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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

FUTURO DAS ESCOLAS —Artigo 'Mais Paulo Freire, menos Bolsonaro: a Educação brasileira para além da pandemia'

Segunda, 2 de agosto de 2021

Paulo Freire, celebrado educador no mundo inteiro, é rejeitado pelo atual governo brasileiro - Foto: Sara Ferreira


Intervenção em universidades e desafios gerados pelo período de ensino à distância são alguns dos obstáculos a vencer

Brasil de Fato
Marcelo Barros
São Paulo (SP)

No Brasil, ainda ameaçado por novas variantes da pandemia, neste início do mês de agosto, colégios e instituições de educação retomam as aulas presenciais.

Durante mais de um ano, muitas escolas mantiveram os alunos ligados a encontros virtuais. Ocorre que, na maior parte do país, o acesso à internet e a seus recursos ainda não é totalmente democrático. Crianças e adolescentes pobres são penalizadas. Além disso, a educação à distância e por meios virtuais pode cumprir função de suplência, mas não substitui o acompanhamento educacional. São indispensáveis convivência e o diálogo.

Já desde alguns anos, o Brasil se coloca entre os países do mundo com maior dívida no plano da educação básica dos seus cidadãos. Atualmente, sob o atual governo, já antes da pandemia, no Ranking Internacional da Educação pubicado em 2019, o Brasil foi considerado um dos 20 piores países do mundo.


Neste 2021, as pessoas que amam a educação lembram o centenário do nascimento de Paulo Freire, figura de educador venerada no mundo inteiro, menos pelo atual governo brasileiro.

É sabido por quem acompanha o tema tudo que o atual governo fez e faz tudo para inviabilizar a educação, em todos os seus níveis. Nesse projeto, conta com a pandemia como aliada, mas é capaz de perversidade que nenhum vírus alcança. No plano universitário, o presidente da República não cansa de intervir na maioria das universidades federais.

Impõe administradores, nomeados com critérios políticos e ideológicos, sem o mínimo respeito à comunidade dos professores e técnicos em educação. Além disso, como nunca antes, todas as unidades federais padecem da falta de verbas para o seu funcionamento básico.


Enquanto desde o século XVI Colômbia, Peru e Bolívia têm boas universidades públicas, no Brasil, apenas no século XIX tivemos o primeiro curso de direito, em Olinda (PE) e São Paulo. O próprio Ministério da Educação só existe no país desde de 1930”.

Em um evento realizado por videoconferência, no dia 15 de outubro de 2020, o papa Francisco lançou o Pacto Educativo Global, propondo ao mundo todo uma aliança em prol de uma educação de qualidade. O papa insiste na importância da educação como ato de esperança, “antídoto natural à cultura individualista”.

Essa iniciativa do papa conta com o apoio da Unesco e de diversas instituições acadêmicas. A proposta é que esse pacto se concretize através de sete compromissos ou propostas para a promoção do diálogo entre culturas, da paz e da ecologia integral:

1º - Colocar a pessoa no centro de cada processo educativo.

2º - Ouvir a voz das crianças, adolescentes e jovens a quem transmitimos valores e conhecimentos.

3º - Favorecer a plena participação das meninas e adolescentes na instrução.

4º - Ver na família o primeiro e indispensável sujeito educador.

5º - Educar a nós mesmos e uns aos outros/as para o acolhimento, abrindo-nos aos mais vulneráveis e marginalizados.

6º - Encontrar outras formas de compreender a economia, a política, o crescimento e o progresso.

7º - Guardar e cultivar a nossa casa comum, protegendo-a da exploração dos seus recursos.

No Brasil, diversas entidades da sociedade civil estão se unindo a educadores e educadoras para organizar atividades concretas neste caminho do Pacto Educativo Global. Para quem tem fé e busca viver uma espiritualidade ecumênica, a educação é a tarefa que mais nos aproxima dos grandes líderes espirituais da humanidade.

Todos eles foram educadores. Jesus Cristo, por exemplo, se revelou como Sabedoria Divina oferecida a toda pessoa que aceita acolhê-lo. E mostrou que neste processo de educação o importante é conhecer e praticar a verdade. Como ele afirmou: “A Verdade vos libertará” (Jo 8, 33).



Edição: Vinícius Segalla