Sexta, 23 de dezembro de 2011
Da Agência Brasil 
 Vladimir Platonow - Repórter
 Rio de Janeiro – O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção 
Rio de Janeiro (OAB-RJ), Wadih Damous, está preocupado com o tom das 
críticas feitas pelas associações de magistrados à corregedora do 
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ministra do Superior Tribunal de 
Justiça (STJ), Eliana Calmon. Para ele, há uma tentativa de "esvaziar" o
 conselho e "desmoralizar" a ministra.
Damous disse à Agência Brasil que, “sem sombra de 
dúvida, está se tentando desmoralizar a ministra, enfraquecer o seu 
papel como corregedora. É um ataque ao CNJ, com objetivo de esvaziar 
suas atribuições e seus poderes, sobretudo aos correcionais, e 
desmoralizar o conselho. Num momento em que o CNJ desnuda determinadas 
práticas que deixam mal certos magistrados e segmentos da magistratura, 
sofre um ataque dessa dimensão. Isso é muito preocupante.”
Com base em fóruns de discussões na internet, o presidente da 
OAB-RJ acredita que as críticas  à corregedora podem afastar as 
entidades classistas da maioria dos magistrados. “Se há segmentos 
importantes demonstrando insatisfação, isso pode estar mostrando que as 
cúpulas das associações estão se dissociando da grande massa dos 
magistrados, que é composta, em sua maioria esmagadora, de mulheres e 
homens honrados. Isso pode demonstrar que as associações de magistrados 
estão no caminho errado”.
Damous teme que a oposição de parte da cúpula da magistratura à atuação
 fiscalizadora do CNJ acabe colocando o Poder Judiciário contra a 
própria sociedade brasileira. “A Justiça fica muito mal [perante a 
opinião pública]. O CNJ foi criado pela Emenda 45 [da Constituição], em 
2004, exatamente por conta de clamores sociais. O Poder Judiciário foi o
 último a se democratizar. Sempre foi hostil à fiscalização. Nunca se 
julgou devedor de prestar contas à sociedade. Parece que agora há uma 
espécie de revanche contra a Emenda 45, por parte desses setores da 
magistratura que não querem a transparência e a democratização do 
Judiciário.”
Para Damous, a reação das associações contra Calmon acaba enfraquecendo
 a imagem da Justiça. “São atitudes pautadas por um extremo 
corporativismo, que dá as costas aos anseios sociais de maior 
transparência do Poder Judiciário, de uma democratização mais ampla, 
maior aproximação dos juízes com o povo. O que está prevalecendo, sob as
 tintas de defesa dos direitos dos juízes, na verdade, é um pernicioso 
corporativismo.”
 
 
 
