Sexta, 22 de julho de 2011
Por
Ivan de Carvalho

Lá, o ex-presidente, o
governador e os seletíssimos convidados abordaram, segundo informações ainda
esparsas e pouco aprofundadas, questões sisudas, tais como a sucessão municipal
de Salvador, o destino político do governador Jaques Wagner e obras da área dos
Transportes. Consolida-se a opção de Wagner pela disputa de um mandato de
deputado federal em 2014. Isto facilita ao PT construir uma aliança em torno de
seu candidato a governador, Sérgio Gabrielli, porque Wagner não disputaria a
eleição majoritária de senador, o que poderá ser feito por candidato de partido
aliado. Também garante que Wagner não ficará quatro anos sem mandato eletivo.
Também terão sido abordados na reunião em Ondina problemas
relacionados com transtornos que passaram a envolver importantes projetos da
área de transportes na Bahia depois que estourou a crise no Ministério dos
Transportes e houve a exoneração do ministro Alfredo Nascimento, do PR.
Dificuldades surgiram até mesmo para a obra mais importante na Bahia, a
ferrovia Oeste-Leste.
Não vamos fazer a tentativa
fútil de enfiar todos esses temas nos limites deste espaço. Não caberiam numa
só edição. Adiante trataremos somente da sucessão municipal. No momento,
existem nada menos que 11 partidos anunciando candidaturas a prefeito de
Salvador. Dez acenam com nomes, o PSB apenas com a afirmação de que terá um
nome. A senadora Lídice da Mata seria o óbvio, mas ela não parece ansiosa para
disputar, talvez seus planos estejam focados nas eleições de 2014 para
governador. No PSB, no entanto, muitos a pressionam a correr riscos, ainda mais
que, se perder a eleição para a prefeitura, continuará senadora. O PSB tem uma
orientação estratégica nacional de disputa de prefeituras de capitais, onde for
possível. Além de Lídice, o secretário estadual de Turismo Domingos Leonelli e Sérgio
Gaudenzi são outros nomes do PSB.
Mas ainda existem, além do
PSB, e sem contar PSOL e outros mais miudinhos ainda, dez partidos com
candidatos declarados ou em potencial. Claro que deverá ocorrer uma forte
redução no processo. Digamos, só para raciocinar, 50 por cento. Ainda sobrariam
cinco ou seis candidaturas. Pelo menos três na base política do governo
estadual.
A questão é: conseguirá ou
não o governador e seu governo unificar a base em torno da candidatura petista,
quase certamente do deputado Nelson Pelegrino, se o grande esforço deste para
unificar o PT em torno de si tem sido frustrado até agora? O que dizer da espetacular
declaração do ministro das Cidades e presidente estadual do PP (importante
partido da base), Mário Negromonte, de que seu partido está hoje no comando da
prefeitura e pretende continuar, apresentando desde já como potencial candidato
o deputado João Leão, chefe da Casa Civil do prefeito João Henrique?
Se o governo unir a base,
seu candidato, seja Pelegrino ou eventualmente outro, dá ao partido, pelo menos
teoricamente (às vezes na prática é diferente), a condição de entrar na batalha
com muita força. O PT, que já é hegemônico na esfera federal e na esfera
estadual baiana teria grandes chances de estender sua hegemonia à capital do
estado.
Mas há quem, nas oposições,
não creia que o governador Wagner unifique a base, pois isso, ressalvada alguma
rara e esquecida exceção, só costuma ocorrer quando há imposição, pressão
irresistível, essas coisas atribuídas a uma era declarada superada na Bahia.
Wagner não faria as coisas assim. Afinal, “ainda que levando em conta que disputaria
em 2010 um mandato de governador, em 2008 ele foi a três convenções que
lançaram diferentes candidatos da base a prefeito da capital”. Mesmo não sendo
desta vez candidato à reeleição, Wagner, acredita o político que disse aquela
frase, não adotará “o estilo de imprensar”.
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Este artigo foi publicado originalmene na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.