Afastada do cargo desde que o Senado determinou a abertura do processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff é uma das grandes estrelas da delação premiada do ex-deputado Pedro Corrêa. Ex-presidente do Partido Progressista, Corrêa narra uma profusão de episódios de corrupção envolvendo a petista que, analisados em conjunto e se confirmadas, implodem de vez a imagem da presidente imaculada e incorruptível.
As narrativas de Corrêa que envolvem Dilma Rousseff nas falcatruas dos caciques do PP começam no anexo 9 da delação.
JANTANDO COM O PP – A presidente é personagem de um jantar que marca a origem das articulações do PP para entrar no petrolão. Segundo Corrêa, em 2003, os caciques progressistas, liderados pelo ex-deputado José Janene, já morto, organizaram o evento numa mansão que o ex-tesoureiro do PP João Claudio Genu, atualmente preso pela Lava-Jato em Curitiba, mantinha em um bairro nobre de Brasília. A convidada especial da noite era ninguém menos que a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. O governo Lula, então nos seus primeiros meses, já discutia uma ampla reforma no setor elétrico.
De 2003 a 2005, Otávio Pessoa Cintra ocupou o cargo de gerente da
Petrobras América, no Texas, EUA. Ali, ele teve contato com o escândalo
que está na origem de tudo e garante que avisou seus superiores na
ocasião. "Tomei conhecimento em 2014 que Dilma sabia de tudo". ...
Sua identidade nunca foi revelada, mas ele está no melhor lado da Lava
Jato. Como informante, ajudou a Polícia Federal a dar os primeiros
passos para desvendar o esquema de corrupção na Petrobras. Seu nome é
Otávio Pessoa Cintra. Ele é engenheiro, tem 55 anos e é funcionário da
estatal há 30 anos. De 2003 a 2005, Cintra ocupou o cargo de gerente da
Petrobras América, braço da estatal no exterior, com sede em Houston, no
Texas, Estados Unidos. Ali, ele teve contato com o escândalo que está
na origem de tudo: a compra, altamente superfaturada, da refinaria de
Pasadena, também em Houston. Em entrevista a VEJA, Cintra garante:
"Pasadena era um projeto secreto". A história de Cintra mostra como um
funcionário da estatal teve acesso a informações comprometedoras e
tentou, sem sucesso, alertar seus superiores para o que estava
acontecendo. Ele conta que mandou recado para a então ministra Dilma
Rousseff na época. E soube, há dois anos, que seu recado chegou à
destinatária. "Tomei conhecimento em 2014 que Dilma sabia de tudo."
Ex-presidente prestou depoimento aos investigadores em 4 de março, quando foi deflagrada a 24ª fase da Lava Jato
Por: Laryssa Borges, de Brasília
Ao longo de oito anos de governo, o ex-presidente Lula se
apegou com unhas e dentes à retórica de que nada sabia sobre as
traficâncias em série operadas por petistas graúdos com gabinete no
Planalto. A cantilena foi utilizada pelo petista para tentar se descolar
do escândalo do mensalão, para não prestar contas sobre o aporte
milionário que o primogênito, Fábio Luís Lula da Silva, recebeu da
antiga Telemar (hoje Oi), e mais recentemente como discurso para se
afastar da roubalheira instalada na Petrobras. Investigado no petrolão, o
petista, que se autoproclamou a "alma mais honesta deste país", foi
levado coercitivamente a depor no último dia 4 de março e, a exemplo do
que fez durante os mandatos que passou à frente do Palácio do Planalto,
não "soube explicar" doações de empreiteiras, a rotina de arrecadação de
sua campanha à reeleição e nem como o instituto que leva seu nome
recebia mais de 20 milhões de reais em doações de construtoras
investigadas na Operação Lava Jato.
Lula foi ouvido em depoimento no início do mês, quando ficou
por quase quatro horas diante dos investigadores em uma sala reservada
no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Sempre que foi questionado
sobre o funcionamento do Instituto Lula ou da remuneração da LILS,
empresa de palestras dele e beneficiária de quase 10 milhões de reais de
empreiteiras ligadas ao petrolão, disse não "gostar de participar das
decisões" do instituto. Chegou a alegar que não cuida sequer das
finanças de sua casa. O petista disse que as empresas não o procuravam
espontaneamente para fazer doações, mas negou que ele próprio tenha
intercedido em busca de recursos. "Não faz parte da minha vida política.
Desde que estava no sindicato eu tomei uma decisão: eu não posso pedir
nada a ninguém porque eu ficaria vulnerável diante das pessoas. Não
[pediu dinheiro] e pretendo não pedir nos últimos anos que eu tenho de
vida", alegou o ex-presidente. O fluxo financeiro do Instituto Lula,
afirmou, "é menos do que eu precisava".
Lava Jato localiza
diálogos de empreiteiro com seus funcionários sobre as exigências de
Lula, o “chefe”, e Marisa, a “madame”, nas reformas do sítio em Atibaia e
do tríplex no Guarujá
Por Rodrigo Rangel, Revista Veja / Blog do Sombra
Por que Lula e Marisa deram as diretrizes para as reformas no tríplex
do Guarujá e no sítio de Atibaia se não são seus donos? Por que a OAS,
que tem seu presidente e outros executivos condenados por crimes na
Operação Lava-Jato, gastou milhões com Lula? ...
Dinheiro repassado pelas empresas
cujas cúpulas foram presas na Operação Lava Jato caiu nas contas do
instituto do petista. Odebrecht doou R$ 975 mil para instituto de FHC
Da Revista Veja Por: Laryssa Borges, de Brasília
Sede do Instituto Lula, no Ipiranga, Zona Sul de São Paulo (Marcos Bezerra/Estadão Conteúdo)
O
grupo das maiores empreiteiras do Brasil repassou 17.233.278,62 milhões
de reais para a empresa LILS Palestras e ao instituto do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, apontam documentos apreendidos pelos
investigadores da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Oficialmente,
os recursos foram entregues para o pagamento de palestras do petista
entre os anos de 2011 a 2014.
Entre os repasses às empresas ligadas a Lula, o maior é o da
construtora Camargo Corrêa - 4.527.999,30 milhões de reais - seguido
pela gigante Odebrecht, com transferências de 3.973.237,90 milhões de
reais entre 2013 e 2014. No caso da Odebrecht, as parcelas variam de 359
000 reais até 1 milhão de reais e não estão computados nesses cálculos
companhias ligadas ao grupo Odebrecht, como a Braskem.
Além das duas, a OAS repassou 3.572.178,52 milhões de reais, a
Andrade Gutierrez outros 3.607.347,00 milhões de reais, a UTC,
357.621,12 reais e a Queiroz Galvão mais 1.194.894,78 de reais.
O trabalho da Operação Lava Jato indica que o Grupo Odebrecht
monopolizou 16,6% dos contratos investigados no petrolão - ou 35,59
bilhões de reais - seguido, em volume de contratos, pelo Grupo Techint
(10,2%), pela Queiroz Galvão (9,6%) e pelo Grupo Camargo Correa (9,2%).
O Instituto Lula disse, em nota, que a entidade e a LILS condenam o
vazamento das informações e que "jamais receberam contribuições ou
pagamentos ilícitos de quem quer que seja".
FHC - A Polícia Federal também mapeou na
contabilidade da construtora Norberto Odebrecht registros de pagamentos
Instituto Fernando Henrique Cardoso. Foram pagos 975.000 reais entre
dezembro de 2011 e dezembro de 2012, em parcelas que variam de 75.000
reais a 150.000 reais.
Em outubro de 2014, um e-mail retrata as negociações entre o
instituto e a Braskem sobre as maneiras de fazer a doação: "A elaboração
de um contrato, porém não podemos citar que a prestação de serviço será
uma palestra do presidente" ou por meio de "uma doação direta".
A entidade informou que os repasses foram doados para um fundo de
manutenção do instituto e estão registrados nos livros contábeis. O iFHC
tem as contas supervisionadas pelo Ministério Público do Estado de São
Paulo.
Segundo reportagem da revista Veja, o imóvel
foi um dos únicos a serem entregues depois que cooperativa habitacional
controlada pelo PT faliu no ano passado. Empreiteira é investigada na
Lava Jato
Do Congresso em foco
Petista nega ser proprietário do imóvel, mas admite que a esposa Marisa é dona de apartamento no mesmo edifício
A reforma de um apartamento triplex no Guarujá, litoral de São Paulo,
que pertence ao ex-presidente Lula, foi inteiramente paga pela
construtora OAS, uma das investigadas por corrupção na Petrobras. É o
que diz reportagem publicada neste fim de semana pela revista Veja. A publicação afirma que esta seria uma forma de a empreiteira “demonstrar afeição” ao petista.
O imóvel de três andares, avaliado em R$ 1,5 milhão, possui 297
metros quadrados. São três quartos, suíte, cinco banheiros, dependência
de empregada, sala de estar, sala de TV, área de festas com sauna e
piscina na cobertura. De acordo com a revista, a reforma refez o
porcelanato e os acabamentos de gesso e modificou a planta interna para
abrigar um escritório e um elevador privativo, interligando os ambientes
do primeiro andar com a ala dos quartos no segundo nível e a área de
festas na cobertura.
Segundo a revista, as obras ocorreram sob medidas de segurança
suspeitas. Iniciada no dia 1º de julho de 2014, a reforma fez com que as
fechaduras da porta de acesso fossem trocadas todas as semanas. A
movimentação chamou a atenção dos moradores do prédio. “Nos dias em que
eles marcavam para visitar a obra, a gente tinha que parar o trabalho e
ir embora. Ninguém era autorizado a ficar no apartamento. Só ficamos
sabendo quem era o dono muito tempo depois”, disse um dos profissionais
que trabalharam na reforma.
Segundo Veja, o ex-presidente Lula esteve no local algumas vezes, mas o segredo durou até dezembro do ano passado, quando o jornal O Globo
publicou detalhes de uma investigação sobre a Cooperativa Habitacional
dos Bancários de São Paulo (Bancoop), controlada pelo PT. A entidade
faliu, deixando três mil famílias sem receber seus imóveis. O triplex de
Lula foi um dos poucos a serem entregues.
A reportagem afirma que o ex-presidente nega ser o proprietário do
triplex, embora confirme que sua esposa seja dona de um apartamento no
mesmo edifício. No papel, o triplex ainda está em nome da OAS. Segundo a
revista, funcionários da empreiteira foram procurados e confirmaram que
o apartamento pertence a Lula. O imóvel está completamente decorado e
permanece fechado desde que o caso foi tornado público. “Para entrar aí,
só com autorização da cúpula da construtora. Só eles e o Lula têm a
chave”, disse um funcionário da própria OAS à revista.
Leia a reportagem de Veja ========= Comentário do Gama Livre: Que diferença entre Lula, o ex-operário, e Mujica, o ex-presidente do Uruguai.
Em sua delação premiada, o
lobista conta que acerto de 2 milhões de reais foi feito em 2010, dentro
do comitê eleitoral da petista em Brasília, e que a logística da
entrega ficou a cargo do ‘Dr. Charles’, braço direito do ex-ministro
Por: Robson Bonin — Revista Veja
O
lobista Fernando Baiano: Antônio Palocci, coordenador da campanha de
Dilma, lhe teria pedido 2 milhões de reais; antes de a reunião terminar,
recomendou que acertassem o repasse do dinheiro com seu assessor “Dr.
Charles”(Vagner Rosario/VEJA)
No segundo semestre de 2010, a inflação estava controlada, o Brasil
crescia em ritmo chinês e as taxas de desemprego eram consideradas
desprezíveis. A sensação de bem-estar, a propaganda oficial maciça e a
popularidade do então presidente Lula criavam as condições ideais para
que Dilma Rousseff passasse de mera desconhecida a favorita para vencer
as eleições. Paralelamente, um grupo pequeno de políticos e servidores
corruptos da Petrobras acompanhava com compreensível interesse os
desdobramentos do processo eleitoral. Foi nesse cenário que a campanha
de Dilma e o maior esquema de corrupção da história do país selaram um
acordo que, se confirmado, pode se transformar na primeira grande
evidência de que o petrolão ajudou a financiar a campanha de Dilma
Rousseff. Mais que isso. Se confirmado, estará provado que os
coordenadores da campanha sabiam da existência do aparelho clandestino
de desvio de dinheiro da Petrobras, se beneficiaram dele, conheciam seus
protagonistas e, no poder, deixaram que tudo continuasse funcionando
tranquilamente até o ano passado, quando a Polícia Federal e a
Procuradoria da República no Paraná desencadearam a Operação Lava-Jato.
Decisão
do TRF-3 derrubou sentença que extinguia processo; Procuradoria pede
indenização de R$ 1 milhão por reportagem discriminatória contra minorias
étnicas
A 26ª
Vara Cível Federal, na capital paulista, terá que dar prosseguimento à ação
civil pública que o Ministério Público Federal ajuizou contra a Editora Abril
por danos morais coletivos. O processo se deve a uma reportagem discriminatória
contra minorias étnicas publicada em maio de 2010 na revista Veja. A decisão é
do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que acolheu um recurso do MPF e
reverteu a sentença de primeira instância que declarava prescrita a ação.
O MPF propôs a ação em agosto de 2014, quatro anos após a publicação da
reportagem “A farra da antropologia oportunista”. O texto da revista Veja
baseou-se em informações distorcidas e expressões injuriosas para criticar o
processo de demarcação de reservas destinadas a grupos indígenas e quilombolas.
A Procuradoria pede que a Abril, responsável pelo semanário, seja condenada ao
pagamento de indenização mínima de R$ 1 milhão por danos morais, valor que deve
ser destinado aos povos tradicionais do Estado de São Paulo.
Léo e Lula são bons amigos. Mais do que por amizade, eles se uniram por
interesses comuns. Léo era operador da empreiteira OAS em Brasília.
Lula era presidente do Brasil e operado pela OAS. ... Na linguagem dos
arranjos de poder baseados na troca de favores, operar significa, em bom
português, comprar. Agora operador e operado enfrentam circunstâncias
amargas. O operador esteve há até pouco tempo preso em uma penitenciária
em Curitiba. Em prisão domiciliar, continua enterrado até o pescoço em
suspeitas de crimes que podem levá-lo a cumprir pena de dezenas de anos de
reclusão. O operado está assustado, mas em liberdade. Em breve, Léo, o
operador, vai relatar ao Ministério Público Federal os detalhes de sua
simbiótica convivência com Lula, o operado. Agora o ganho de um
significará a ruína do outro. Léo quer se valer da lei sancionada pela
presidente Dilma Rousseff, a delação premiada, para reduzir
drasticamente sua pena em troca de informações sobre a participação de
Lula no petrolão, o gigantesco esquema de corrupção armado na Petrobras
para financiar o PT e outros partidos da base aliada do governo.
Por meio do mecanismo das delações premiadas de donos e altos
executivos de empreiteiras, os procuradores já obtiveram indícios que
podem levar à condenação de dois ex-ministros da era lulista, Antonio
Palocci e José Dirceu. Delatores premiados relataram operações que põem
em dúvida até mesmo a santidade dos recursos doados às campanhas
presidenciais de Dilma Rousseff em 2010 e 2014 e à de Lula em 2006. As
informações prestadas permitiram a procuradores e delegados desenhar com
precisão inédita na história judicial brasileira o funcionamento do
esquema de sangria de dinheiro da Petrobras com o objetivo de financiar a
manutenção do grupo político petista no poder.
É nessa teia finamente tecida pelos procuradores da Operação Lava-Jato
que Léo e Lula se encontram. Amigo e confidente de Lula, o ex-presidente
da construtora OAS Léo Pinheiro autorizou seus advogados a negociar com
o Ministério Público Federal um acordo de colaboração. As conversas
estão em curso e o cardápio sobre a mesa. Com medo de voltar à cadeia,
depois de passar seis meses preso em Curitiba, Pinheiro prometeu
fornecer provas de que Lula patrocinou o esquema de corrupção na
Petrobras, exatamente como afirmara o doleiro Alberto Youssef em
depoimento no ano passado. O executivo da OAS se dispôs a explicar como o
ex-presidente se beneficiou fartamente da farra do dinheiro público
roubado da Petrobras.
Fontes: Por Robson Bonin, com reportagem de Adriano Ceolin, VEJA.com/VEJA
VEJA obteve a íntegra do
depoimento prestado pelo ex-presidente em 9 de dezembro de 2014.
Inquirido sobre “empréstimo” de 7 milhões de dólares ao PT, ele
transferiu a responsabilidade por eventuais irregularidades a Delúbio
Soares e João Vaccari
Por: Rodrigo Rangel — Revista Veja
DEDO
EM RISTE - Na Polícia Federal, Lula desempenhou o papel em que é
craque: pôs as eventuais culpas nos companheiros Delúbio e Vaccari (Ricardo Stuckert/Instituto Lula/VEJA)
Na
sede da Polícia Federal, em Brasília, tudo foi planejado para oferecer
ao visitante o conforto a que ele tem direito como ex-presidente da
República e, principalmente, a mais absoluta discrição. Lula pediu, e
foi atendido, para depor em um local reservado. Os policiais escolheram
uma sala contígua ao gabinete do diretor-geral. Foi assim que, na
terça-feira 9 de dezembro de 2014, Lula prestou seu depoimento. O
ex-presidente, acompanhado de três advogados, entrou pela garagem do
prédio e usou o elevador privativo do diretor para levá-lo ao 9º andar.
Com a solenidade, o respeito e a deferência que merece um ex-mandatário
da República, depois de várias tentativas em vão, a polícia finalmente
conseguiu interrogar Lula sobre uma passagem ainda obscura do mais
rumoroso caso de corrupção a estourar durante o seu governo, o mensalão.
Desde que deixou o governo, em 2010, pouca coisa se ouviu do
ex-presidente sobre o escândalo. Seu principal ministro, seus amigos
mais próximos, a cúpula de seu partido e muitos dos parlamentares que
apoiavam seu governo foram condenados à prisão. Embora, em última
instância, fosse o principal beneficiado pela compra de apoio
parlamentar, o ex-presidente nunca foi acusado de nada. Em 2005, Lula se
disse traído quando se revelou que o tesoureiro e amigo Delúbio Soares e
José Dirceu, seu braço-direito, haviam montado uma rede clandestina de
captação de dinheiro para subornar parlamentares e sustentar as
campanhas políticas do PT. Preservado por todos os que sabiam de seu
envolvimento direto no mensalão, Lula escapou do processo judicial. Ele
passou todo o seu governo negando a existência do esquema. Quando desceu
a rampa do Palácio do Planalto, porém, prometeu que contaria "a
verdadeira história do mensalão". Diante dos policiais federais em
Brasília, Lula voltou à versão que, oficialmente, sustentou.
VEJA teve acesso à integra do depoimento, um documento de valor
histórico inestimável em que Lula, pela primeira vez, formaliza o que
tem de importante a dizer sobre o caso: absolutamente nada. São quatro
valiosas páginas que sintetizam a natureza do ex-presidente diante de
uma situação embaraçosa - ele, como sempre, jura que não sabia de nada,
que nunca se envolveu com os malfeitos de seu governo e, quando
confrontado com os fatos, aponta o dedo para terceiros para salvar a
própria pele. Durante pouco mais de uma hora, Lula driblou as 28
perguntas elaboradas previamente e lidas por um delegado convocado
especialmente para a ocasião.
As
revelações do homem que entregava dinheiro desviado da Petrobras na
casa de deputados, senadores, governadores, ministros e até na sede
nacional do PT
Depois de tantas revelações sobre engenharias corruptas
complexas de sobrepreços, aditivos, aceleração de obras e manobras
cambiais engenhosas, a Operação Lava-Jato produziu agora uma história
simples e de fácil entendimento. Ela se refere ao que ocorre na etapa
final do esquema de corrupção, quando dinheiro vivo é entregue em
domicílio aos participantes. Durante quase uma década, Rafael Ângulo
Lopez, esse senhor de cabelos grisalhos e aparência frágil da fotografia
acima, executou esse trabalho. Ele era o
distribuidor da propina que a quadrilha desviou dos cofres da Petrobras.
Era o responsável pelo atendimento das demandas financeiras de clientes
especiais, como deputados, senadores, governadores e ministros.
Braço-direito do doleiro Alberto Youssef, o caixa da organização, Rafael
era “o homem das boas notícias”. Ele passou os últimos anos cruzando o
país de Norte a Sul em vôos comerciais com fortunas em cédulas amarradas
ao próprio corpo sem nunca ter sido apanhado. Em cada cidade, um ou
mais destinatários desse Papai Noel da corrupção o aguardavam
ansiosamente.
Os vôos da alegria sempre começavam em São Paulo, onde
funcionava o escritório central do grupo. As entregas de dinheiro em
domicílio eram feitas em endereços elegantes de figurões de Brasília,
Recife, Porto Alegre, Curitiba, Maceió, São Luís. Eventualmente ele
levava remessas para destinatários no Peru, na Bolívia e no Panamá.
Discreto, falando só o estritamente necessário ao telefone, não deixou
pistas de suas atividades em mensagens ou diálogos eletrônicos. Isso o
manteve distante dos olhos e ouvidos da Polícia Federal nas primeiras
etapas da operação Lava-Jato. Graças à dupla cidadania — espanhola e
brasileira —, Rafael usava o passaporte europeu e ar naturalmente formal
para transitar pelos aeroportos sem despertar suspeitas. Ele cumpria
suas missões mais delicadas com praticamente todo o corpo coberto por
camadas de notas fixadas com fita adesiva e filme plástico, daqueles
usados para embalar alimentos. A muamba, segundo ele disse à polícia,
era mais fácil e confortável de ser acomodada nas pernas. Quando os
volumes era muito altos, Rafael contava com a ajuda de dois ou três
comparsas.
A rotina do trabalho permitiu que o entregador soubesse
mais do que o recomendável sobre a vida paralela e criminosa de seus
clientes famosos, o que pode ser prenúncio de um grande pesadelo. É que
Rafael tinha uma outra característica que poucos sabiam: a organização.
Ele anotava e guardava comprovantes de todas as suas operações
clandestinas. É considerado, por isso, uma testemunha capaz de ajudar a
fisgar em definitivo alguns figurões envolvidos no escândalo da
Petrobras. VEJA apurou que o entregador já se ofereceu para fazer um acordo de delação premiada, a exemplo do seu ex-patrão.
Tentativa de retirar
reportagem sobre o depoimento de Alberto Youssef à PF de VEJA.com e do
perfil da revista no Facebook foi rechaçada pela Justiça
Gabriel Castro, de Veja Brasília
Capa de VEJA desta semana: Dilma e Lula sabiam de tudo, diz Alberto Youssef à PF
(VEJA)
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou nesta sexta-feira um
pedido da campanha da presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) para
censurar a reportagem de VEJA
desta semana na qual o doleiro Alberto Youssef, pivô do megaesquema de
lavagem de dinheiro desmontado pela Polícia Federal, afirma que Dilma e o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabiam dos desvios na
Petrobras.
O pedido da coligação de Dilma para retirar a publicação do site de
VEJA do ar e do perfil da revista no Facebook foi protocolado pelo PT
nesta sexta-feira, sob o argumento de que a publicação desrespeita a
legislação eleitoral. Mas o ministro Admar Gonzaga negou o pedido.
A lei citada pelo PT para tentar censurar VEJA é fruto da minirreforma
eleitoral, mas não tem efeito sobre as eleições de 2014 porque entrou em
vigor menos de um ano antes do pleito. "O dispositivo invocado para a
suspensão da veiculação (§ 3º do art. 57-D da Lei nº 9.504/1997),
consoante entendimento deste Tribunal Superior (Consulta nº 1000-75),
não tem eficácia para o pleito de 2014", afirmou o ministro.
Preso em março pela Polícia Federal, sob a acusação de participar de
um mega esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto
Youssef, o ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras Paulo
Roberto Costa aceitou recentemente os termos de um acordo de delação
premiada – e começou a falar.
No prédio da PF em Curitiba, ele vem sendo interrogado por delegados e
procuradores. Os depoimentos são registrados em vídeo — na metade da
semana passada, já havia pelo menos 42 horas de gravação. Paulo Roberto
acusa uma verdadeira constelação de participar do esquema de corrupção.
Aos investigadores, ele disse que três governadores, seis senadores, um
ministro de Estado e pelo menos 25 deputados federais embolsaram ou
tiraram proveito de parte do dinheiro roubado dos cofres da estatal.
Ele esmiúça, além disso, a lógica que predominava na assinatura dos
contratos bilionários da Petrobras – admitindo, pela primeira vez, que
as empreiteiras contratadas pela companhia tinham, obrigatoriamente, que
contribuir para um caixa paralelo cujo destino final eram partidos e
políticos de diferentes partidos da base aliada do governo. Conheça,
nesta edição de VEJA, detalhes dos depoimentos que podem jogar o
governo no centro de um escândalo de corrupção de proporções semelhantes
às do mensalão.
Conheça nesta edição de VEJA os nomes dos políticos mencionados por Paulo Roberto Costa e outros detalhes do depoimento.
Documentos apreendidos
pela Polícia Federal e imagens captadas por câmeras de segurança mostram
quem são os parlamentares que mantinham relações diretas com Alberto
Youssef
Rodrigo Rangel
Revista Veja
Collor: a PF encontrou no escritório do doleiro Alberto
Youssef, em São Paulo, comprovantes de depósitos bancários feitos na
conta do senador
(Ed Ferreira/Estadão Conteúdo)
Preso há dois meses, o doleiro Alberto Youssef ainda não pronunciou
uma única palavra sobre seus negócios escusos, muito menos sobre os
parceiros influentes que o ajudaram a montar o império que movimentou
bilhões de dólares no Brasil e no exterior. Na hora em que ele resolver
falar — se é que isso um dia vai acontecer —, um pedaço do Congresso
Nacional certamente vai ruir. No mensalão, o esquema de corrupção
montado pelo governo petista para comprar apoio político, parlamentares e
assessores formavam fila no caixa de uma discreta agência do Banco
Rural situada em um shopping de Brasília. O suborno era pago ali, sem
muita cerimônia. Os políticos ou seus assessores chegavam,
identificavam-se, recebiam o dinheiro e saíam tranquilamente. Foram
descobertos porque deixaram suas assinaturas em recibos e pelos
registros do sistema de segurança do prédio. O escândalo, como se sabe,
levou os principais personagens à prisão — mas a experiência não impediu
mais uma surpreendente parceria, inclusive financeira, entre um
criminoso conhecido e respeitáveis congressistas.
O escritório de Alberto Youssef, que funcionava numa área nobre na
Zona Oeste de São Paulo, era, digamos assim, uma espécie de versão
recente da então discreta agência brasiliense do Banco Rural. A base de
operação do doleiro era também ponto de peregrinação de políticos de
partidos sabidamente envolvidos em tramoias financeiras. As
investigações já revelaram que empresas-fantasma controladas por Youssef
recebiam em suas contas inexplicáveis depósitos milionários de algumas
das mais importantes empreiteiras do país. O dinheiro que entrava de um
lado, por meio de contratos simulados de consultoria, saía por outro na
forma de repasses a políticos e partidos. Os mesmos políticos e partidos
que indicavam os apadrinhados que contratavam as empreiteiras
pagadoras. É desse triângulo equilátero da corrupção que emergem os
clientes mais vistosos do doleiro. VEJA obteve os registros do prédio
que durante anos abrigou o escritório de Youssef. A lista tem mensaleiro
preso, assessor de ministro e deputados — vários deputados.
Dizendo-se
abandonada, a ex-chefe do escritório da Presidência da República queria ajuda —
e conseguiu
Robson Bonin —
Da Revista Veja
Rosemary Noronha
A discrição nunca foi
uma característica da personalidade da ex-chefe do gabinete da Presidência da
República em São Paulo Rosemary Noronha. Quando servia ao ex-presidente Lula em
Brasília, ela era temida. Em nome da intimidade com o “chefe”, como às vezes
também se referia a ele, Rose fazia valer suas vontades mesmo que isso
significasse afrontar superiores ou humilhar subordinados. Nos eventos
palacianos, a assessora dos cabelos vermelhos e dos vestidos e óculos sempre
exuberantes colecionou tantos inimigos — a primeira-dama não a suportava — que
acabou sendo transferida para São Paulo. Mas caiu para cima. Encarregada de
comandar o gabinete de Lula de 2009 a 2012, Rose viveu dias de soberana e
reinou até ser apanhada pela Polícia Federal ajudando uma quadrilha que vendia
facilidades no governo. Ela usava a intimidade que tinha com Lula para abrir as
portas de gabinetes restritos na Esplanada. Em troca, recebia pequenos agrados,
inclusive em dinheiro. Foi demitida, banida do serviço público e indiciada por
crimes de formação de quadrilha e corrupção. Um ano e meio após esse turbilhão
de desgraças, no entanto, a fase ruim parece ter ficado no passado. Para que
isso acontecesse, porém, Rosemary chegou ao extremo de ameaçar envolver o
governo no escândalo.
Como afilhados políticos de Edison Lobão e Renan Calheiros quase levaram o Postalis, fundo de pensão dos Correios, à ruína
Da Revista Época que circula neste final de semana DIEGO ESCOSTEGUY, COM MARCELO ROCHA E LEANDRO LOYOLA
16/05/2014 22h20
- Atualizado em
16/05/2014 23h06
No final do governo Lula, um jovem e brilhante operador do mercado financeiro ascendia no rarefeito mundo da elite política de Brasília.
Era Fabrizio Neves, dono da Atlântica Asset, empresa que montara fundos
no mercado financiados sobretudo pelo Postalis, fundo de pensão dos
Correios. O Postalis era comandado por afilhados do ministro de Minas e
Energia, Edison Lobão, e do senador Renan Calheiros,
ambos do PMDB. Fabrizio dava festas e promovia jantares em Brasília e
São Paulo. Num deles, contratou o cantor Emílio Santiago e um dos
pianistas que tocavam com Roberto Carlos. Colecionador de armas, dono de
bom papo, Fabrizio fez amizades com políticos, diretores do Postalis e
lobistas – a maioria deles ligada ao PMDB. Segundo seis desses altos
quadros do PMDB, Fabrizio participava também das reuniões em que se
discutia o financiamento das campanhas em 2010. Com pouco tempo de
Brasília, Fabrizio já se tornara um homem poderoso na capital.
Sobre Fabrizio, sabia-se apenas que ele morara em Miami, onde fizera
fortuna no mercado financeiro. No Brasil, ele estava em alta; nos Estados Unidos,
era caçado por credores e pelos investigadores da Securities and
Exchange Comission, a SEC, órgão que regula o mercado financeiro
americano. Acusavam-no de ser o arquiteto de uma fraude que envolvia o
dinheiro arrecadado no Postalis. A caçada judicial terminou recentemente
nos Estados Unidos, e suas consequências ainda não se fizeram sentir no
Brasil. A ascensão de Fabrizio por lá se deu com dinheiro daqui –
dinheiro dos carteiros e funcionários dos Correios, que financiam suas
aposentadorias contribuindo para o Postalis. A queda de Fabrizio
terminou por lá. Mas ainda promete começar por aqui. E isso aterroriza o
PMDB.
A história de Fabrizio, contada em documentos confidenciais obtidos por
ÉPOCA nos Estados Unidos e no Brasil, ilustra à perfeição o efeito
devastador da influência da política nos fundos de pensão das estatais. É
um problema antigo, que resulta em corrupção e prejuízos aos fundos.
Ele atingiu novo patamar no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, com a ascensão de sindicalistas ligados ao PT à direção de
fundos como Previ, do Banco do Brasil, ou Petros, da Petrobras.
O caso do Postalis, maior fundo do Brasil em número de participantes
(110 mil), é especial. Foi o único fundo de grande porte aparelhado, no
governo Lula, pelo PMDB. Por indicação de Lobão, o engenheiro Alexej
Predtechensky, conhecido como Russo, assumiu a presidência do Postalis
em 2006. Com o apoio de Lobão e Renan, o administrador Adílson Costa
assumiu o segundo cargo mais importante do Postalis: a diretoria
financeira.
A 2ª Turma Cível do TJDFT manteve, em grau de recurso,
sentença da juíza da 8ª Vara Cível de Brasília, que negou pedido de
indenização por danos morais formulado pelo Senador José Renan Calheiros
contra a Editora Abril. Nas decisões das duas Instâncias, a Justiça
local deixou claro que a liberdade de imprensa, bem como o direito à
informação e o direito de informar, são imprescindíveis ao Estado
Democrático de Direito.
Na ação, o autor alegou que a Revista Veja, da Editora Abril,
promoveu verdadeira campanha difamatória, na qual, ao logo de sete
meses, publicou diversas matérias ofensivas e fabricadas com o intuito
de provocar a instauração de processos éticos contra ele no Senado, o
que de fato ocorreu. Que mesmo após ser absolvido por seus pares, os
ataques da revista prosseguiram, sendo que na edição 2030, de
17/10/2007, o semanário o acusa de usar a força do cargo de presidente
daquela Casa para "constranger e chantagear", além de mandar instalar
câmeras para espionar diversos adversários políticos.
Como prova das alegações, Renan Calheiros juntou aos autos trechos de
várias reportagens veiculadas nas edições 2031, 2032, 2037, 2101, 2104,
nas quais em algumas delas figurou como capa. Ao final, pediu a
condenação da editora ao pagamento de R$ 100 mil pelo prejuízo moral
sofrido.
Na 1ª Instância, a juíza negou o pedido de indenização e condenou o
autor a pagar as custas processuais, bem como os honorários
advocatícios, arbitrados em 10% do valor da causa. Na sentença, a
magistrada destacou: “Ao meu sentir, não houve invenção de fatos, nem a
reportagem extrapolou o sagrado direito de informar, mesmo porque foi o
autor, de fato, investigado em procedimentos administrativos. É certo
que a reportagem utilizou de palavras, chamadas e títulos fortes e até
jocosos, com intuito de causar impacto no leitor e chamar a sua atenção
para a matéria. Entretanto, tal proceder é comum e próprio ao meio
jornalístico, não se podendo admiti-lo como ilícito, inclusive porque o
conhecimento desses fatos interessavam à sociedade, cumprindo a
requerida sua função social”.
Após recurso do senador, a Turma Cível em julgamento realizado nesta
quarta-feira, 15/5, manteve a sentença da juíza. A decisão colegiada foi
unânime e não cabe mais recurso no âmbito do TJDFT.
A presidente Dilma e dois
de seus ministros tentaram ajudar o empresário a tirar do Espírito
Santo um investimento estrangeiro de 500 milhões de reais e transferi-lo
ao Porto do Açu. Só faltou combinar com os capixabas
Malu Gaspar e Daniel Pereira
PARECIA PROMISSOR - Eike, Lula e o lobista Pires Neto
deixam o Açu no jato do empresário: ali, eles selaram o plano para tomar
das mãos dos capixabas o estaleiro Jurong
(Carlos Grevi/ Agência Ururau/ Agência O Globo)
A foto acima, tirada em 24 de janeiro, mostra o ex-presidente Lula logo
depois de uma visita às obras do Porto de Açu, empreendimento de Eike
Batista no litoral norte fluminense. Era o ato final de um encontro de
negócios para lá de promissor. Reportagem publicada em VEJA desta semana
detalha a operação desencadeada por Lula para ajudar o amigo empresário
a desatolar os investimentos no Açu. O ex-presidente se comportou como
lobista. Graças a ele, Eike conseguiu audiência com a presidente Dilma
Rousseff, que prometeu ajudá-lo a encontrar parceiros para o porto. Ele
ainda viu dois ministros se engajarem pessoalmente em sua causa
(acionando, inclusive, a estrutura do Itamaraty). Guido Mantega, da
Fazenda, e Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, trabalharam para
convencer a Jurong Shipyard, uma das grandes companhias de construção
naval do mundo, controlada pelo governo de Singapura, a transferir para o
Porto do Açu o estaleiro de 500 milhões de reais que está construindo
no Espírito Santo. Só faltou combinar com os capixabas, que não gostaram
nada da ideia de ficar a ver navios.
A nova cúpula do
Legislativo brasileiro terá de se revezar entre as atividades de comando
das duas Casas e responder a uma série de processos na Justiça
Laryssa Borges, Marcela Mattos e Gabriel Castro, de Brasília
Nuvens carregadas sobre o prédio do Congresso Nacional, em Brasília
(Dida Sampaio/Agência Estado)
Eleitos para presidir o Senado e a Câmara mesmo cercados por denúncias, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)
dividirão o comando do Legislativo brasileiro com parlamentares que
também enfrentam problemas na Justiça. A dupla do PMDB terá a companhia
nas Mesas Diretoras de sete congressistas - cinco senadores e dois
deputados - que respondem a ações ou inquéritos judiciais. Além disso,
as reuniões de líderes dos partidos no Congresso também passarão a ter a
presença de uma nova elite, que chega ao poder com vistoso currículo de
denúncias.
A lista de acusações contra os novos "donos do Congresso" é ampla:
compra de votos, formação de quadrilha, fraude em licitações, corrupção e
improbidade administrativa. Nada, entretanto, que impeça os principais
partidos políticos do país de escolhê-los para cargos de comando na
esfera federal.
No Senado, cinco parlamentares que ocuparão cargos na Mesa Diretor
enfrentam processos e investigações na Justiça. A começar pelo primeiro
na linha sucessória de Renan Calheiros, o vice-presidente da Casa, Jorge
Viana (AC), do PT. Ele é investigado em inquérito no Supremo Tribunal
Federal (STF) por compra de votos, declaração falsa em documento
eleitoral e recebimento de doação proibida pela Lei Eleitoral.