Segunda, 2 de julho de 2012
Por
Ivan de Carvalho

Uma única e surpreendente
perda de última hora acabou excluindo da coligação uma legenda que nela entrara
na penúltima hora, o PSC. As negociações iam bem e, de repente,
fracassaram (que falta faz Sherlock Holmes!). O PSC tem relevância, especialmente
por sua ligação com o segmento evangélico.
Foi assim que, depois de chegar a 15 partidos, a
aliança governista liderada pelo PT ficou com 14, o que, em número de legendas,
é um feito admirável. Quanto a um número mais importante, o de eleitores, será
preciso esperar o dia 7 de outubro e, em caso de classificar-se o candidato
petista para o segundo turno, também o dia 28 do mesmo mês.
Infelizmente (mas isso não
é lá tão importante), o candidato Nelson Pelegrino não poderá vangloriar-se de
ter em sua coligação o maior número de legendas entre todas as capitais do
país. Ele tem uma desvantagem de seis partidos em relação ao prefeito do Rio de
Janeiro, Eduardo Paes, do PMDB, que formou uma coligação com 20 legendas, o que
lhe dará mais de 16 minutos em cada bloco de 30 minutos do horário eleitoral
“gratuito” no rádio e televisão.
Quanto a tempo de
propaganda eleitoral no rádio e televisão – o que não foi evidentemente o
único, mas foi um dos principais, senão o principal fator para o enorme esforço
feito para ampliação da coligação, mesmo com inclusão de algumas siglas de
pouca, duvidosa ou até nenhuma expressão eleitoral –, o candidato do PT em
Salvador disporá de mais de dez minutos em cada bloco, o que é muito mais do
que suficiente para dizer o que tiver para dizer.
O tempo amplo disponível
para a candidatura de Nelson Pelegrino não é só importante para que ele e seus
apoiadores se exibam à vontade ao eleitorado e critiquem os concorrentes. É
importante também porque quanto maior é o tempo de que dispõe, menor é o que
sobra para os demais candidatos a prefeito e seus aliados – ACM Neto (coligação
liderada pelo Democratas), Mário Kertész (coligação encabeçada pelo PMDB e que
recebeu no fim de semana a adesão do PSC) e Hamilton Assis (coligação liderada
pelo PSOL, com PSTU e PCB) – falarem bem de si mesmos e mal dele ou até para
replicar a críticas que sofram. Voltando ao PSC: fez convenção no fim de semana
e a executiva municipal recebeu autorização para decidir sobre coligação com o
PMDB. A executiva confirmou ontem a coligação.
Independentemente da
candidatura de Pelegrino – embora a beneficie um pouco na questão de tempo de
televisão e rádio –, a decisão do STF de que o PSD (nacionalmente presidido
pelo prefeito paulistano Gilberto Kassab e na Bahia pelo vice-governador Otto
Alencar tem direito a tempo de propaganda eleitoral “gratuita” no rádio e
televisão proporcional ao número de integrantes de sua bancada na Câmara dos
Deputados tirou o partido de um grande sufoco. Não só para as eleições deste
ano, como para as eleições gerais de 2014. E lhe deu força. Tanto em nível
nacional, quanto estadual e municipal. Deixou de ser o patinho feio. Agora é um
partido de médio porte com todos os direitos que tem um partido assim. Para o
PSD, acabou a discriminação.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta segunda.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano