Sábado, 7 de janeiro de 2012
Do blog "Brasília por Chico Sant'Anna"
O
ex-administrador do Cruzeiro, radialista Salin Siddartha, que foi
surpreendido com sua exoneração na quinta-feira, 5/5, atribui o seu
afastamento a sua decisão de investigar desmandos de protegidos de Paulo
Tadeu e do deputado Federal Roberto Policarpo, ambos da cúpula do PT.
Seria uma suposta represália às investigações internas que teria
aberto contra servidores comissionados de sua administração, cujas
nomeações teriam sido definidas pelo secretário de Governo do DF, Paulo
Tadeu, e pelo deputado federal Roberto Policarpo.
Em entrevista por telefone ao blog Brasília, por Chico Sant’Anna, Salin
Siddartha, que se encontra de férias no Nordeste, deu nome aos bois.
Disse que, no primeiro semestre do ano, abriu uma sindicância interna
para apurar supostas irregularidades na comissão de licitação da
administração regional e que já havia, inclusive, afastado o presidente,
à época, da comissão de licitações da administração regional, Jeová
Castro Neves e um segundo integrante, Daniel Abreu Corrêa.
Motivo? Suspeita de promover irregularidades. Jeová, que formalmente
ocupava o cargo de chefe de gabinete da administração regional, é,
segundo Salim, protegido de Policarpo. Daniel, filiado ao Partido Pátria
Livre, presidido por Marco Antônio Campanela, ocupa a direção de
serviços daquela regional.
Outra denúncia que estava sendo investigada, ainda segundo o
ex-administrador, é quanto ao suposto recebimento de propina, no valor
de RS 20 mil, por parte de um dos comissionados – como não teve
condições de ouvir o outro lado, o blog não irá mencionar os nomes dos
servidores suspeitos. A propina teria sido paga por representantes do
Supermercado Veneza para que as novas instalações do empreendimento, que
ferem os limites do gabarito de edificações do Cruzeiro, fossem
aprovadas.
“Abri a sindicância e registrei queixa na 3ª Delegacia do Cruzeiro. O
titular era o delegado Onofre, hoje chefe da Polícia Civil. Pode ir lá
conferir com ele.” – disse Siddartha.
Uma terceira sindicância teria sido aberta para apurar o uso não
autorizado de veículo funcional da administração por parte de um dos
protegidos de Policarpo.
“O carro alvo foi de um acidente na Epia, próximo a rodoferroviária.
Ele bateu na traseira de um caminhão, às 5h30 da manhã e o Jeová estava
dirigindo o gol oficial do GDF sem autorização e bêbado. Isso é furto –
sentenciou o ex-administrador do Cruzeiro, complementando que, na época
do acidente, “o Policarpo me ligava todo dia pedindo para que abafasse a
investigação. Se duvidarem, peçam a quebra do sigilo telefônico dele.”
Por fim, Salin Siddartha explicou que a outra sindicância era quanto
ao não comparecimento ao serviço de dois servidores – ambos protegidos
do secretário de governo, Paulo Tadeu – que segundo ele fraudavam a
folha do ponto.
“Eles não vinham trabalhar ou chegavam aqui às quatro da tarde e
saiam às cinco. Quando eu cobrava a presença deles, me diziam que não
estavam na Administração para trabalho administrativo, mas sim para
fazer política para o PT.”
Salim, que também é do PT, concluiu dizendo que sai de cabeça em pé
da administração e que não tem nenhuma queixa em relação ao governador
Agnelo Queiroz. Entretanto, disse ser impossível fazer um trabalho sério
e moralizador com o PT.
“É impossível fazer um trabalho limpo e acabar com a roubalheira no
GDF, com tanta interferência política do PT” – finalizou Salin Siddartha