Terça,
17 de março de 2015
Em defesa do direito de Greve dos Garis
No dia 12 de março de
2015, os trabalhadores da Companhia Municipal de Limpeza Urbana - COMLURB
deflagraram greve por te mpo indeterminado em razão da postura intransigente da
direção da Comlurb e da Prefeitura que apresentaram uma proposta de 3% de reajuste
salarial – menos da metade da inflação do período. Esses trabalhadores, em
especial os Garis, ficaram conhecidos no país inteiro, após a heroica greve que
realizaram ano passado durante o carnaval do Rio de Janeiro em que conquistaram
37% de reajuste salarial.
Neste ano, desde
muito tempo antes da greve, a prefeitura e a COMLURB ameaçavam os trabalhadores
com demissões e retaliações caso a greve fosse confirmada. Como a prefeitura se
recusou a negociar a categoria não teve alternativa senão paralisar as
atividades, e o que se notou, após a confirmação da greve, foi uma repressão e
tentativa de coação histórica, como nunca se viu.
As portas das
gerências, desde o primeiro dia de greve, estão abarrotadas de carros da
polícia, da guarda municipal, e de segurança privada – todos ao mesmo tempo. Os
gerentes tentam forçar a saída de garis com escolta armada sendo feita em
carros particulares com os vidros todos com insulfilm. Na gerência de Piedade
(Zona Norte) pessoas não identificadas se colocavam de frente para os grevistas
exibindo armas nas cinturas. Tudo com a intenção de intimidar e coagir os
trabalhadores, já que não houve nenhuma violência durante os piquetes de
convencimento que justificasse tamanha repressão.
Todo esse operativo
fracassou! Então a COMLURB passou a enviar mensagens por celular aos
trabalhadores, ameaçando que se não trabalhassem pegariam falta (o que na
COMLURB pode levar a demissão) – isso também não foi suficiente para convencer
os trabalhadores a saírem da greve.
A prefeitura então enviou assessores diretos do governo, especialmente os subprefeitos, para os locais de trabalho para ordenar que os garis suspendessem a greve; ao mesmo tempo chefes da Secretaria Municipal de Ordem Pública rodavam a cidade intimidando os ativistas que realizam piquetes de convencimento, ameaçando de prisão e de agredi-los fisicamente, além de deslocar carretas para rebocar carros de grevistas.
A prefeitura então enviou assessores diretos do governo, especialmente os subprefeitos, para os locais de trabalho para ordenar que os garis suspendessem a greve; ao mesmo tempo chefes da Secretaria Municipal de Ordem Pública rodavam a cidade intimidando os ativistas que realizam piquetes de convencimento, ameaçando de prisão e de agredi-los fisicamente, além de deslocar carretas para rebocar carros de grevistas.
Após tudo isso, sem
conseguir desmontar a greve com as ameaças de demissão, de agressão e de
intimidação física, a prefeitura e a COMLURB passou de todos os limites
contratando empresas privadas e pessoas nas ruas para substituir os Garis. Esse
foi o auge do desrespeito aos trabalhadores da COMLURB.
Acompanhamos centenas
de pessoas sem luvas, sem botas, sem uniformes e sem nenhum treinamento,
colocando suas vidas em risco em cima de caminhões de coleta, varrendo e
coletando lixo nas ruas, por uma diária de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais)
– confirmando as declarações do prefeito Eduardo Paes de que poderia “montar
uma banquinha e contratar 18 mil pessoas que queiram trabalhar”.
Portanto, o que ficou
claro é que se tratava de um plano anterior da prefeitura, mesmo sendo algo
completamente desproporcional e sem nenhum critério, que envolve pessoas sem
treinamento e inclusive menores.
Provavelmente essas
contratações irregulares são feitas por meio de empresas e que não sabemos qual
a relação que essas empresas possuem com a prefeitura e com o “Caixa 2” dos
políticos. Além do que está claro que essas pessoas contratadas não terão
nenhum direito trabalhista e muito menos garantia previdenciária se sofrem
algum tipo de acidente. Há dupla ilegalidade nessas contratações que
infelizmente até o momento estão acobertadas pela Polícia Militar, que deveria
ter impedido o flagrante descumprimento da Lei de Greve.
O depoimento das
pessoas contratadas revelou que no plano da COMLURB há vagas para contratar até
8 mil pessoas para que trabalhem durante a greve. Essa informação está de
acordo com a primeira declaração do prefeito afirmando que ele iria contratar
18 mil pessoas para substituir os garis montando uma “banquinha no COMPERJ”.
Esse gigantesco plano
de contratação é um desrespeito ao direito de greve sem precedentes. O que a
prefeitura está tentando impor nesse momento é aniquilar com a paralisação dos
garis por meio de uma manobra ilegal e absurda.
A proibição de que as
empresas contratem trabalhadores para substituir os grevistas é a única
garantia do exercício desse direito. Portanto, diante dessa gravidade,
conclamamos que todas as entidades civis, sindicatos, organizações estudantis e
parlamentares se pronunciem contra esse ataque. Caso prossiga o plano da
COMLURB estará se concretizando um ataque ao direito de greve que os governos
aplicarão nas demais greves.
Exigimos a imediata
proibição de contratação de empresas terceirizadas e de pessoas comuns para
substituir os garis grevistas. Exigimos que a COMLURB e o prefeito Eduardo Paes
respeite o direito de greve e que suspenda o trabalho de limpeza urbana que
esteja sendo feito por qualquer pessoa, empresa ou demais servidores da
prefeitura de fora dos quadros da COMLURB. Exigimos, por fim, a continuidade
das negociações e que a COMLURB apresente um reajuste no salário e no auxílio
alimentação digno e decente aos trabalhadores.
Bruno
da Rosa e Célio Viana - Membros do Comando de Greve dos Garis