Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 11 de janeiro de 2015

De Pátria-Educadora a Pátria-Latifundiária

Domingo, 11 de janeiro de 2015
Da Tribuna da Imprensa
Carlos Chagas

O Prêmio Pinóquio da semana vai para a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, por haver declarado que não existe latifúndio no Brasil. Apesar de desmentida pelo ministro Patrus Ananias, da Reforma Agrária, a senadora manteve a afirmação. O mais estranho é que a presidente Dilma ficou calada, sempre tão preocupada em mandar seus ministros voltarem atrás em tudo aquilo que ela não concorda. Estaria concordando com a amiga ministra a respeito da inexistência de latifúndios?
 
Com os cortes orçamentários já anunciados pela equipe econômica, salta aos olhos a preferência do governo pela agricultura, em detrimento da educação. O ministério de Kátia Abreu deixará de receber pouco mais de 500 milhões. Já o ministério de Cid Gomes perderá 7 bilhões. Mesmo diante das dotações bem maiores do ministério da Educação, quando comparadas com as do ministério da Agricultura, sobra a conclusão de sermos não a “Pátria-Educadora”, mas a “Pátria-Latifundiária”. Será pelo fato de que a agricultura dá lucro e a educação, prejuízo? Pelo jeito, Dilma não concorda com o raciocínio de que dinheiro gasto com educação é investimento. Se é despesa, tesoura nela… 
 
SILÊNCIO INEXPLICÁVEL 
 
Calou-se o PT quando, antes de empossado o novo ministério, o governo anunciou reduzir pela metade os direitos trabalhistas devidos a quem recebe o salário mínimo. Agora, faz-se de novo o silêncio diante dos cortes no orçamento da educação. De tanto engolir sapos, os companheiros vão acabar explodindo. Talvez por isso registra-se a tendência de alguns deputados petistas votarem em Eduardo Cunha para presidente da Câmara.