promete começar por aqui. E isso aterroriza o
PMDB.
A história de Fabrizio, contada em documentos confidenciais obtidos por
ÉPOCA nos Estados Unidos e no Brasil, ilustra à perfeição o efeito
devastador da influência da política nos fundos de pensão das estatais. É
um problema antigo, que resulta em corrupção e prejuízos aos fundos.
Ele atingiu novo patamar no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, com a ascensão de sindicalistas ligados ao PT à direção de
fundos como Previ, do Banco do Brasil, ou Petros, da Petrobras.
O caso do Postalis, maior fundo do Brasil em número de participantes
(110 mil), é especial. Foi o único fundo de grande porte aparelhado, no
governo Lula, pelo PMDB. Por indicação de Lobão, o engenheiro Alexej
Predtechensky, conhecido como Russo, assumiu a presidência do Postalis
em 2006. Com o apoio de Lobão e Renan, o administrador Adílson Costa
assumiu o segundo cargo mais importante do Postalis: a diretoria
financeira.
Leia a íntegra em:
http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2014/05/b-evidencias-de-fraudeb-no-fundo-dos-correios-ligado-ao-pmdb.html