Quarta, 1 de janeiro de 2012
De "Rumo do Brasil"Por Moysés C. Corrêa
J
á está nas principais livrarias o livro recém-lançado de J. Carlos de Assis e Francisco Antônio Doria, resultado de uma colaboração entre um economista político e um físico-matemático que resultou num libelo demolidor do neoliberalismo como o responsável maior pela crise financeira mundial que ameaça as próprias bases da civilização. Enquanto o primeiro autor cuidou de desnudar o jogo de interesses por trás da economia política que levou à crise e tenta se aproveitar dela como um meio de destruir o Estado de bem estar social europeu, o segundo se dedicou a demolir os fundamentos matemáticos do neoliberalismo, aí incluídos os fetiches por trás do modelo de metas de inflação, cuja aplicação pelo Banco Central Europeu provavelmente resultará na implosão do euro e da própria União Europeia.
O livro de 221 páginas tem o selo da editora Civilização Brasileira, com distribuição da Record. Sua principal conclusão matemática é que existem, sim, preços de equilíbrio em mercados competitivos, só que não podem ser calculados: portanto, o modelo de equilíbrio neoclássico não pode ser usado como pressuposto normativo da economia, como faz o neoliberalismo. Já a principal conclusão de economia política é que a crise se efetivou a partir de um descolamento da órbita financeira em relação à economia real, que só se sustentou, por enquanto, pela maciça intervenção dos governos para socorrer bancos num processo que significou a transferência de virtuais prejuízos dos especuladores para sacrifícios reais dos contribuintes e da cidadania.