Segunda, 20 de fevereiro de 2012
Na realidade, tanto FHC como Lula e Dilma praticam a mesma política
econômica neoliberal, que procura ser elogiada pela grande mídia,
fazendo com que a população não questione os rumos de tal política, que
beneficia, em última análise, o grande capital financeiro.
Da "Auditoria Cidadã da Dívida"
A Agência de Notícias da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul
(ALRS) noticia que será realizada Audiência Pública sobre a dívida do
estado com a União. Também já foi protocolada na ALRS a proposta de uma
Comissão Especial sobre a Dívida, semelhante à criada em Minas Gerais,
que no dia 13/2 realizou importante evento, conforme comentado em edição
anterior deste boletim. Estes já são resultados práticos da mobilização
social articulada pelos Núcleos Gaúcho e Mineiro da Auditoria Cidadã da Dívida.
As
mobilizações contra a Crise Global da Dívida ocorrem no mundo inteiro. A
imprensa noticia os protestos em massa ocorridos hoje na Espanha contra
a reforma trabalhista e os cortes de gastos sociais, impostas pelos
rentistas da dívida pública. Na Grécia, a população também se manifesta
contra o acordo do país com os banqueiros, imposto pelo FMI. Este acordo
possui clausulas nefastas, conforme mostra o Comunicado da Campanha pela Auditoria da Dívida da Grécia.
Apesar
da grande imprensa estar caracterizando tal acordo como uma grande
vantagem para a Grécia, que teria parte de sua dívida “perdoada” pelos
bancos (que desta forma aparecem como vítimas da situação), na
realidade, tal acordo significa o aprofundamento das medidas
neoliberais, enquanto os bancos estarão livres de perdas. Isto porque,
conforme mostra recente artigo do Jornal estadunidense “Money Morning”
se encontra em andamento mais uma trilionária operação de injeção de
dinheiro público nos bancos europeus, para compensá-los das perdas
ocorridas com a dívida grega.
Ou seja: quando os bancos sofrem
alguma perda pela crise que eles mesmos criaram, o Banco Central Europeu
imediatamente lhes libera trilhões de euros com prazos a perder de
vista, e juros módicos (cerca de 1% ao ano). Já quando são os Estados
que entram em dificuldades – exatamente por terem salvo os bancos – aí a
história é diferente: o FMI promove empréstimos a conta gotas, sempre
condicionados à adoção sistemática de severas medidas anti-sociais.
Já
no Brasil, o governo procura dizer que não há crise. A grande imprensa
reproduz os dados oficiais acerca de uma suposta situação paradisíaca no
mercado de trabalho, que teria batido recordes de renda em emprego em
janeiro, segundo o IBGE. Tais notícias dão a entender que a atual
política econômica é boa, e não deve ser questionada, apesar de
privilegiar o grande capital financeiro.
Interessante observar que
a propalada renda média real “recorde” dos trabalhadores em janeiro de
2012 (de R$ 1.672,20) foi apenas 10% superior à renda média de 2002 (10
anos atrás), conforme mostra a tabela do próprio IBGE.
A
Tabela também mostra que, durante o governo Lula, tal renda média
permaneceu bem abaixo do valor observado em 2002 (último ano do governo
neoliberal de FHC), tendo apenas superado FHC a partir do ano de 2009. A
partir de então, tal renda média permaneceu em patamares bastante
parecidos com o governo do qual os integrantes do atual governo
caracterizam como “neoliberal”.
Com relação à taxa de desemprego
de 5,5% em janeiro, tal valor decorre de metodologia do IBGE, que é
historicamente criticada pelo DIEESE (Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Sócio Econômicos), pois subestima o desemprego
oculto pelo trabalho precário e pelo "desalento", ou seja, pessoas que
desistiram de procurar emprego pois não acreditam que podem encontrar.
Para termos uma idéia da diferença entre estas diferentes taxas de
desemprego, basta dizer que em dezembro de 2011 - último dado disponível
do DIEESE - esta última instituição estimou uma taxa de desemprego de
9,1%, o dobro da taxa divulgada pelo IBGE (4,7%).
Aplicando-se tal
percentual de 9,1% a toda a População Economicamente Ativa do Brasil
(mais de 100 milhões de pessoas), verifica-se que existem cerca de 10
milhões de desempregados no Brasil, valor equivalente ao dobro do número
de desempregados na Espanha, que enfrenta forte crise.
Em suma:
na realidade, tanto FHC como Lula e Dilma praticam a mesma política
econômica neoliberal, que procura ser elogiada pela grande mídia,
fazendo com que a população não questione os rumos de tal política, que
beneficia, em última análise, o grande capital financeiro.