Sexta, 17 de junho de 2016
Por Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a Democracia.
Demonstrando total descaso com o compromisso constitucional de respeitar a dignidade da pessoa humana, o Estado não apenas recorreu, como continuou apreendendo adolescentes que são submetidos à mais torpe situação de tortura permanente em razão do desvio de finalidade de suas unidades, que são a ressocialização através de medidas sócio educativas e não de agravamento da violência contra jovens em processo de desenvolvimento.
O DEGASE é um departamento submetido à Secretaria de Educação onde o
caos é permanente como uma comprovação de falência das políticas
públicas de um estado verdadeiramente infrator. Não há aulas nas escolas
por falta de respeito aos profissionais de educação e aos estudantes
que pugnam por uma educação de qualidade. Esse estado de violência não
tem visibilidade por parte da grande mídia que prefere legitimar
campanhas de redução da responsabilidade penal para sufocar ainda mais
essa parcela indesejada da população que habita os sistemas excludentes
sócio educativos e penitenciário.
As consequências legais seriam a intervenção federal num estado que não
cumpre a Constituição e agora se recusa a cumprir decisões judiais e a
responsabilização de seus dirigentes, governador e secretários, além de
atingir todos aqueles que contribuíram com suas administrações nefastas
para esse estado de coisas. Em tempos um desejado aperfeiçoamento das
instituições democráticas, ao invés de cortar pontos de professores,
melhor faria a sociedade, o poder judiciário, provocado pelo Ministério
Público que tais medidas fossem efetivamente providenciadas.
Fonte: Blog do Siro Darlan