Quinta, 12 de maio de 2016
Do MPT Notícias
Empresa é acusada de ter fornecido dados de
funcionários aos órgãos de repressão, especialmente, para coibir o
movimento sindical dentro das fábricas
São Paulo - O Ministério Público do Trabalho em São
Bernardo do Campo instaurou Procedimento Promocional para atuação
conjunta com o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público
Estadual (MPSP), a possível participação da empresa Volkswagen do Brasil
na colaboração com os órgãos de repressão durante a ditadura militar,
especialmente nas ações envolvendo vigilância, controle e perseguição
das organizações operárias e violação dos direitos dos trabalhadores.
O trabalho vem sendo realizado desde o final de 2015,
quando a denúncia foi acolhida pelo MPF, e dá continuidade às apurações
realizadas no âmbito da Comissão Nacional da Verdade, que investigou
crimes e violações cometidas durante a ditadura civil-militar também no
movimento sindical.
O MPF recebeu da Comissão da Verdade documentos que
comprovam o envolvimento da empresa no fornecimento de dados dos
trabalhadores de suas fábricas ao DOPS (um dos órgãos responsáveis pelas
prisões e torturas do período), na organização de um sistema próprio de
vigilância e monitoramento do movimento sindical e do envolvimento
direto na prisão e na tortura de seus empregados dentro do ambiente da
empresa.
Para a procuradora do Trabalho Andrea da Rocha Carvalho
Gondim, responsável pelo inquérito no MPT, “é de extrema importância a
atuação colaborativa entre os diversos ramos do Ministério Público com o
fim de apurar conduta tão abominável, principalmente quando tem relação
ou ocorre no ambiente do trabalho, local em que o trabalhador se sente
fragilizado em razão da subordinação que é peculiar nesse ambiente”.
Vários trabalhadores já foram ouvidos e confirmam o clima
de terror que havia dentro da fábrica, com imposição de ritmos de
trabalho alucinantes, repressão à organização operária e ao movimento
sindical com a montagem de um complexo esquema de vigilância e controle
do trabalho e presença de militares e policiais dentro da fábrica. No
dia 18 de maio, outras testemunhas serão ouvidas.