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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Sistema Penitenciário: Comitiva do PSOL discute Medida Provisória do Funpen com presidente do STF. MP desvia recursos do Fundo Penitenciário

Quarta, 11 de janeiro de 2017
Do STF

Uma comitiva do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) se reuniu nesta quarta-feira (11) com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, para falar sobre o aditamento apresentado pela sigla na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 347 contestando a Medida Provisória (MP) 755/2016, que trata da transferência de receitas e recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen).


Na peça, a legenda alega que a MP contraria a decisão do Supremo na ADPF 347. Em setembro de 2015, ao julgar liminar na ação, o STF entendeu que deve ser liberado, sem qualquer tipo de limitação, o saldo acumulado do Funpen para utilização na finalidade para a qual foi criado, proibindo a realização de novos contingenciamentos.


Segundo o advogado do partido na causa, Daniel Sarmento, a medida provisória, além de desrespeitar a Constituição Federal por agravar a situação dos presos, violando direitos fundamentais, como a dignidade humana, também ofende decisão do STF, que, quando determinou o descontingenciamento do fundo, determinou que os recursos teriam de ser utilizados para o fim a que se destina, ou seja, a melhoria do sistema penitenciário. 


“A MP autoriza transferência de 30% do superávit do Funpen para o Fundo Nacional de Segurança Pública. Além disso, diminui as receitas do Funpen, que tinha como principal receita a destinação de 3% da Loteria Esportiva, mas agora a taxa passa a ser de 2,1%. A MP também prevê o uso dos recursos do Funpen para outros tipos de atividades, como a inteligência policial”, disse. 


O advogado explicou que, no aditamento, o PSOL postulou a suspensão desses dispositivos da MP. Subsidiariamente, caso o STF entenda que o caso não seja de aditamento, a legenda requer que o recurso seja recebido como ação direta de inconstitucionalidade contra a medida provisória. 


Audiências de custódia


O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que a ministra Cármen Lúcia já estava ciente do aditamento, mas não anunciou se tomará uma decisão ainda no recesso judiciário. O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) informou que também foram discutidas na reunião as audiências de custódia. 


“Sabemos que, em vários estados, as audiências não têm acontecido durante o recesso judiciário. Elas reduzem substancialmente o número de presos provisórios, que hoje é muito grande. Poder tirar da cadeia aqueles que não precisariam estar presos e adotar as penas alternativas são pontos fundamentais para que se comece a resolver o problema do sistema carcerário”, apontou o parlamentar. 


Também estavam presentes na reunião o presidente do PSOL, Luiz Araújo, e a deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP).