Sexta, 30 de dezembro de 2011
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Mas o governador baiano pegou gosto pelos países andinos e
decidiu que Cartagena, na Colômbia – país que até há pouco vivia às turras com
Chávez e a Venezuela, que ultimamente baixou a bola e tornou-se mais cordata –
seria o lugar ideal para passar uns dias de férias de fim de ano.
E lá foram ele e a simpática primeira-dama Fátima
Mendonça ver uma coisa rara, Papai Noel com seu trenó puxado por llamas (o
equivalente às renas do Ártico) e virar o ano em terras próximas aos picos andinos, pois o
novo ano, de acordo com aquele filme, 2012, promete um dilúvio (do tipo
tsunami) de amplitude planetária.
Pela viagem de aniversário de março de 2009 a
oposição baiana cobrou um preço, fazendo críticas infundadas ao direito de ir e
vir do governador. Notava-se uma má vontade indisfarçada. O povo nem ligou e no
ano seguinte reelegeu o governador Wagner no primeiro turno, como já o havia
eleito para o primeiro mandato. Mas a oposição não aprendeu a lição.
E assim é que, enquanto o presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, sugere – não afirma, faz questão de ressalvar, apenas sugere – que
os Estados Unidos inventaram uma maneira de “induzir o câncer” em certos líderes
sul-americanos pelos quais supostamente não têm especial simpatia, já tendo
atingido a cinco deles, segundo a avaliação bolivariana, a oposição baiana
também mexeu seus pauzinhos conspiratórios. Pelo menos os tucanos.
Embuçados no lote de selva próximo ao Hotel Sofitel
de Cartagena, onde hospedam-se o governador e sua mulher, os tucanos da Bahia
trocaram figurinhas com os tucanos colombianos, estes bem à vontade, no seu
habitat natural, equilibrando-se sobre aqueles gravetos, como só eles,
papagaios, periquitos e assemelhados sabem fazer.
Tucanos colombianos espiões relataram que o
governador comprazia-se em passar algum tempo degustando champagne com amigos e
ficou decidido que o ataque se faria exatamente neste ponto. Um tucano chutaria
o balde de Wagner. Melhor dizendo, chutaria o balde que mantinha estupidamente
gelado o champagne do governador da Bahia. E foi lá o estafermo, mas gostou dos
vapores e bolhas que emanavam da encantadora garrafa aberta.
Então passeou os dedinhos pela borda do balde,
buscando diferentes pontos de observação e aspiração, depois, acostumado ao
frio dos Andes, acomodou-se confortavelmente dentro do balde de gelo e ficou
dando delicadas bicadas na garrafa. Finalmente, chegou a hora do chute. Aplicou
um, com certas ressalvas, que os tucanos sempre têm – afinal, aqueles vapores,
aquelas bolhas! – o balde vacilou, preparou-se o tucano para o segundo chute,
levantou o pé... e foi então que, esbaforido, o garçom chegou.
O balde foi salvo na última hora. Conta-se que o
garçom ofereceu uma taça cheia do conteúdo da garrafa, desde que o tucano a
tomasse discretamente, na copa. Conta-se, ainda, que o tucano não resistiu à
tentação adesista.