Segunda, 2 de março de 2015
Para
explicar derrota, a militância acusa Agnelo, direção interna, falta de unidade,
alianças e até a mídia
Militantes do PT apontaram a falta de unidade interna do partido, o isolamento do governador Agnelo Queiroz, a acomodação de adversários históricos e campanhas midiáticas contra a legenda como principais responsáveis pela derrota nas eleições do ano passado, ainda no primeiro turno. A militância decidiu ainda, durante plenária realizada ontem na Câmara Legislativa, que se manterá em oposição ao governo Rodrigo Rollemberg.
Fonte: Blog do Sombra
// Suzano Almeida, Jornal de Brasilia/iG Brasília
“A meta do PT agora,
ao fazer essa análise, é criar unidade interna para que todos falem a mesma
língua, fazer os mesmos esforços e superar esse processo. Perder uma eleição
não é fácil, pois quando isso acontece a crítica interna é muito maior. É
preciso amadurecer, criar um pacto de unidade interna e ir para a rua”, resumiu
o presidente regional do PT, Roberto Policarpo, duramente criticado pelos
militantes...
Interesses próprios
Entre os motivos levantados para a derrota nas urnas, os
militantes apontaram divisões internas dos segmentos petistas, durante o
governo passado, que teriam se preocupado mais em defender os próprios
interesses do que trabalhar em conjunto para governar a capital, afastando-se
de suas bases.
O ex-governador Agnelo Queiroz, que não compareceu a
plenária por estar em férias, não foi poupado. A militância o acusou de ter se
isolado junto a cúpula do partido e deixado de lado bandeiras históricas dos
trabalhadores.
Para os petistas, Agnelo loteou o governo com opositores,
deixando de lado membros do próprio partido. Durante a eleição, os aliados de
ocasião acabaram fazendo campanha contra a gestão do dele, decretando a derrota
do ex-governador ainda no primeiro turno.
O posicionamento do diretório também foi criticado.
Sugeriu-se a dissolução da atual executiva e a mudança na forma de escolhe-la.
Eleito para comandar o partido no DF até 2017, Policarpo minimizou as críticas
e afirmou que os pedidos parten de setores isolados.
A mídia e os partidos de direita também foram apontados como
responsáveis pela derrota eleitoral do PT no Distrito Federal.
Para os militantes, o partido tem de se unir internamente
para defender o governo da presidente Dilma Rousseff dos ataques indo às ruas,
especialmente, os que envolvem a Petrobras e a política econômica.
Ponto de vista
A ex-deputada Arlete Sampaio (PT) aproveitou o encontro para
refletir sobre os problemas que levaram o governo petista a perder o Buriti,
ainda no primeiro turno. “Fizemos um balanço do processo eleitoral e
constatamos que ocorreu uma derrota profunda, tanto política quanto eleitoral.
Entendemos que parte da culpa veio dessa campanha nacional que está sendo feita
contra o PT, que influenciou no nosso resultado, mas também consequência dos
problemas do PT de Brasília, que vai desde a postura imperial do governador,
que tomava decisões sozinho, até a questão da direção, que deixou o partido
submetido e sem independência para fazer as críticas necessárias”, analisou
Arlete.
Oposição dura ao Buriti
O PT definiu, ao menos na plenária, que o partido se manterá
em oposição ao governo de Rodrigo Rollemberg. Porém, eles pediram aos
parlamentares com mandato que sua ação seja construtiva e responsável. Os
petistas afirmaram ainda que a atual gestão tem supervalorizado a crise, com o
objetivo de responsabilizar a gestão passada.
A diretora do Sinpro-DF, Rosilene Correa avisou: “O GDF
afirma que está um caos, mas se o governo e o MP não voltarem atrás, o DF verá,
sim, o que é o caos”. O primeiro passo, após a plenária, será uma mobilização
contra a ação do Ministério Público que pretende impedir que o governo conceda
os reajustes aos servidores públicos aprovados na gestão anterior.
Só manobra
“As acusações contra
o governo passado são pura manobra política. É claro que não podemos deixar de
reconhecer que houve uma crise no final, mas esse não é um problema apenas do
DF”, declarou Roberto Policarpo, que completou: “Essa crise está sendo
supervalorizada e alongada pelo governo do Rollemberg e do Hélio Doyle com dois
intuitos: um é de jogar toda a crise no colo do governo passado e o segundo é
ganhar tempo para não resolver os problemas, quando foi eleito para isso”,
atacou.
A ex-distrital Arlete Sampaio (PT) pediu que o atual governo
apresente os números e os responsáveis pela crise. “O PT deve optar por resgatar
a verdade, que é o que interessa a gente. É verdade que se deixou R$ 3,5
bilhões de dívida? É verdade que não há dinheiro em caixa? Essa disputa tem que
terminar. Se o governo atual está querendo usar esses números falsamente, para
desgastar a gestão anterior, está errado. Se nós estamos passando por cima
dela, também estamos errados. Portanto, é a verdade deve prevalecer”, ponderou.
Fonte: Blog do Sombra
// Suzano Almeida, Jornal de Brasilia/iG Brasília - 02/03/2015