Quarta, 18 de julho de 2012
Vitor Abdala, repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Os sindicatos dos médicos e dos enfermeiros do Rio de
Janeiro vão entrar com representações no Ministério Público do Trabalho
contra os chips implantados em jalecos de funcionários da
Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Mesquita, da rede estadual de
saúde. A medida adotada pela direção da UPA visa controlar a frequência
dos 150 servidores e evitar o desvio de materiais.
Segundo a presidenta do Sindicato dos Enfermeiros, Monica Armada,
essa é uma atitude arbitrária dos gestores da unidade. “Que país é esse
que as pessoas têm que ser monitoradas por um chip? Qualquer dia estarão colocando um chip
embaixo da pele das pessoas. É uma perseguição às pessoas que estão
trabalhando. E também acho que não vai funcionar efetivamente. Um jaleco
eu posso trocar com você”, afirma Monica.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze, a
medida viola a dignidade da pessoa humana. “Do ponto de vista da
Constituição, o cidadão tem direito à dignidade. Nosso entendimento é
que iniciativas dessa natureza, longe de representar o interesse público
e a melhoria das condições da saúde pública, se assemelham a regras de
regimes autoritários. Não é possível conviver com uma situação desse
tipo”, criticou.
Darze disse ainda que, além de entrar com a representação no
Ministério Público, o Sindicato dos Médicos encaminhará um documento à
Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre a situação.
A UPA de Mesquita, na Baixada Fluminense, é administrada por uma
organização privada chamada Instituto Data Rio, em nome da Secretaria
Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. De acordo com a Secretaria de
Saúde, há uma preocupação de não deixar a população “desassistida” pela
ausência de médicos e outros profissionais de saúde. A tecnologia será
estendida à UPA de Queimados e a duas UPAs de Nova Iguaçu, que também
serão administradas pelo Instituto Data Rio.