Sábado, 2 de julho de 2011
Da Agência Brasil
Elaine Patricia Cruz - Repórter
A liberação da maconha no Brasil favorecerá o tráfico e não
diminuirá a violência no país, segundo o procurador de Justiça de São
Paulo Marcio Sergio Christino, especialista na área de crime organizado.
“Toda medida que defende o consumo e permite a compra da droga de
maneira massiva indiretamente favorece o traficante, porque ele é o
grande fornecedor. Quando se aumenta o consumo, se aumenta ou se dá
força àquele que tem o produto para vender”, disse o procurador à Agência Brasil.
Segundo ele, como não há diferença entre quem vende maconha e quem
vende as demais drogas, é difícil imaginar que a violência
poderádiminuir com a liberação do alucinógeno. “O traficante que vende
maconha é o mesmo que vende o crack, que vende o oxí, que vende
a cocaína. Não há diferença no mercado nesse sentido. Então, atribuir a
liberação da maconha à diminuição da violência é uma afirmação
aventureira.”
Um dos problemas, segundo Christino, é que a legislação brasileira
sobre drogas é “esquizofrênica”. “Temos uma série de casos de diminuição
de pena de forma que a pena por tráfico hoje no Brasil é a menor pena
de tráfico do mundo, o que causa espanto, dado à força e ao crescimento
que o tráfico tem hoje no Brasil.”
Para ele, a solução é a legislação brasileira ter como exemplo os
países que defendem penas mais rigorosas para os traficantes. “Se isso
acontecer, vai ter uma diminuição do tráfico. Mas definitivamente [isso
não ocorrerá] com as penas e com o processo que temos hoje aqui.”
De acordo com o procurador, também é difícil supor que o Brasil possa
regulamentar o plantio, a distribuição e o uso da maconha. “Nossas
condições econômicas e sociais não permitem qualquer tipo de
fiscalização sobre a produção desse tipo de produto. Já temos uma saúde
carente, temos um Estado deficitário e é difícil atribuir ao Estado mais
um ônus, que é perfeitamente dispensável.”
Christino também considera “falácia o argumento de que a maconha é uma
droga leve, que pode até ser usada para fins medicinais. “É um tema
polêmico na medicina, mas até hoje não se conseguiu isolar um princípio
ou um determinado efeito da maconha que não possa ser feito por outras
espécies de medicamentos. É mais um subterfúgio usado para justificar o
consumo. Apesar de ser uma droga considerada leve, o fato é que o
simples consumo da maconha já serve como elemento alterador de
consciência. E isso é um fato inegável. Leve ou não, ela é uma droga”.
Na tarde de hoje (2), o Coletivo Marcha da Maconha promove uma
manifestação por mudança na Lei de Drogas, na Avenida Paulista, em São
Paulo. Durante a marcha, os manifestantes vão defender a regulamentação
do plantio, distribuição e uso da maconha Eles também defendem que o
consumo e a propaganda sejam restritos, assim como o do tabaco e do
álcool.