Domingo, 11 de janeiro de 2015
Por Kleber Karpov
O governador do DF, Rodrigo Rollemberg
(PSB) tem conseguido alguns feitos únicos no meio político durante
a composição da equipe que vai gerenciar o DF. Um deles é manter-se a
margem de críticas, provocações e especulações em relação aos futuros
administradores das Regiões Administrativas (RAs) do Distrito Federal. O
Governador apenas deixou claro que a escolha do nome virá de uma lista
escolhida pela população e que os futuros administradores precisam
residir na RA e serem fichas limpas. A partir dessas declarações, nas
RAs eclodiram de candidatos organizando reuniões e eventos para
escolherem os nomes dos futuros administradores.
Alguns moradores da cidade se dizem
indignados com a possibilidade do nome do ex-candidato pelo PSC, Pastor
Egmar Tavares, como nome indicado a administrador da RA do Gama. Isso
porque há supostos envolvimentos do Pastor em tentativa de invasão de
áreas públicas para uso da ADEG – Assembleia de Deus do Gama (ADEG), em
que é presidente. Uma das denúncias aponta que Tavares ‘adquiriu’ um
templo situado em terras públicas, dentro do Parque Urbano e Vivencial
do Gama do Gama (PUVG).
De acordo com publicação do Blog do
Arretadinho (26/Dez): “O templo foi construído há algum tempo por outra
denominação evangélica e ‘adquirida’ recentemente pela sigla que é
dirigida por Egmar. Comenta-se que, ao adquirir o templo, a ADEG tenha
ampliado o terreno em volta da igreja, demarcado por uma cerca de arame.
Nos meios evangélicos fala-se que o local já está avaliado em mais de
R$ 2 milhões.”.
O membro do Instituto dos Arquitetos do
Brasil, departamento do Distrito Federal (IAB-DF), ex-conselheiro do
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal
(CREA-DF), o arquiteto e urbanista, Ariomar da Luz Nogueira, denuncia a
tentativa de outra invasão de área pública por parte da ADEG. Dessa vez
na Área Especial Quadra 06 Conjunto J / Quadra 12 Conjunto E Setor Sul
do Gama.
Nogueira explica ao fincar uma placa em
uma área pública, apenas por ter encaminhado um ofício solicitando a
doação da terra para a ADEG não torna a igreja, proprietária do terreno.
Para Ariomar: “Colocar a placa no terreno sem que de fato haja
a oficialização da doação da área pública à ADEG por parte da
Administração do Gama é uma atitude de má fé.”, reclama Nogueira.
Becos invadidos no governo Agnelo
Morador da cidade há 52 anos, Nogueira é
criador do monumento Periquito e de outras 21 obras espalhadas pela a
cidade do Gama e cidadão honorário do DF, titulado pela Câmara
Legislativa do DF (CLDF) que adotou o Gama como cidade do coração. Mas o
Urbanista se queixa da especulação imobiliária, das invasões de terras
em áreas públicas e, principalmente, da falta de preocupação dos
administradores para com o Gama. Um exemplo simples foram as invasões de
becos na gestão de Agnelo Queiroz (PT).
Nogueira lembra que durante o governo de
Queiroz, com apoio do ex-deputado distrital, Patrício (PT), o GDF
transformou em lotes e doou aos Policiais Militares os becos invadidos
por alguns PMs.
Segundo Nogueira: “Essa legalização de
ocupação inconsequente de área pública criou processo de não drenagem
das águas nos locais ocupados indevidamente. Quando chove as águas não
têm por onde escoar e ficam represadas, muitas vezes provocando
alagamentos nas casas vizinhas.”, explica observar ainda que os
alagamentos também impactam na saúde pública: “Sem o escoamento temos a
proliferação dos vetores de doenças, a exemplo dos ratos e mosquitos que
podem causar doenças aos moradores da cidade.”, afirma Nogueira.
Parque Urbano e Vivencial do Gama
O PUVG é situado em área pública de 590
mil metros quadrados, no Setor Norte do Gama, rica de fauna e flora
típicas do Cerrado brasileiro, a exemplo de matas de galeria, áreas de
brejo com buritizais e campos de murundus, além de recursos hídricos.
Em 2012 a área passou a fazer parte do “Programa Brasília, Cidade
Parque”, ocasião em que foi realizado um concurso pela Secretaria de
Estado de Habitação Regularização e Desenvolvimento Urbano (Sedhab) para
escolha do projeto para o parque. Embora tenham escolhido um, o
trabalhos escolhido não foi executado por causa do alto custo, segundo a
Coordenação de Unidade de Conservação de Uso Sustentável
e Biodiversidade (Copar)/ Instituto Brasília Ambiental (Ibran).
No ano seguinte, com outro projeto mais
barato, as obras foram iniciadas, mas a passo de ‘tartaruga’. Apenas a
sede começou a ser construída, além de alguns campos de futebol e um
estacionamento, pavimentado em frente à igreja da ADEG, na área do
parque . Em 2014, Chico Vigilante (PT) destinou R$ 500 mil, por meio de
recursos provenientes de emenda orçamentária N° 459, a título de
revitalização do parque, de acordo com o site Adote um Distrital (Confira o Vídeo). A obra foi realizada a menos de 50 metros de outro estacionamento público asfaltado, com iluminação pública e drenagem (Confira o Vídeo).
O mestre em Saúde Ambiental pela USP,
Bernardo Tadeu Machado Verano alerta: “Invasões em parques urbanos
degradam a fauna e flora, retiram espécies vegetais preservadas.”,
afirma ao lembrar que o Parque Urbano e Vivencial do Gama, esperado pela
população do Gama há mais de 50 anos, ajudará a melhorar a qualidade de
vida dos moradores daquela RA: “Se utilizados com a destinação correta,
de múltiplo uso, além de garantir a preservação do meio ambiente também
trás melhorias na qualidade de vida da população.”, afirma Verano.