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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Educação: enunciado considera que programa de escolas cívico-militares fere os princípios da reserva legal e da gestão democrática do ensino público

Sexta, 13 de setembro de 2019
Do MPF
Entendimento foi aprovado nesta sexta pela Comissão Permanente de Educação do CNPG, que conta com representantes do MPF e dos MPs Estaduais
Foto de um quadro negro, onde se lê a palavra 'Educação' escrita a giz pela mão de uma pessoa.
Arte: Secom/PGR
A Comissão Permanente de Educação é composta por membros dos Ministérios Públicos Federal e Estaduais. A procuradora da República Maria Cristina Manella participa do colegiado na qualidade de representante do Ministério Público Federal. Ela foi indicada pela Câmara de Direitos Sociais e Fiscalização de Atos Administrativos do MPF (1CCR) e, além de integrar a Copeduc, coordena o GT Educação do MPF.A Comissão Permanente de Educação (Copeduc) do Grupo Nacional de Direitos Humanos (CNDH), órgão vinculado ao Conselho Nacional de Procuradores-Gerais (CNPG), aprovou nesta sexta-feira (13) enunciado considerando que o Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares (Pecim) fere os princípios da reserva legal, da gestão democrática do ensino público e da valorização dos profissionais da educação. Ainda segundo o enunciado, a iniciativa vai contra as previsões da Lei de Diretrizes e Bases da Educação e do Plano Nacional de Educação. Instituído por decreto e lançado pelo governo federal no último dia 5, o Pecim cria as escolas cívico-militares, que são instituições não militarizadas, mas inspiradas no modelo das escolas militares e com a participação de militares da reserva como tutores.

Enunciados como o aprovado na manhã desta sexta-feira são entendimentos expedidos por colegiados ou órgãos superiores do Ministério Público e servem para orientar o trabalho dos membros em todo o Brasil. Agora, o entendimento será enviado aos promotores e procuradores com atuação em ofícios vinculados à Educação.
Escolas cívico-militares – Criado pelo Decreto nº 10.004/2019, o Pecim foi lançado no dia 5 de setembro, em cerimônia no Palácio do Planalto. As escolas cívico-militares terão equipes de militares da reserva no papel de tutores, seguindo as práticas pedagógicas e os padrões de ensino e disciplina de colégios militares. De acordo com o decreto, os tutores militares não são considerados profissionais da educação básica, mas irão atuar nas tarefas de apoio à gestão escolar, à gestão didático-pedagógica e à gestão administrativa.
Segundo informações divulgadas pelo Ministério da Educação no lançamento do programa, a meta é criar 216 escolas cívico-militares em todos os estados até o fim de 2022, além de estimular que pelo menos 10% das escolas públicas regulares adotem o modelo.