Segunda, 3 de dezembro de 2018
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Saúde Popular
Por

Foto: Karina Zambrana
3/12/2018
Entidades agradecem trabalho de cubanos e chamam à unidade de médicos latino-americanos contra retrocessos no Brasil
Por Redação*
A Associação Brasileira de Médicos Egressos da Elam, em conjunto com a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMMP), divulgou nota nesta segunda-feira (3), em comemoração ao Dia da Medicina Latino-americana. A data foi instituída em homenagem ao cientista cubano Carlos J. Finlay, nascido em 3 de dezembro de 1833, que se destacou pela descoberta do agente transmissor da febre amarela, em 1881.
Ao render um tributo a todos os médicos comprometidos com a saúde coletiva acima de interesses monetários ou corporativos, os signatários agradecem o trabalho realizado pelos médicos cubanos e tecem fortes críticas ao futuro governo.
Em nota, os médicos classificam o atual cenário do Brasil “de pesar e preocupação, pela conturbada situação política e social”. Ao criticarem o presidente eleito Jair Bolsonaro, pelo “desrespeito e ameaças – baseadas na intolerância e no cumprimento de pautas ideológicas”, levou à perda de “mais de 8 mil colaboradores do programa Mais Médicos, fato que impactará em descontinuidade da assistência”, nas periferias das grandes cidades e nas dezenas de distritos indígenas.
As entidades também denunciam que menos de 10% dos inscritos no recente edital do Programa Mais Médicos se apresentaram para trabalhar. “50% dos inscritos o fizeram deixando seus antigos postos de trabalho na rede municipal de saúde; e, em média, 40% desses médicos abandonarão seus postos ainda no primeiro ano de serviço”, completa o texto.
A nota finaliza convocando à unidade, “no compromisso ético e na vocação de servir”, e agradecendo o trabalho realizado por médicos cubanos, brasileiros e de outros países da América Latina, em favor da saúde pública.
Nota das entidades
No dia 3 de dezembro, comemora-se o dia da Medicina Latino-americana, em homenagem ao nascimento do cubano Carlos J. Finlay, eminente cientista do século XIX, descobridor do agente transmissor da febre amarela.
Data significativa para recordar e render tributo a todos os médicos comprometidos com a saúde de seus povos em todo o continente. Em especial, àqueles que colocam o dever, o sentido humanitário, a vocação, o desejo de servir quem mais precisa, acima de quaisquer interesses monetários ou corporativos.
Para nós médicos que atuamos no Brasil, o momento é de pesar e preocupação, pela conturbada situação política e social que atravessamos. Golpe parlamentar, instabilidade econômica, governo consagrado a privatizações, retirada de direitos e o congelamento do investimento público, crescimento da onda conservadora e fundamentalista, e a chegada ao poder – com uma campanha sedimentada por fake news e um vexaminoso esquema de caixa dois – de um político extremista, aberto defensor de ideias fascistas como Bolsonaro, cuja inexperiência e atabalhoamento já se fez sentir, muito antes de sua posse oficial.
Devido ao seu desrespeito e ameaças – baseadas na intolerância e no cumprimento de pautas ideológicas -, Cuba anunciou, em dias recentes, a suspensão do convênio de cooperação e a retirada de seus mais de 8 mil colaboradores do programa Mais Médicos, fato que impactará em descontinuidade da assistência, especialmente nos municípios mais pobres, de difícil acesso, nas periferias das grandes cidades e nas dezenas de distritos indígenas, localidades tradicionalmente pouco atrativas para os médicos formados no Brasil.
Prova disso, são os dados consignados pelo mais recente edital. Menos de 10% dos inscritos se apresentaram para trabalhar; 50% dos inscritos o fizeram deixando seus antigos postos de trabalho na rede municipal de saúde; e, em média, 40% desses médicos abandonarão seus postos ainda no primeiro ano de serviço.
Tais medidas de impacto extremamente negativos para os usuários mais vulneráveis do SUS, são reflexos do improviso e da falta de planejamento estratégico que, parece, regerá o novo governo.
Por isso, convocamos a todos e todas, nesse momento delicado, de retrocessos e hostilidade, para o dever da unidade, fortalecendo-nos no compromisso ético e na vocação de servir.
Aproveitamos a efeméride para congratular e agradecer o labor humanista de todas as médicas e médicos cubanos, que prestaram serviço aqui no Brasil, deixando uma marca de carinho e afeto por onde passaram. Ao tempo que felicitamos a todos os médicos brasileiros e da América Latina por sua entrega, honradez e consagração na construção de um sistema de saúde de qualidade, com equidade, acessível para todos os cidadãos e cidadãs.
Associação de Médicos Brasileiros Egressos da ELAM
Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares