Quinta, 1 de dezembro de 2011
Da "Auditoria Cidadã da Dívida"
Os jornais noticiam mais uma operação conjunta de bancos centrais de
vários países (EUA, Canadá, Inglaterra, Japão, Suíça e Banco Central
Europeu) para salvar os bancos privados, por meio de mais empréstimos
com taxas de juros mais baixas. Conforme mostra a imprensa, no idioma
“economês”, tal operação visa “suavizar as pressões de financiamento e as tensões sobre a liquidez no sistema financeiro do continente”, o que em bom português, significa tirar mais dinheiro do povo para salvar bancos privados.
Não por acaso, o resultado disso foi a disparada do valor das ações dos bancos privados nas bolsas de valores pelo mundo.
Já
quando são os governos europeus que entram em dificuldades – exatamente
por terem salvo os bancos privados – o mesmo Banco Central Europeu
condiciona qualquer ajuda à aceitação de pacotes do FMI, que prevêem
nefastas medidas neoliberais, tais como as reformas da previdência e
cortes de gastos sociais. Para tanto, uma das medidas em estudo é,
simplesmente, a intervenção da cúpula da União Européia sobre os
orçamentos dos países. Conforme mostra o jornal Estado de São Paulo,
está na agenda “dar poderes à UE para fiscalizar os orçamentos
nacionais, a busca de uma maior integração fiscal e a punição severa dos
governos que acumularem déficits. Na prática, uma nova Constituição da
UE estaria em debate.”
Na Inglaterra, por exemplo, os
servidores públicos entraram em greve hoje [30/11], para protestar contra a
reforma da previdência. O eterno argumento oficial é de que o governo
teria de cortar despesas, porém, este argumento jamais foi colocado
quando o Reino Unido resolveu gastar 816 bilhões de euros com o
salvamento de bancos e empresas privadas a partir de 2008, conforme
mostra o estudo “As Cifras da Dívida 2011”, elaborado pelo Comitê pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (CADTM).
Estas medidas neoliberais recomendadas pelo FMI são também aplicadas no Brasil, conforme mostra o Portal Jus Brasil Notícias: “Juros
mais elevados do mundo, privilégio na destinação de recursos para a
dívida, carga tributária elevada e regressiva, ausência de retorno em
bens e serviços públicos, contingenciamento de gastos sociais,
congelamento de salários no setor público”. O Portal repercute o
evento promovido ontem pelo Sindicato dos Trabalhadores do Poder
Judiciário no Estado de Minas Gerais (SITRAEMG), que contou com a
presença da Coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia
Fattorelli.
Por fim, os jornais de hoje também noticiam a decisão
do COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de reduzir em
0,5% a taxa de juros Selic que, apesar disso, continua sendo a maior do
mundo, equivalente a mais que o dobro do país segundo colocado.