Da Tribuna da Imprensa
Carlos Chagas
O Prêmio Pinóquio da semana vai para a ministra da Agricultura, Kátia
Abreu, por haver declarado que não existe latifúndio no Brasil. Apesar
de desmentida pelo ministro Patrus Ananias, da Reforma Agrária, a
senadora manteve a afirmação. O mais estranho é que a presidente Dilma
ficou calada, sempre tão preocupada em mandar seus ministros voltarem
atrás em tudo aquilo que ela não concorda. Estaria concordando com a
amiga ministra a respeito da inexistência de latifúndios?
Com os cortes orçamentários já anunciados pela equipe econômica,
salta aos olhos a preferência do governo pela agricultura, em detrimento
da educação. O ministério de Kátia Abreu deixará de receber pouco mais
de 500 milhões. Já o ministério de Cid Gomes perderá 7 bilhões. Mesmo
diante das dotações bem maiores do ministério da Educação, quando
comparadas com as do ministério da Agricultura, sobra a conclusão de
sermos não a “Pátria-Educadora”, mas a “Pátria-Latifundiária”. Será pelo
fato de que a agricultura dá lucro e a educação, prejuízo? Pelo jeito,
Dilma não concorda com o raciocínio de que dinheiro gasto com educação é
investimento. Se é despesa, tesoura nela…
SILÊNCIO INEXPLICÁVEL
Calou-se o PT quando, antes de empossado o novo ministério, o governo
anunciou reduzir pela metade os direitos trabalhistas devidos a quem
recebe o salário mínimo. Agora, faz-se de novo o silêncio diante dos
cortes no orçamento da educação. De tanto engolir sapos, os companheiros
vão acabar explodindo. Talvez por isso registra-se a tendência de
alguns deputados petistas votarem em Eduardo Cunha para presidente da
Câmara.