Domingo, 1 de janeiro de 2012
De "resistir.info"
A nova façanha da Wikileaks: Identificar as empresas que vigiam o mundo
– Ver o mapa Um mundo sob vigilância, elaborado pela Wikileaks
por Ciper
A mais recente revelação da organização dirigida
por
Julian Assange
põe a nu o negócio milionário das
empresas de segurança que converteram o seu negócio na nova
indústria de espionagem maciça que alimenta sistemas de
espionagem governamentais e privados. A última entrega de
Wikileaks
fornece os nomes das empresas que, em diferentes países, interceptam
telefones, rastreiam mensagens de texto, reconstroem a navegação
na Internet e identificam inclusive, as vozes de indivíduos sob
vigilância. Tudo isso é feito de forma maciça com softwares
que são vendidos a governos democráticos e a ditaduras.
Poderia dizer-se que se trata de um mau filme, mas os sistemas de
intercepção maciça fabricados por empresas ocidentais e
usados, entre outros objectivos, contra adversários políticos,
são mesmo uma realidade. A 1 de Dezembro,
Wikileaks
começou a
publicar um banco de dados de centenas de documentos provenientes de cerca de
160 empresas do sector de vigilância dos cidadãos.
Em colaboração com
Budget Planet et Privacy International,
bem como meios de comunicação de seis países –
L' ARD
na Alemanha,
Le Bureau of Investigative Journalism
na Grã-Bretanha,
The Hindu
na Índia,
L'Espresso,
em Itália,
OWMI
em França e
Washington Post
nos EUA, – Wikileaks expõe à luz do dia essa
indústria secreta cujo crescimento explodiu após o 11 de Setembro
de 2001, representando milhares de milhões de dólares em cada ano.
Desta vez Wikileaks publicou 287 trabalhos, mas o projecto
"Um mundo sob vigilância"
está lançado e novas informações serão
publicadas esta semana e no próximo ano.
As empresas internacionais de vigilância estão localizadas nos
países que têm as mais refinadas tecnologias. Elas vendem a sua
tecnologia a todos os países do mundo. Esta indústria, na
prática, não está regulamentada. As agências de
espionagem, as forças militares e as autoridades policiais são
capazes de interceptar massivamente, sem serem detectadas e no maior segredo,
os telefonemas, tomar o controle de computadores, mesmo sem que os fornecedores
das redes acesso se apercebam ou façam algo para o impedir. A
localização de utentes pode ser seguida passo a passo, se usarem
um telefone celular, mesmo se este estiver desligado.
Os dossiers de
"Um Mundo Sob Vigilância"
de Wikileasks estão acima do simplismo dos "bons países
ocidentais", exportando as suas tecnologias para os "pobres
países em vias de desenvolvimento". Empresas ocidentais
também vendem um vasto catálogo de equipamento de
vigilância para as agências de espionagem orientais.
Nas histórias clássicas de espiões, as agências de
espionagem, tais como MI5, DGSE, colocam sob escuta o telefone de uma ou duas
pessoas que interessem. Durante os últimos 10 anos a vigilância em
massa tornou-se uma norma. Sociedades de espionagem, como a VASTech, têm
secretamente vendido equipamentos que gravam de forma permanente chamadas
telefónicas de países inteiros. Outros registam a
posição de todos os telemóveis de uma cidade, com uma
precisão de 50 metros. Sistemas capazes de afectar a integridade de
pessoas numa população civil que usa Facebook, ou que tem um
smartphone estão à venda neste mercado de espionagem.
VENDA DE FERRAMENTAS DE VIGILANCIA A DITADORES
Durante a primavera árabe, quando os cidadãos derrubaram
ditadores no Egipto e Líbia encontraram câmaras de escuta onde,
com equipes britânicas da Gamma, os franceses da Amesys, os sul-africanos
da VASTech ou os chineses de ZTE, seguiam os seus mais pequenos movimentos
on-line e por telefone.
Empresas de espionagem, tais como SS 8 nos Estados Unidos, Hacking Team na
Itália e VUPEN na França, fabricam vírus (Troianos) que
invadem computadores e telefones (incluindo iPhones, Blackberry e Android),
assumindo o seu controle e gravação de todos os seus usos,
movimentos e até mesmo imagens e sons da sala onde os usuários
estão. Outras sociedades, como a Phoenexia da República Checa,
colaboram com os militares para criar ferramentas para análise de voz.
Elas identificam os indivíduos e determinam o seu sexo, idade e
nível de stress e, assim, seguem-nos através de suas "faixas
vocais." Blue Coat nos EUA e Ipoque na Alemanha, vendem as suas
ferramentas aos governos de países como China e Irão para impedir
os seus dissidentes de se organizar pala Internet.
Trovicor uma subsidiária da Nokia Siemens Networks, forneceu ao governo
do Bahrein tecnologia de escuta que lhe permitiu seguir a pista do defensor
dos direitos humanos Abdul Ghani Al Khanjar. Foram mostrados detalhes de
conversas a partir do seu telefone pessoal, que datam de antes de ter sido
interrogado e espancado durante o inverno de 2010 e 2011.
EMPRESAS DE VIGILANCIA PARTILHAM AS SUAS BASES COM ESTADOS
Em Junho de 2011, o NSA inaugurou um sítio no deserto de Utah para o
armazenamento para sempre de terabytes das bases de dados tanto americanas como
estrangeiras, a fim de poder analisá-las em anos futuros. Toda a
operação teve um custo de US$1,5 mil milhões.
As empresas de telecomunicações estão dispostas a revelar
as suas bases de dados dos seus clientes às autoridades de qualquer
país. Os principais noticiários mostraram como, durante os
confrontos em Agosto na Grã-Bretanha, a Research In Motion (RIM), que
comercializa as Blackberry, propôs ao governo identificar os seus
clientes. RIM tem estado envolvido em negociações semelhantes com
os governos da Índia, Líbano, Arábia Saudita e Emirados
Árabes Unidos, propondo-lhes compartilhar as suas bases de dados
extraídas do sistema de mensagens do Blackberry.
TRANSFORMAR AS BASES DE DADOS EM ARMAS PARA MATAR INOCENTES
Existem muitas empresas que comercializam actualmente software de
análise de bases de dados, transformando-os em poderosas ferramentas
utilizadas por militares e agências de espionagem. Por exemplo, em bases
militares dos EUA, pilotos da Força Aérea usam um joystick e um
monitor de vídeo para pilotar os "Predator", aviões
não tripulados durante as missões de vigilância no
Médio Oriente e Ásia Central. Estas bases de dados estão
acessíveis aos membros da CIA que se servem delas para lançar
mísseis "Hellfire", sobre os seus alvos.
Os representantes da CIA têm adquirido software que lhes permite
instantaneamente correlacionar os sinais de telefone com faixas vocais para
determinar a identidade e a localização de um indivíduo. A
empresa Intelligence Integration Systems Inc. (IISI), sediada no Estado de
Massachusetts (EUA), vende software para esse fim – "análise
com base na posição",– chamado "Geospatial
Toolkit". Outra empresa, a Netezza, também de Massachusetts, que
comprou este software com o objectivo de analisar o seu funcionamento, vendeu
uma versão modificada à CIA, destinada a equipar aviões
pilotados remotamente.
A IISI, que diz ter o seu software uma margem de erro de 12 metros, processou a
Netezza para impedir a utilização deste software. O criador da
sociedade IISI, Rich Zimmerman, disse a um tribunal que ficou "chocado e
surpreso com o fato de que a CIA teria um plano para matar pessoas com o meu
software, que nem funciona."
UM MUNDO ORWELLIANO
Em todo o mundo fornecedores mundiais de instrumentos de vigilância em
massa ajudam as agências de espionagem a espiar os cidadãos e os
"grupos de interesse" em larga escala.
COMO NAVEGAR PELOS DOCUMENTOS DE "UM MUNDO SOB VIGILÂNCIA?
O projecto "
Um mundo sob Vigilância
" da Wikileaks revela, até ao pormenor, as empresas que
estão fazendo milhares de milhões na venda de sistemas refinados
de vigilância para os governos, ignorando as leis de
exportação e ignorando de forma sobranceira que os regimes a
quem vendem são ditaduras que não respeitam os direitos humanos.
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da página para obter a lista por tipo, empresa, data ou palavra-chave.
29/Dezembro/2011
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