Sábado, 31 de dezembro de 2011
Da Veja
Além do Brasília e do Sobradinho, clubes adquiridos por figuras próximas ao governador Agnelo Queiroz, outros times da capital estão nas mãos de petistas
Gabriel Castro
A edição de VEJA desta semana mostra uma face nova do aparelhamento petista,
que não poupa sindicatos, entidades estudantis e organizações
não-governamentais. A reportagem mostra como dois clubes de futebol de
pouca expressão foram adquiridos por pessoas próximas ao governador
Agnelo Queiroz, em circunstâncias que chamaram a atenção do Ministério
Público. O Brasília agora pertence a Luis Carlos Alcoforado, advogado do
governador. O Sobradinho passou a ser controlado pela família de Paulo
Tadeu, o principal secretário do governo. Mas esses não foram os únicos
episódios.
O Botafogo-DF, cópia do original carioca, nasceu depois que o
empresário Walter Teodoro, que tem fortes ligações com o PT e fez
campanha para Agnelo, comprou um antigo clube do Distrito Federal. O
administrador já chegou a levantar suspeitas do Ministério Público por
irregularidades na gestão de uma faculdade do Distrito Federal. Com
senso de oportunidade acurado, Teodoro agora avalia mudar o nome do
clube, que passaria a se chamar Nacional – coincidentemente, o nome do
Estádio Nacional de Brasília, o elefante branco de 70.000 lugares que
está sendo construído para a Copa de 2014.
O gigante de custo quase bilionário deve ficar às moscas durante os
jogos do Candangão. Mas o espaço, localizado no centro da capital, tem
tudo para se transformar em uma rentável arena de shows. Já em 2012, o
governo deve escolher a empresa responsável pela gestão do estádio.
Dirigentes de clubes apostam que as concorrentes terão,
obrigatoriamente, de se vincular a algum time de futebol para participar
da disputa. Essa pode ser a explicação para o súbito interesse pelo
combalido futebol local.
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MP investiga compra de times pela turma de Agnelo Queiroz
Reportagem em VEJA desta semana revela que amigos e assessores do governador do DF fizeram investimentos suspeitos no futebol candango
Gabriel Castro, da Veja
Novos negócios: Sob suspeita de corrupção,
o grupo político do governador Agnelo tem
comprado times como o Brasília
Futebol Clube: petista até na cor da camisa
o grupo político do governador Agnelo tem
comprado times como o Brasília
Futebol Clube: petista até na cor da camisa
O futebol profissional em Brasília é tão desenvolvido quanto o golfe no
Gabão. A média de público nos jogos não passa de 2 000 torcedores e o
time local de melhor desempenho está na terceira divisão do campeonato
nacional. Mesmo assim, os gramados da capital têm levado políticos a se
transformar em cartolas. O primeiro a descobrir as vantagens de fazer
negócio em torno de um produto tão ruim foi o notório Luiz Estevão, que
criou o Brasiliense Futebol Clube depois de ter o mandato de senador
cassado e ser preso pelo desvio de milhões de reais das obras do TRT de
São Paulo.
Há quem defenda que ele entrou no ramo para lavar, digamos, sua
biografia. Outros acreditam que foi por amor ao futebol. Seja qual for a
razão, Luiz Estevão fez escola. Uma década após a aposta pioneira do
ex-senador, agora é a turma ligada ao governador Agnelo Queiroz, do PT,
que se lança injetando dinheiro no combalido futebol candango.
Parceiro dileto e companheiro inseparável de Agnelo até nas denúncias
de corrupção que levaram o governador a ser investigado pelo Superior
Tribunal de Justiça, o advogado Luis Carlos Alcoforado acaba de comprar
para si o Brasília Futebol Clube, recém-rebaixado para a segunda divisão
do Distrito Federal. Ele não revela o valor, mas um levantamento
preliminar do Ministério Público estima que o negócio tenha girado em
torno de 3 milhões de reais. "Comprei para incentivar futuros talentos",
diz.